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tens algo a dizer?

segunda-feira, janeiro 31, 2005

HOWARD HUGHES

É... se não der DiCaprio para melhor ator, vai ser dose de engolir. O Aviador é um filmão, daqueles! Kate Blanchett de Catherine Hepburn, na cena do campo de golfe, está memorável! Engraçada, cheia da pose e igual à outra Kate. E tudo mais, e tudo mais no filme é encantador. Os aviões, as músicas, a história, tudo consipra pra algo muito bom, que deixa uma sensação boa, mesmo que seja uma bela ode à um magnata. Kate Beckisale, de Ava Gardner, com olhos azuis escuros mais lindos que o cinema já conseguiu reproduzir, está de deixar qualquer marmanjo, no mínimo, de boca aberta. Ela rouba cena, muito mais pelo visual, e pela similaridade com Ava, do que por qualquer outra coisa, em vários momentos. "You can buy me dinner..." diz ela.

Mas DiCaprio está impecável. Não sei como Howard Hughes era, mas a representação de DiCaprio para o bilionário-empreendedor-diretor-de-cinema-aviador-etc está muito boa mesmo. Acho que o cara se superou. Eu que já fiquei pasmo com o cara mais de uma vez, como em A Praia, e no Agarre-me se puder, fiquei mais uma vez querendo bater palmas no final do filme. Está muito bom mesmo e merece mais do que o globo de ouro. Merece a reverência da elite do cinema americano sim, porque é um grande de um ator!

E de repente o fato de ele ter um Oscar em casa, compensa a tristeza dele por ter que se casar com uma mulher tão feia...

Pobre rapaz!

 

Esta sopa ficou pronta às 1:12 AM

 

domingo, janeiro 30, 2005

VINTE E POUCOS ANOS

After years of expensive education,
a car full of books and anticipation,
I’m an expert on Shakespeare and that’s a hell of a lot
but the world don't need scholars as much as I thought.

Maybe I'll go travelling for a year,
finding myself or start a career.
I could work for the poor though I’m hungry for fame
we all seem so different but we're just the same.

Maybe I'll go to the gym, so I don't get fat,
aren't things more easy with a tight six pack?
Who knows the answers? Who do you trust?
I can't even separate love from lust.

Maybe I’ll move back home and pay off my loans,
working nine to five answering phones.
Don't make me live for my friday nights,
drinking eight pints and getting in fights.

I don't want to get up, just let me lie in,
leave me alone, I'm a twenty something.

Maybe I'll just fall in love that could solve it all,
philosophers say that that’s enough,
there surely must be more. Ooooh

Love ain’t the answer nor is work,
the truth alludes me so much it hurts.
But I’m still having fun and I guess that's the key,
I'm a twenty something and I'll keep being me.

I’m a twenty something.
Let me lie in, Leave me alone.
I’m a twenty something.


Twentysomething - Jamie Cullum

 

Esta sopa ficou pronta às 6:46 PM

 

quinta-feira, janeiro 27, 2005

EU TAMBÉM

"Se o 'Olga' entrasse naquele quadrinho, eu acho que desmaiava no quarto. Mas ficou um gostinho, e esse gostinho eu vou saborear até a minha morte"
JAYME MONJARDIM, diretor, comentando no jornal Folha de S. Paulo a não-indicação de seu longa Olga ao Oscar de melhor filme estrangeiro.


Eu desmaiava também. Ainda bem que viram, mesmo sem entender a língua, que aquela imbecilidade que fizeram com o livro do Meirelles, botando aquela péssima atriz, declamatória e inadequada, no papel principal, e transformando uma grande história numa novelinha das oito, não tinha o direito de representar o cinema brasileiro lá fora.


Update: abaixo comentei que o 'Diários da motocicleta' não concorreu a filme estrangeiro. Walter Salles, explica em nota à imprensa:"É bom lembrar que Diários não podia concorrer a filme estrangeiro (categoria que disputou no Globo de Ouro). Por ter sido filmado em vários países da América Latina, ele foi impedido de representar um só desses países. Mas é justamente isso que dá alma ao filme, o fato de ele ser o resultado do esforço coletivo de brasileiros, argentinos, chilenos, peruanos, mexicanos, uruguaios como Jorge Drexler, ou porto-riquenhos como Jose Rivera".

 

Esta sopa ficou pronta às 1:35 PM

 

quarta-feira, janeiro 26, 2005

GRIPADO

Cá estou eu, gripado, e cheio de trabalho. Escrever...? Naaaa...

