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domingo, julho 25, 2004

NOTÍCIAS

Bom, começando pelo começo...
Essa foi uma semana que, sem nenhuma dúvida mudou a minha vida.
Às vezes a gente acha que a vida é boa, que as pessoas são felizes e boas, que algumas pessoas são más, mas e que as pessoas más acabam levando a pior, no fim das contas.
É conveniente a gente achar isso. Muitas destas coisas são verdade, a verdade mais pura. A vida é realmente maravilhosa, o maior presente de Deus para cada um de nós. Os amigos, o amor. 
Achar que o mau-caratismo não leva ninguém adiante, achar que tudo na vida tem uma consequência e acreditar piamente que a vida é um eco é bom. E a vida é um eco, mas é eco de vida, eco de energias, eco de coisas boas, não é eco de coisas ruins. Mas consequências ruin, coisas desagradáveis, acontecem para pessoas ruins e para pessoas boas, você já deve ter observado isso.
Tudo na vida, tudo mesmo tem um lado bom, sempre. A diferença está em como a gente encara os probelmas. Acreditem nisso. Eu constumo viver a vida assim, vendo o lado bom, fazendo piada com as atribulações, rindo da desgraça. É o meu jeito, sou assim. Sei que muitas pessoas gostam de mim, sei que outras não gostam, mas isso não estraga mais o meu dia como estragava antigamente. E agora, eu não estrago meus dias mesmo. Quem me conhece - ao vivo, ou um pouco melhor pela internet sabe disso. Sabem que minhas crises de mau humor são passageiras - se dissolvem em minutos - sabem que eu tenho essa mania irremediável de achar graça nas coisas mais bestas e de rir o tempo todo, como um bobo.
Certamente a minha característica mais marcante é o sorriso sempre pronto, gratuíto e às vezes até inoportuno. Meus amigos hão de concordar comigo nessa. 
E é isso que eu sou, um cara positivo demais, que sempre acha que tudo vai dar certo e que mesmo nas crises consegue se centrar e ver uma oportunidade, ou, quando isso não é possível, um cara que consegue acreditar que vai passar, e que com toda crise vem, pelo menos um ensinamento.
Claro que eu sou assim agora, mas antes eu já sofri, já me escabelei, já me deseperei. Mas com cada crise eu aprendi um pouquinho, e de pouco em pouco fui formando o cara que eu sou hoje. Acredito que quando a gente aprende algo, sejá lá como for, qualquer sofrimento vale a pena. E vale mesmo.

Nos últimos dias eu tentei várias maneiras diferentes de dizer isso que eu tenho pra contar para vocês hoje, para diversas pessoas diferentes, de diversas maneiras diferentes, mas sinceramente, ainda não encontrei um jeito fácil, simples, conciso e tranqüilo. Simplesmente não dá. Acho que não tem jeito bom. E não dá por um motivo simples: pelo estigma que essa doença tem. Sim, uma doença. Vocês devem estar pensando o que será e eu não vou fazer mais rodeios pra dizer que eu, aos vinte e oito anos de idade, estou com câncer.

Eu sei, eu mesmo, que já sei da notícia há exatos seis dias, quando reli o parágrafo acima me assustei... mas respirem fundo que o susto passa.

E eu estou me sentindo bem, e saibam, desde agora, que eu não vou morrer. Eu sei disso e Deus sabe disso. Essa doença me escolheu, e me chamou para a briga, e como não sou covarde, eu vou encará-la. Tanta gente já encarou, tanta gente continua lutando, tanta gente ainda vai lutar contra ela. E assim é a vida. A vida, ouviram?

Sempre que se fala a frase "eu tenho câncer", as pessoas ficam chocadas, mudas e atônitas. É inevitável. Mas eu não quero reagir assim, e não vou pensar em câncer como alguma derivação da palavra morte. Eu quero sim, que cada um de vocês entenda, assim como eu entendo, desde agora, que câncer não é sentença nenhuma. É uma luta, isso sim, é uma barra, isso sim, mas não é morte. E não vai ser dessa vez. Vocês vão ver.

