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tens algo a dizer? A Minha sopa. Olá. Quem sou eu? Sou o cara da sopa. Já nem sei mais se sou um cara normal. Sou, com certeza, um cara comum, mais um. Acho que já não posso ser considerado muito novo, não cozinho mais na primeira fervura, mas também não sou muito velho ainda. Pelo menos pensar isso é agradável. As idéias, as de hoje pelo menos, ainda estão na cabeça. As de ontem não sei onde foram parar. Apesar de ser interessante acreditar que escrevo porque me dá prazer, já penso que escrevo quando me sinto sozinho. Apenas mais uma mídia. Estou em algum lugar, que não vem ao caso e neste momento posso estar, ou não, comendo sopa. Prove e me diga o que pensas. Mas vá com calma que a sopa pode estar quente, ou fria, ou não ser do seu agrado. Seja camarada. E lembre-se, é sopa, só sopa, nada mais. Não estrague o seu dia por causa da sopa. B Um aviso: A resposta é não. C Outras sopas C2 Estágio probatório de sopas
D Sopas passadas 03.2004 04.2004 05.2004 06.2004 07.2004 08.2004 09.2004 10.2004 11.2004 12.2004 01.2005 02.2005 03.2005 04.2005 05.2005 06.2005 07.2005 08.2005 09.2005 10.2005 12.2005 06.2006 06.2007 10.2008 09.2011
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quinta-feira, março 25, 2004QUANDO FIZERAM SOPA DE MIM
Por duas vezes já fizeram sopa de mim, sem que eu tivesse força para lutar contra, sem poder deter a faca que me fatiava como aquelas cenouras que o jacaré fatiava nos desenhos do pica-pau. Era sopa de pica-pau. Eu assistia passivo e ria. E assim, mais tarde, fizeram sopa de mim. Eu não consegui rir. Nem rio agora. Ironias. Não visitei nenhuma tribo canibal, não. Fizeram pior. Quando fazem sopa com a gente o sofrimento é dobrado e incrivelmente a gente acaba sendo forçado a comer a iguaria. Tudinho. Até inclinar o prato. E digerir. O propósito disso, deve ser desígnio Dele, e compreende daqueles ensinamentos que ficam para a vida toda. Depois que fazem sopa com a gente, que fervem até amolecer a carne, que temperam com lágrimas, a gente muda. Demora, mas muda. Nas duas vezes que fizeram sopa de mim eu reagi do unico jeito que sabia: gritando, esperneando e me punindo às escondidas. Reações estranhas que desenvolvi em algum momento dessa vida, em algum ponto em que aprendi (talvez erroneamente) que ser homem é não reagir assim. Pelo menos não em público. Então a pose de forte sempre chega antes. As lágrimas da criança depois, no escuro de mim mesmo, às escondidas. O sabor foi sempre amargo, e quando lembro, ainda posso sentir o desagrado no dorso da lingua. Mas a sensação de ter sobrevivido não tem preço. Nas próximas vezes que quiserem fazer sopa de mim, vou ser menos resistente. Afinal, depois que tudo passa, a gente vê não o resultado tão ruim assim. Talvez por isso, quando disserem que você não cozinha mais na primeira fervura, tome como um elogio. Quer dizer que já fizeram sopa com você e você sobreviveu. Ficou com um gosto amargo?
Esta sopa ficou pronta às 4:21 PM
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