 

Esta sopa ficou pronta às 2:13 PM

 

terça-feira, janeiro 25, 2005

OSCAR

Saiu no site OSCAR.com - 77th Annual Academy Awards - Nominees: Nominee List a lista dos candidatos ao Oscar.

Minhas humildes opiniões são:

Agradável supresa ver Catalina Sandino Moreno na lista, pelo bonito Maria Full of Grace. Atores estrangeiros em categorias principais sempre ganham a minha simpatia. E a menina está muito bem no papel da 'mula' do filme. A Kate Winslet levaria o Oscar, se a minha opinião contasse. O Eternal Sunshine of the Spotless mind é um dos melhores filmes do ano, apesar de não estar concorrendo nessa categoria.

Jamie Foxx era uma das certezas, e acho que vai levar pelo Ray, uma das melhores atuações do ano. Mas Don Cheadle e Johnny Depp são boas pedidas. Não vi o aviador ainda, por isso não opino sobre o DiCaprio.

Clint Eastwood? Naaaa....

A Natalie Portmann, que levou o Globo de Ouro pelo Closer, está ali de novo, merecidamente. Ou ela ou Sophie Okonedo, pelo Hotel Rwanda.

Porque será que Os Diários da Motocicleta só concorre com melhor música e roteiro adaptado? Porquê será? Porquê não entrou como filme estrangeiro? Porquê??? Alguém se arrisca a adivinhar? Porcos Capitalistas!!!! Cegos de alma!!!

Melhor filme deve ir pro The Aviator. Pelo tudo que sem tem falado, pelo timing, de lançar o filme agora, nas barbas do Oscar, e retratar a história de um grande bilionário... que se relacionou (porque isso é um blog de respeito) com Ava Gardner e Katherine Hepburn... que foi um pioeneiro da aviação... e que era, hora vejam só: americano! Será que leva?
E, o filminho tem apenas 11 indicações... tadinho.

A pergunta é: Será que Gisele vai pisar no tapete vermelho com DiCaprio dessa vez? E se ele levar o Oscar... será que ele vai mandar beijinho pra ela? Mmmm...

Se não mandar é porque é boiola!

E burro!


 

Esta sopa ficou pronta às 1:08 PM

 

TARDA, MAS NÃO FALHA

Depois de muito trabalho, enquanto assisto ao CSI, meu velho vício, venho aqui escrever um tantinho. Tive idéias hoje. Idéia de escrever um blog diferente, depois de casar. Prá quem não sabe, caso em Abril, para a felicidade geral de pelo menos duas pessoas: ela e eu. E na verdade é só isso que importa.

Pensei em escrever com ela. Talvez aqui mesmo. Vou maturar mais a idéia. Ver no que dá. Será uma fase nova. Emprego novo, casa nova, de volta ao Brasil. Vamos ver como as coisas ficam.

Hoje tomei um chá muito bom. Um Chai de Chá preto com especiarias e chá verde. Muito bom. E orgânico, o que deve querer dizer que não é envenenado como os outros, os não orgânicos... E que deve querer dizer que eu devo ficar com medo dos outros chás... Já estou com medo. Hahahaha.

Isso me lembra que sábado fui jantar num restaurante Tailandês e pedi um chá de gengibre, que parecia muito bom, mas que como vinha adoçado com quase um quilo de açúcar (era denso de tão doce) foi veementemente rejeitado e substituido por um chá verde com jasmim. Coisa muito chique, muito boa. E baratinha. Ah. A comida, como sempre nesses restaurantes étnicos daqui, estava ótima. É incrível como se pode ir a qualquer boteco e comer comida tradicional dos mais diversos países do mundo, bem feita e bem apresentada por um preço ótimo. Não entendo como tem gente que ainda vai no McDonalds ou no Burguer King comer lixo...
Esse negócio de multiculturalismo tem seu lado bom, e na frente de tudo isso está a culinária. Diferente de no Brasil onde se paga os olhos da cara para comer comida que se acha étnica por aqui é tudo bom, bem feito e com preços bem mais que razoáveis... Fui num restaurante indiano em Porto Alegre que nunca ouviu falar de arroz basmati mas que tem pose de bacaníssimo. E o público, felizmente para os proprietários, não tem capacidade de julgamento (aliás, poderia falar horas sobre isso, sobre culinária, paladar e padrões individuais) e acha que é aquilo ali mesmo. A comida é boa, mas não é tradicional. Sei lá o que se passa...

Pensamento intercorrente: Esse CSI é muito bom, mas moer uma pessoa num moedor de carne é pesado...