Lance Armstrong, o ciclista que hoje mesmo venceu o Tour de France pela sexta vez, de forma inédita, é um sobrevivente de câncer assim como eu. Sim, um sobrevivente. Lance acredita que a partir do momento em que você é diagnosticado você passa a ser um sobrevivente, e é assim que se ganha essa guerra. Com certezas, certeza de que você vai sobreviver, com confiança e com uma coisa que eu tenho de sobra: otimismo. (E claro, uma ótima equipe médica.) 

Me inspiro também numa amiga que há anos luta contra isso e tem vencido, a cada dia essa batalha. A força, a perseverança e o otimismo dela agora fazem mais sentido para mim e eu me orgulho dela ainda mais do que me orgulhava antes. O nome dela é Paula e quem a conhece, sabe como ela é uma vencedora. A Paulinha também é uma sobrevivente. E é um grande exemplo prá mim, hoje, ainda mais.

Voltando ao Lance Armstrong, ele diz na sua autobiografia: "Pessoas boas, fortes, tem câncer e elas fazem tudo pra sobreviverem e ainda assim morrem.
Essa é a verdade essencial que você aprende. As pessoas morrem.
E depois que você aprende isso todos os outros problemas se tornam irrelevantes.
Eles se tornam pequenos."

E essa é a primeira lição que eu aprendi agora que sou um sobrevivente: Nada vale nossa raiva, nossa ira ou nosso mau-humor.
Nada.
Muito poucas coisas na vida são reais problemas. E isso é fato.

A segunda coisa que veio de aprendizado, já agora, é consequência direta do resumo que a gente faz da vida da gente quando sabe que tem câncer. Porque inevitavelmente, depois do choque e de alguns questionamentos que se faz movido ainda pelo medo, a gente acaba olhando para trás, buscando as pessoas, pensando na família, nos amigos, nos amores. E daí a gente aprende a fazer a pergunta certa e única.
"E se eu sobreviver, qual é a minha finalidade na vida?"

E desta pergunta advém todas as novas posturas, e surge um novo cara que sabe que tem muito a aprender com cada uma das pessoas que passam pelo seu caminho. Aprender e ensinar. Mas muito a aprender. E eu vou aprender com o câncer, eu sei. Depois do momento em que eu recebi aquele diagnóstico nasceu um outro cara, e esse cara é o guerreiro que vai enfrentar tudo isso.

Eu tenho um bocado de coisas a encarar a partir de agora, e não sei dizer se estarei mais ou menos presente aqui no blog. Mas eu, como já disse, estou pronto pra essa guerra e já me considero vitorioso: por estar fazendo as coisas certas, confiando num desfecho bom e tentando tirar o melhor aprendizado de tudo isso.
E eu vou acabar o post com mais um trecho traduzido (versão livre) da biografia do Lance Armstrong, que está sendo uma grande inspiração pra mim nesse momento, principalmente porque ele teve, há oito anos atrás, o mesmo tipo de tumor que eu tenho:

"Pessoas morrem. A verdade é tão perturbadora que fica até difícil de articular. Porque a gente segue adiante então? Porque não paramos e nos deitamos todos aqui mesmo? Mas existe uma outra verdade, também. Pessoas vivem. É uma verdade como a primeira, mas oposta.
As pessoas vivem, e vivem das maneiras mais fascinantes. Quando eu estava doente, eu vi mais beleza e triunfo e verdade num único dia do que em qualquer uma das minha provas no ciclismo - mas eram momentos humanos, e não milagres. Eu conheci um cara num terno acabado que revelou-se um grande cirurgião.
Eu fiquei amigo de uma enfermeira que trabalhava demais chamada LaTrice que cuidou tanto e tão bem de mim, de forma que aquilo só poderia ser o resultado de uma afinidade muito profunda.
Eu vi crianças sem sobrancelhas ou cílios, com os cabelos queimados pela quimioterapia mas que lutavam com o coração de campeões.
E eu ainda não entendo completamente o que aconteceu."



 

Esta sopa ficou pronta às 8:53 PM

 

terça-feira, julho 20, 2004

SUPÉRFLUO

Um dia a gente aprende o que é importante. E partir daí o resto, é resto.
 
No momento, isto aqui é o resto. Então até depois.