Caracas, tá super tarde, eu devia estar dormindo. Me vou, até amanhã.


 

Esta sopa ficou pronta às 2:49 AM

 

sexta-feira, janeiro 21, 2005

É BUCHA!

Caraca, acabei de ver um cara pedindo esmola na esquina (tem disso aqui sim) que era, cuspido e escarrado a cara, com focinho e olho azul, do George W. Bush!!! Uma senhora que esperava no cruzamento comigo me olhou e perguntou: Tu viu ele? É igual não? Se bem que seria rápido demais ele já estar aí...

Gostei da piada dela. Coisa rara por aqui. Mas o cara era igual... igual!

Falando em piada, tentei fazer uma piada num seminário quarta-feira e tive que explicar que era piada. Ou sou muito ruinzinho mesmo, ou e este povo não conhece piada.



 

Esta sopa ficou pronta às 6:23 PM

 

CINEMA

Imagino que por ai todo mundo esteja planejando praia, piscina e assemelhados pro fim de semana, mas vi que estão estreiando por ai no minimo dois grandes filmes pra quem realmente gosta de cinema:

"Os sonhadores", do Bertolucci é uma obra de arte, e não pode deixar de visto na telona. Preste antenção nos enquadramentos (especialmente a cena das sombras na escada, bem no inicio do filme), nas brincadeiras com outros filmes (tudo muito frances, e nada hollywodiano, ainda bem) e na beleza hipnotizante de Eva Green. Imperdível. Muito melhor pelo que se vê, pelos olhares e pela capacidade de deixar tudo no ar. Subjetivo e encantador.

O "Perto demais" é um soco no estômago. Os diálogos explícitos são, em alguns momentos, assustadores. Dá vontade de dizer pros atores: "Ok, ok, não precisa mais explicar, já estou satisfeito..." O elenco é ótimo e eu acho que só pela oportunidade de ver a Julia Roberts num texto que eu nunca esperei ver na ala Hollywood do cinema. Muito bom. Além de bonito (visualmente) também. Mas é uma história de diálogos pesados, pra adulto ver. Muito objetivo, muito seco e bem, bem preto no branco. Objetivo e forte.

 

Esta sopa ficou pronta às 2:31 PM

 

"CANTEM ASSIM COMIGO, Ó..."

(pra quem não identificar, favor ler com aquele sotaque arretado!)

Ela - "CANTEM ASSIM COMIGO, Ó......Eu quero as mãos lá em cima, pra gente deixar marcado esse momento..."
Ela e a massa extasiada - "POEIRAAAAAA, POEIRAAAAAA, POEIRAAAAAA."
Ela - "Diga!"
A massa extasiada - "LEVANTOU POEIRA..."
Ela - "Eu quero ouvir mais uma vez!"
A massa extasiadíssima - "...POEIRAAAAAA"
Ela - "Cantando!"
A massa adrenalizada e ela - "POEIRAAAAAA, POEIRAAAAAA.... LEVANTOU POEIRA"
Ela - "Vamos levantar poeira!" TIRA O PÉ DO CHÃO SALVADOR!!!"

Ahhhh, Ivete, Ivete, só você pra me esquentar nessa gélida sexta-feira.

Vim me sacudindo de leve no metrô com a Ivete à milhão nos meus ouvidos. Se acharam que eu era doido? Azar. Agora duvido que alguém tenha imaginado que eu trabalhei até a uma da manhã!

Sim, eu, essa pessoa elegante e descolada, veio pro trabalho ouvindo axé... deve ser o frio que estragou meus circuitos.

Bom dia! boa sexta feira.

A semana foi ótima, estou feliz. Mesmo sem as coxas da Ivete...

 

Esta sopa ficou pronta às 1:39 PM

 

quarta-feira, janeiro 19, 2005

R. E. M.

buck/mills/stipe

I've found a way to make you
I've found a way
A way to make you smile

I read bad poetry
Into your machine
I save your messages
Just to hear your voice
You always listen carefully
To awkward rhymes
You always say your name,
Like I wouldn't know it's you,
At your most beautiful

At my most beautiful
I count your eyelashes, secretly
With every one, whisper I love you
I let you sleep
I know you're closed eye watching me,
Listening
I thought I saw a smile

 

Esta sopa ficou pronta às 5:20 PM

 

QUERER É O QUÊ?

Nem sempre é poder, afinal quero comprar um treco, tenho o dinheiro na mão, e não acho uma loja que tenha. Nem o site da empresa na internet tem. Nem no e-bay. Não tem em lugar nenhum!

Enquanto isso, o frio ameniza mas neva pra dedéu (porque isso é um blog de respeito).

Ontem vi de novo, pela metade, o I am Sam. Que filme!!! Mesmo podre de cansado não consegui ir pra cama antes do filme terminar.
O mesmo efeito me persegue quando assito CSI. Por isso tenho evitado. Principalmente porque minha memória fraca pra seriados, me faz esquecer dos desfechos e eu acabo assistindo às reprises achando que nunca vi aquele episódio...

Bom dia, boa tarde, e até depois.

 

Esta sopa ficou pronta às 12:45 PM

 

terça-feira, janeiro 18, 2005

O TEXTO DO MARCELO FIRPO,

SOBRE O QUAL EU COMENTEI ONTEM
Com a devida autorização do Marcelo (valeu cara), aqui vai:

"SANTIAGO
Em primeira pessoa, de primeira viagem
por Marcelo Firpo
[ 25/03/2004 ]

Por onde se começa um relato desses? Pela manhã do dia, quando o simples fato de se acordar mais cedo do que de costume para se fazer um exame aparentemente desencadeia um processo de parto? Pelo meio-dia, quando, ao chegar em casa, ouço simplesmente a frase "a bolsa rompeu" e me sinto num filme? Pela ida para o hospital, com todas as coisas demonstrando uma nitidez quase insuportável? Ou talvez pelo nascimento propriamente dito, a mão da médica buscando alguma coisa dentro da barriga aberta da Giselle e saindo de lá com essa coisa, vermelha, enrugada, cheia de cabelo e estranhamente familiar? Não sei. Acho melhor começar do começo e ir avançando. Não que faça mais sentido, mas por ser mais fácil mesmo.


De manhã. Em vez de acordar e ir pro meu trabalho, deixando a Giselle e seu barrigão dormindo como tenho feito nas últimas semanas, faço força para acordá-la, obedecendo a um pedido feito na noite anterior. Ela tem um exame marcado para as 9 horas, não deu pra marcar mais tarde. Mais dia menos dia essa criança nasce, então é melhor fazer logo.

A duríssimas penas ela carrega seu barrigão até o banheiro, cozinha, roupeiro, sempre comigo empurrando atrás, vou dar uma carona. Rua. Ao atravessar, ela começa a sentir uma série de contrações. Será que é hoje? Quarta, 3 de março, aniversário do Mojo, bom augúrio. Eu tinha sonhado que ia ser ontem.


Deixo-a na frente do laboratório com as recomendações de sempre, "qualquer coisa, liga."


No trabalho, tenho uns cinco problemas pra resolver, mas não consigo entrar em nenhum deles. É como se eu soubesse que ia ser perda de tempo, que o que quer que eu fosse começar agora não ia terminar mesmo.


Ela liga: "Acho que é hoje mesmo, viu?" As duas mães, minha e dela, já foram chamadas, fico tranqüilo, organizando coisas. Chego em casa depois da uma e a primeira coisa que ouço ao abrir a porta é "A bolsa estourou." Uma suave irrealidade começa a tomar conta das coisas. Munidos de toalhas, descemos e vamos até o consultório da médica, e de lá pro hospital.


Tinha uma reunião às 14:30 e outra às 15:00. Depois de deixar Giselle e mãe no hospital, dou uma última passada no trabalho pra passar a bola pra alguém e começo a comunicar a esmo que o Santiago está pra nascer. As pessoas esperam que eu fique um pouco mais nervoso do que eu estou. Estou apressado, mas calmo, curtindo a situação toda. É legal chegar pra alguém e dizer: "Olha, preciso que tu me substitua nessa reunião, meu filho está nascendo neste exato momento, essas crianças, sabe como é..."


Na volta pro hospital é que começa o estranho fenômeno: uma sensação de que tudo parece mais vivo, mais nítido, mais forte. Uma jamanta carregada de carros cruza na minha frente em plena 24 de Outubro e eu perco vários segundos olhando maravilhado para a brutalidade daquilo, caçamba, cabine, pneus, carroceria, carros, correntes, parafusos, nunca olhei pra uma jamanta desse jeito. É como se fizesse sol depois de meses e meses de dias nublados, as cores gritam, nada parece fugir à minha percepção.


Hospital, o mesmo em que eu nasci. Depois de esperarmos em vão durante 3 horas por uma série de contrações fortes o bastante para causar uma dilatação, a médica decide por uma cesariana. Ficar mais de 12 horas com a bolsa rompida é perigoso, por causa do risco de infecções.