 

Esta sopa ficou pronta às 2:37 PM

 

domingo, julho 18, 2004

FICÇÃO: CONTAS OU PONTAS

"Quando ela ouviu a sirene do alarme de incêndio e abriu os olhos, o arrependimento lhe bateu. Ela tinha ouvido um estrondo algum tempo atrás e percebera que o calor lhe fazia suar em bicas em meio aos lençóis que ainda teimavam em cobri-la, mas ela não imaginou que o estrondo fosse ali, na casa dela. E também não se ocupou de questionar o calor excessivo que fazia naquele dia de Janeiro, em que a neve se acumulava lentamente na pequena janela que trazia o pálido sol da tarde atá a sua cama.
Ou não deu atenção o suficiente.
Sem coragem de olhar para o relógio ela levantou da cama e saiu recolhendo as roupas espalhadas que formavam uma trilha até a porta de entrada da casa. Durante o trajeto ela começou a pensar - com os poucos neurônios que agora acordavam - que aquele calor todo não podia ser normal. No hall de entrada ela olhou o mostrador da calefação e reparou que a alça do seu sutiã estava pendurada ali, e mostrava que mais uma vez ela tinha chego em casa com frio e mudado a regulagem da temperatura, transformando a casa numa sauna seca.
A campainha tocou em instantes e quando ela espiou pela fresta da porta e deu de cara com o superintendente, o arrependimento pelos excessos da noite anterior - os que ela recordava, agora, em flashes - se travestiu de vergonha da mais pura. Ele olhou para ela como se já soubesse do que se tratava e solicitou, sem muita paciência, que ela desligasse o sistema de aquecimento que mais uma vez havia causado uma explosão na caldeira do prédio. Ele avisou que infelizmente aquele conserto seria incluído no próximo aluguel dela, conforme combinado, e que esperava que dessa forma ela se tornasse mais atenta. Ficara óbvio, pela cara amassada, os cabelos desgrenhados e a pilha de roupas amassadas na qual ela estava abraçada, que a causa da desatenção era o 'barril' de álcool que ela havia ingerido na noite anterior. E isso que o superintendente não ouvia a performance particular que o Olodum fazia dentro da cabeça da menina, apesar de ele ter reparado que que ela comprimia os olhos numa expressão de dor a cada palavra que ele dizia.
Esta foi, segundo ela mesma, a pior enxaqueca pós-porre em uma sexta-feira. Em Janeiro.
Mas mesmo assim, parecendo uma doida seminua em dia de faxina ela estava linda. Desde pequena ela sempre teve e um charme, uma pose e uma delicadeza que faziam com que mesmo nas situações mais absurdas ela causasse admiração por sua simples presença. Talvez por isso, sempre lutara para mostrar que era profissionalmente competente, e que não dependia do seu visual para conquistar o mundo. Fora para Nova York a fim de mostrar isso,, segundo ela numa terra estranha e cheia de mulheres maravilhosas.
Depois de fechar a porta e desligar a calefação ela reparou no bilhete que ela mesma tinha escrito e colado com fita adesiva vermelha acima do botão da temperatura, no último dia em que a sauna funcionou durante dez horas, vitimando o seu pequeno vaso com trevos que ficava na janela da sala, ao lado da saída de ar, e transformando-o em materia prima para pout-pourri. O bilhete dizia: NÃO AUMENTAR A TEMPERATURA, MESMO QUE VOCÊ ESTEJA BÊBADA DE NOVO!
Aquilo já tinha acontecido várias vezes, durante vários invernos. E algumas vezes, nos poucos meses que durara aquele inverno de 2004. Ela chegava em casa bêbada, morrendo de frio depois de ter perambulado sem rumo pelas ruas de Nova York durante horas, nas suas noitadas intermináveis e ao entrar em casa, descordenadamente, girava o botão até a temperatura máxima enquanto tirava o sutiã e pendurava ali no botãozinho. Era como se fosse um ritual. E ela achava a cena sensual, mesmo que estivesse chegando em casa sozinha - como fazia há meses. Ela se imaginava muito independente por poder deixar tudo atirado pela casa,controlar sua própria calefação e pendurar sua lingerie onde bem entendesse. Quando bebia, ela perdia o senso, o bom e o ruim...
Depois de tomar um banho, dois comprimidos para enxaqueca e de organizar a bagunça, ela aproveitou que ainda tinha alguns minutos antes de sair para o trabalho, serviu uma xícara de chá verde e foi colocar a correspondência em dia. Parecia até outra pessoa.
Lembrou que fazia quase um mês que Sam não escrevia e ela estava curiosa pelas novidades de São Paulo. Por algum motivo, mesmo depois de já ter passado dez anos fora, longe dos amigos, ela sentia uma necessidade imensa de manter-se informada sobre a vida de cada um deles. Os amigos simbolizavam tudo que ela tinha de melhor e faziam com que aquela independência conquistada a tanto custo e que ela valorizava com tanta energia se tornasse um pouco mais concreta, um pouco menos solitária e ligeiramente sensata. Sam era a correspondente oficial, e fazia seus relatórios com muito bom humor e sempre gabando-se de não estar fazendo fofoca, apenas relatando fatos.
Enquanto tomava o chá e separava as contas das propagandas, lembrou que estava com trinta e dois anos e esse pensamento fez com que ela parasse de remexer a correspondência e olhasse perdidamente, com um olhar parado e meio fora de foco, para seus cabelos que tocavam de leve a conta do telefone. Lembrou de Sam, dos velhos amigos de quem ela sabia tudo mas que raramente escreviam, lembrou dos novos amigos de Nova York, alucinados, apressados e distantes, lembrou do pequeno hamster, seu companheiro nos primeiros meses na grande maçã, e que ela dera de presente ao menino sueco, filho do vizinho de cima, que lembrava o filho de Sam, que ela nunca vira ao vivo.
Por alguns segundos ela se sentiu melancólica mas quando focou o olhar e percebeu uma ponta dupla num dos fios do seu cabelo, deu um pulo e um pequeno grito histérico com sua voz rouca, e correu desabaladamente para o banheiro para pegar uma tesoura, a solução de silicone e consertar aquele desastre antes que fosse tarde."

 

Esta sopa ficou pronta às 1:38 PM

 

sexta-feira, julho 16, 2004

FICÇÃO: BATATA FRITA

"O sinal estava vermelho, o carro parado ali na sua frente parecia que ia derreter-se e sumir, escorrendo pelo bueiro na forma de uma geléia prateada, sob o sol escaldante que se multiplicava nos vidros espelhados dos prédios ao redor. O telefone caiu no chão quando aquela onda lhe atingiu e seus braços perderam a força. A multidão ao seu redor, ansiosa, respirava em uníssono e protestava contra o calor sem dizer uma única palavra. Até falar estava difícil naquele dia. O ar pesava e a visão dos pés tocando o asfalto amolecido era torturante. A madame dentro do veículo parecia alheia ao sofrimento dos pedestres enquanto esperava pacientemente pela abertura do sinal. O tempo parecia parado naquela sexta-feira às três da tarde. A luz verde encheu de alívio a pequena multidão que se aglomerara na esquina aguardando o tempo, que para ele não mais passava, passar. A madame acelerou e desapareceu numa esquina qualquer. Ele ficou ali, parado, sem se dar conta de que o sinal já estava fechado novamente. O olhar fixo no chão deixava transparecer um nada tão grande, um vazio tão avassalador que chegou a lhe fazer estremecer. As pequenas formigas que lutavam para carregar um framento de batata frita em direção a uma fresta na calçada seguiam seu percurso arriscado, entre os pés das pessoas, em seu passo lento. O trabalho dos diminutos insetos negros passou desapercebido em frente aos olhos dele, assim como passou o segundo grupo de pessoas que atravessou a avenida assim que o sinal abriu pela segunda vez. Nem o esbarrão que o executivo apressado lhe deu por acidente, seguido de um automático e desinteressado pedido de desculpas lhe tiraram do transe. Era claro que ele não estava ali, mas ninguém percebia isso. Ninguém percebia ninguém. Ninguém percebia. Cada qual seguia seu passo apressado, seu ritmo frenético de final de maratona. O único objetivo de cada um daqueles seres era terminar a semana e só. O fragmento de batata frita desapareceu na fresta entre as pedras amarelas do cordão da calçada. Ninguém viu, muito menos ele. A dor era grande demais e ele estava fechado para o mundo que seguia. Ficou ali sentindo tudo sozinho, impassível e alheio a qualquer estímulo externo. O reflexo do sol na pintura branca sobre o asfalto iluminava seu rosto inexpressivo. A brisa morna fez com que os cabelos finos que lhe cobriam os olhos revoassem e apontassem o céu, como que num aceno, um inútil pedido de ajuda. O telefone no chão tocou novamente. Não houve reação. A primeira lágrima verteu e desprendeu-se da ponta do seu nariz bem desenhado percorrendo lentamente o ar denso daquela tarde indefinida. A lágrima tocou o solo, evaporando-se no ar em segundos como se a dor de um homem pudesse também ser ignorada pelo somatório de fatores que transformam o cotidiano em algo mosntruosamente arrebatador.
O dia mais triste de sua vida havia chegado e ele não sabia como conseguia manter-se, ainda, de pé."      


 

Esta sopa ficou pronta às 3:15 PM

 

quinta-feira, julho 15, 2004

EU NUNCA ENTENDI...

...muito bem essa tendência (argh) de rua, que mistura um pouco de cultura hip-hop 'over the top' e mais um bocado de exageros e forma uma criatura modelo 'carro alegórico'. A definição apareceu agora (pelo menos para mim) e chama-se 'chav'. Nasceu na Inglaterra pra definir o estilo da classe-média-baixa-branca que é obcecada por marcas, ouro, brilhantes e celebridades... O siteChavScum dá uma idéia da coisa, com fotos das celebridades que ispiram a onda e dos acessórios indispensáveis, como o horrendo boné da Burberry, os agasalhos de plush da Jennifer Lopez e as correntes de ouro. Eu continuo não entendendo, mas pelo menos agora o 'estilo' tem nome...

No site voce pode criar os nomes de seus filhos (?) na cultura chav. Ou seja, se meu sobrenome fosse Smith, minha filha chav se chamaria Melanie Candice Smith, ou Janine lara Smith... dependende quantos click voce da ele te sugere novos nomes. Se fosse menino seria Kevin Keanu ou Lee Keanu Smith. Quem le isso, pensa que eu não tenho o que fazer...

Sonho: sonhei que jogava golfe e quando 'tacava' (?) a bola em direção ao buraco (muito longe) percebi que a bola foi cair numa casa onde caiam todas as bolas de golfe perdidas do mundo... Voces nao imaginam a quantidade, tinha de todas as cores e tamanhos (?) e inclusive bolas que não eram bolas. Eram pequenas estátuas e esculturas.

E um amigo, vivia do aluguel da St. Paul's Cathedral em NYC que uma irmã dele administrava... Isso no mesmo sonho, porque você sabe que golfe é um jogo que permite muitas conversas. Assim como baseball. Detalhe: No meu sonho chovia muito. E eu jogando golf, e aquelas bolas todas... Tinham bolas tao antigas nesse lugar que a dona da casa (onde as bolas caiam) tinha colocados plaquinhas com o ano em que elas cairam ali para as pessoas identificarem as suas. Nonsense total.

 

Esta sopa ficou pronta às 2:30 PM

 

terça-feira, julho 13, 2004

O ESPASMO

Eu estava na casa da praia. Cheguei do trabalho num fim de tarde e `a primeira vista nao encontrei meu cavalo. Depois vi que meu irmao vinha com uma noticia ruim, fiquei nervoso. Meu cavalo estava dormindo e fora acordado abruptamente por algum desavisado. Em consequencia, sofrera um espasmo e estava muito mal. Meu proprio cavalo estava `a beira da morte por causa de uma situacao absurda, algum desinformado que nao sabia que nao se pode acordar cavalos adormecidos. Embaixo da mesa pude ver o pobre animal sofrendo, como se estivesse tendo uma caibra horrivel. Deitado e encolhido ele me observava como quem pedia ajuda desesperadamente mas silenciosamente. O restante da noite foi em busca de ajuda, de um veterinario que entendesse do assunto, de uma solucao para a dor do bichinho ja que a hipotese de sacrifica-lo estava fora de cogitacao. A angustia tomava conta de mim e a responsabilidade por tomar uma decisao definitiva me assolava. A cada nova opiniao, mais claro ficava que a melhor solucao era sacrificar o pobre.

Aos poucos comecei a me dar conta de que eu na verdade nunca tinha dado um nome ao cavalo. Ele era branco, com cascos pretos e postura imponente. Mas nao tinha nome. Depois vi que o fato de o cavalo estar deitado embaixo da mesa, por mais doente que estivesse, era estranho. Adormeci entre esses pensamentos.

Fui acordado pela luz do sol na janela e percebi que estava atrasado para a largada da maratona. Desisti de minhas divagacoes, calcei meus tenis e sai em direcao a largada. Corri os primeiros cinco kilometros sem pensar em nada alem do cavalo e talvez por isso tenha me distraido e saido da rota, tendo chegado na linha de chegada antes do primeiro colocado. Quis disfarcar e fingir que nao estava participando, mas a camiseta com o numero na frente e o logotipo da maratona nas costas me denunciava. Estranhamente eu tinha as duas maos ocupadas. Eu queria largar aqueles objetos mas nao tinha uma mesa sequer ao meu alcance. Comeco a achar tudo muito estranho. Nao consigo identificar o que sao aqueles objetos, talvez pela estranheza que me causem. Alem disso eu nunca tinha corrido uma maratona e acabara de correr minha primeira (ou parte dela) sem dar muita importancia ao evento. Continuava absorto na ideia de sacrificar o cavalo. Olhei para as minhas maos e vi que empunhava um prato de louca branca quadrado e um garfo de aco inox escovado muito bonitos.

Era o que eu precisava. Abri os olhos e consegui entender quase tudo desse sonho cheio de vestigios do dia anterior: Minha corrida diaria, as funcoes do casamento (incluindo as ideias de loucas e talheres...), as decisoes dificeis. O sol que entra pela minha janela e quase me tira do sonho as cinco e meia da manha. So nao achei explicacao para esse cavalo branco que eu nunca tive.

 

Esta sopa ficou pronta às 1:32 PM

 

AS CIDADES INVISÍVEIS

Dia que me deixou cansado, apesar de eu ter feito tudo que devia, incluindo uma excursão noturna - depois de ter ido à academia, lavado roupa e corrido na pista do lago - até a FedEx pra buscar uma encomenda que ia ser despachada de volta para o remetente se eu não pegasse. Mas enfim deu tudo certo e cá estou. Cansado e só colando um texto que eu sempre achei muito verdadeiro e que cruzou o meu caminho hoje novamente. Compartilho:

"O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui; o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço."

Personagem Marco Polo, em As Cidades Invisíveis de Ítalo Calvino.

Boa noite, bom dia!

 

Esta sopa ficou pronta às 12:50 AM

 

sexta-feira, julho 09, 2004

SOPA PARA O CORAÇÃO, NOVE ANOS DEPOIS

Você lembra do filme de 95, com os jovens Ethan Hawke e Julie Delpy, sobre o casal que se conhece no trem que vai de Budapeste a Viena? Quem viu lembra dos diálogos fascinantes, da história em tempo real e do compromisso de se encontrarem de novo em Vienna seis meses depois.

Pois bem, saiba que Jesse e Celine se encontram de novo, nove anos depois, em Paris, e agora, mais maduros, nos presenteiam com uma sequência cheia de lirismo, e de variados diálogos pela ruas de Paris. Entre explosões de sentimentos, dúvidas, angústias, idéias partilhadas e memórias eles compartilham com a platéia um bocado de coisas boas, de sentimentos, muitos sorrisos, nós na garganta e até mesmo lágrimas. A história gira em torno das dúvidas e idealizações que cada um fez sobre o outro e que depois de nove anos parecem ter se perdido nas curvas da vida.

Mas será que existem mesmo curvas que nos tiram do rumo? Será que as pedras no caminho nos desviam do nosso destino? Prepare sua caixinha de lenços e e vá ao cinema assitir Antes do Pôr-do-Sol (Before Sunset). Só isso.

 

Esta sopa ficou pronta às 7:01 PM

 

TOTALMENTE BAIRRISTA (LEIA COM SOTAQUE DE PORTO ALEGRENSE)

Bah, essa fez o meu dia. Quando o Rib's fechou eu fiquei muito de cara, tri-indignado. Mas agora, via orkut, acabo de descobrir que tem uma comunidade que se chama 'Tributo ao milk shake do Rib´s' e lá na comunidade, meu velho, descobri o ouro do besouro: o milkshake do Rib's ainda existe sim, a máquina da Hamilton Beach, as receitas originais e os mesmos funcionários da loja da 24 de outubro estão lá na zona norte, meio mão de ir, mas o milkshake de chocolate do Rib's vale qualquer distância. Em agosto, quando for a Poa, já tenho uma parada certa. E aos interessados, aí vai:

The Best Food
Strip Center Assis Brasil
Av Assis Brasil 4320 loja 5
Fone: 3340-4055
Horário tele-entrega: 12h às 22h

Caraca, essa descoberta foi show!

 

Esta sopa ficou pronta às 12:11 PM

 

quarta-feira, julho 07, 2004

PARIS E NICOLE

Tem coisas na vida que não acrescentam nada para a nossa capacidade intelectual, como quase tudo na televisão, mas que muitas dessas coisas nos divertem um bocado, isso é inegável. O seriado The Simple Life 2 com a Paris Hilton & a Nicole Richie é hilário, tô dando barrigadas de tanto rir aqui com as moças. Imperdível. Tô pensando seriamente em comprar o DVD quando sair. Só duas fúteis e vivas no meio da caipirada pra coroar com gargalhadas o meu dia pesadinho. E fico por aqui. Boa noite pra vocês.

 

Esta sopa ficou pronta às 10:31 PM

 

TU, TU, TU, TU, TU...

Nao e esse o som que a gente ouve quando o telefone ta ocupado? Pois 'e eu to ocupado demais e por isso o blog fica pra depois. Agora dei uma escapadinha e vim aqui pro lado de fora da prisao (sim, estou trabalhando num lugar que parece uma prisao de tao seguro. Nem internet tem ali dentro) pra dar uma olhada na vida, nas noticias e checar os e-mails... E agora, voltando pro carcere auto-infringido.

tu, tu, tu, tu, tu, tu...



 

Esta sopa ficou pronta às 2:10 PM

 

segunda-feira, julho 05, 2004

MORGAN SPURLOCK

Fui, finalmente, ao cinema assistir ao documentário. Aliás , esses foram os dias dos documentários com o "tem que ver" Farenheit 9/11 e o imperdível e de utilidade púbica Super Size Me. Talvez porque trata de uma epidemia, tenha me atraido muito, inclusive na forma como foi editado e montado. Mas além do interesse profissional, a película trata de uma coisa que faz parte, infelizmente, do dia-a-dia de muitas pessoas. O cara que se alimentou do lixo pausteurizado que o McDonald's vende ficou doente, engordou quase 15 quilos em 30 dias e entrou em um quadro de esteatose hepática que surpreendeu os médicos que fizeram seu acompanhamento. As análises e opiniões de especialistas em diversas áreas mostram que até o nem tão malvado McNugget está longe de ser algo aconselhável. Aliás, até as saladas (e seus inocentes molhos) estão ajudando a engordar a população. Ele não fala disso, mas depois de assistir ao filme acho que nem as sopas se salvam. Várias informações são muito valiosas e o abrir de olhos sobre o poder da mídia e do marketing (lobby) na decisão que o público faz sobre o que come. Não sei se o documentário já estreiou por aí, mas aconselho seriamente que quem puder assista. A única ressalva é pela técnica que ele brinca que vai usar com seus filhos quando passar em frente a um McDo (versão francesa): ele diz que vai apontar os arcos dourados e dar um soco na cara das crianças para que eles criem um reflexo condicionado de ódio ao restaurante. Interessante e bizarro... no mínimo.

ps.: Morgan Spurlock é o diretor e realizador da experiência reportada no documentário.

 

Esta sopa ficou pronta às 12:21 AM

 

sábado, julho 03, 2004

DOIS GATINHOS

Estou de babá de dois gatos. As recomendações eram simples. Tire a areia da caixa, coloque areia nova. Troque a água e dê comida. Não dê comida da lata se não quiser que eles façam cocôs muito moles e fedidos... Obviamente a babá anterior não ouviu as recomendações e não deixou as coisas limpas e ontem quando cheguei na casa eles tinham feito uma competição de luta livre dentro da caixa de areia... e pelo fedor e sujeira ao redor eles passaram os últimos três meses comendo comida da lata...

Quando eu entrei na casa já senti o fedor. Os dois (são irmãos, A Juice Girl e o Jimmy Blue) são bebês ainda e tentaram de cara sair da casa quando eu abri a porta distraído enquanto falava ao telefone. Desliga o telefone, cata os gatos e coloca todo mundo pra dentro de novo. Respira e profere em voz alta um "PQP... que fedor". Os gatinhos estavam com os motorzinhos ligados e ronronavam aos meus pés deseperadamente até o momento em que me encaminhei para a caixa de areia onde a tragédia me esperava. Os dois espertinhos me olharam e se retiraram. Impressionante como os bichanos sabem quando fizeram bagunça e passaram dos limites. De meus melhores amigos passaram a me ignorar durante os 20 minutos que se seguiram, enquanto eu limpava a baderna.

Voltaram bem mais tarde, quando tudo já estava limpo, para brincar mais um pouco e ronronar como nunca antes eu tinha visto. Umas gracinhas. Mas rapidamente se interessaram pela vista da janela e me deixaram ir embora. São gatos, e mesmo quando bebês se comportam como gatos. Hoje à tardinha vou lá de novo. Espero que a bagunça não esteja tão grande. Bom sábado à todos.

 

Esta sopa ficou pronta às 1:31 PM

 

MARIA SHARAPOVA

Simpática, inteligente, simples. Jogou um jogão de tênis inacreditável e colocou Serena Williams de joelhos, literalmente. Têm só dezessete anos e pediu desculpas à Serena por ter ganho. Ganhou a platéia com as palavras que proferiu com muito bom humor no final do jogo. Grande menina. Campeã de Wimbledon. Número oito no mundo. E só dezessete anos. Quem viu o jogo sabe o que é uma partida saudável, criativa e muito boa de assitir. Bom para uma manhã de sábado. Numa Wimbledon sem Guga, vamos de Sharapova, a pequena Russa-prodígio.

 

Esta sopa ficou pronta às 11:34 AM

 

sexta-feira, julho 02, 2004

O QUE VOCÊ VAI SER QUANDO CRESCER?

A pergunta tem muitas facetas. Vai de opressora a mágica em instantes. Depende só da gente, de quem ouve. E depende de quando, quando se ouve. Mas depende de mais uma coisa, talvez importante, uma coisa meio indefinida que creio se convencionou chamar de estado de espírito ou ânimo. Mas ânimo tem a ver com alma, 'ânima', e isso não muda. Ou muda?

Quando a gente é pequeno - pequeno em idade, em responsabilidades e expecativas - a pergunta é mágica e a gente nem pensa muito racionalmente antes de inspirar-se e alçar voô a pretensões altamente desconcertantes para o contexto em que vivemos (ou vivíamos) como por exemplo um pequerrucho em Macaé nos anos 50 querendo ser astronauta. E ir morar numa base espacial em Júpiter.

Em outras fases - como por exemplo quando já estamos mais pra lá do que pra cá na direção de um diploma - a simples alusão à idéia de questionar a escolha pode causar em alguns crises de pânico e ansiedade galopante. Mais tarde, no meio da carreira então, quem ousaria, entre uma reunião e outra, ou meia hora antes do final do prazo de entrega de um projeto questionar seus objetivos de vida. Isso é coisa para as férias. Coisas que muitos de nós não vêem ha anos.

Uma vez li - sim, eu estive nas prateleiras de auto-ajuda e sobrevivi para contar - A essencial arte de parar, que fala mais ou menos disso, da necessidade de se traçar objetivos, renovar planos e avaliar percursos. Cogitar a idéia de uma mudança, à primeira vista, pode parecer improvável ou demasiado complicado. Pode até dar medo, mas depois que você deu o primeiro passo as coisas engrenam e as próximas mudanças de percurso serão mais simples e práticas. É como andar de montanha russa: na primeira experiência o frio na barriga e a incerteza assolam a alma e nos demonstram com todos os sinais físicos possíveis que estamos arriscando demais rumo ao desconnhecido. Nas próximas, o frio na barriga continua lá, mas sabemos que vamos sobreviver e que, na boa, o medinho até que é bom.

A pergunta lá de cima até pode ser salgada à primeira vista, mas pode ser facilemte adoçada com um pouco de coragem, um olhar nas nuvens e com aquela parte da gente que nunca deveria se perder por aí: a criança que se permite sonhar, brincar e achar graça na vida.

 

Esta sopa ficou pronta às 1:12 PM

 



SOPA






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