Giselle fica um pouco nervosa com a idéia de cirurgia e anestesia, ela não tem muitas no currículo. Digo que já fiz várias e acho até divertido, mas ela não se convence muito. Pelo menos vou poder ficar do lado dela na hora, falando besteira.


Rapidamente aparecem o anestesista e o resto da equipe, e vamos para a sala. Me sinto bem com o avental, mas a máscara me incomoda um pouco. Comento que começo a entender o porquê de usarem a palavra "parto" para coisas complicadas: já são 8 da noite.


À medida em que o processo avança, uma certa introspecção vai tomando conta de mim. Na verdade, sou dois: na superfície, um de nós conversa com a Giselle e responde às brincadeiras sobre Inter e Grêmio do anestesista; mais fundo, o outro espera, consciente de que a minha vida está para passar por um momento extremo, uma culminância.


Tem uma cortina protegendo a incisão do olhar da Giselle. Digo pra equipe que quero ver o bebê saindo da barriga e o anestesista brinca que se tiver que segurar pai desmaiando vai cobrar mais caro. Desmaiar? Perder um momento desses? Sem chance, tenho certeza disso quando levanto a cabeça para espiar do outro lado da cortina, bem a tempo de ver a médica buscar algo lá dentro da barriga e trazer para fora.
Cabelos. A primeira coisa que eu vejo é uma cabeça cheia de cabelos. Depois penso em vermelho. A criança está toda coberta por uma golesma esbranquiçada, mas é possível notar que por baixo a pele é absurdamente vermelha. Ele parece muito, muito brabo, quase peço pra colocarem de volta no lugar. Aí eu finalmente enxergo o rosto: olhos bem fechados, boca aberta num choro que começa a chegar aos meus ouvidos, um nariz minúsculo e grandes bochechas.


Eles levam o bebê para a sala ao lado, eu vou junto, pesam e medem, depois me dão para segurar. Tenho consciência de que esta é a primeira vez que eu faço isso. Pegar o meu filho no colo. Acho que é neste momento que cai de vez a ficha: sou o pai desse guri.


Com o Santiago no colo, volto pra sala de parto, onde Giselle chora na mesa de cirurgia. Coloco ele com todo o cuidado na frente do rosto dela. Não tenho como descrever essa cena sem ser muito piegas, então prefiro pular. Me limito a dizer que ela conversa com ele, e eu penso que todos os sacrifícios que ela fez nos últimos meses finalmente fazem sentido. Toma que o filho é nosso.


Depois disso eu levo a criança, ainda no meu colo, até a vitrine da maternidade, onde duas famílias aguardam. Eu achei que o grande momento tinha sido o nascimento, mas chegar na frente do vidro e ver todos explodindo de alegria também é muito forte. Olho nos olhos de cada um agora, mostrando o Santiago. Me demoro um pouco mais na minha mãe, o nome da criança é uma homenagem a uma das melhores pessoas que eu já conheci nessa vida, pai dela, meu avô. Onde estão as dúvidas que senti nos últimos meses? Onde está a insegurança, o medo de simplesmente não estar preparado pra ser pai? Converso com meu filho, sou o pai dele agora. Coloco o bebê sobre um bercinho, à vista de todos, e é então que começam os problemas: o pediatra me diz que a criança está fazendo força demais para respirar, e que se continuar assim vai ter que levar para o CTI, mas que ele não quer isso, prefere esperar um pouco.


Só aí é que me dou conta de que o final de cada expiração, muito curta, vem acompanhado de um pequeno gemido intermitente, doído. Ele não chora, talvez até porque todas as forças estejam concentradas nessa respiração sofrida, brigada. O médico aspira as secreções da boca e nariz, tentando desobstruir as vias respiratórias, mas não adianta. Calculo que ele respire umas 70 vezes por minuto, sempre gemendo. Fico ali com ele, sofrendo junto, puxando o ar junto, torcendo para que a situação se reverta nos próximos minutos, que de uma hora pra outra ele consiga respirar normalmente e possa ser levado para perto da mãe, mas isso não acontece. Depois de um período de tempo que calculo em torno de 40 minutos, o médico me diz que o melhor é o Santiago passar um tempinho no CTI. Fico um pouco triste: queria muito que ele fosse para perto da mãe, sentisse de novo seu cheiro, as batidas do seu coração, seu calor, e dessa forma se acalmassem ambos. Mas não.


No CTI, me informam rapidamente das regrinhas do lugar e me avisam que posso entrar e sair a hora que quiser. Na verdade, sou a única pessoa da família que pode fazer isso, já que a mãe não consegue nem sentar, com a barriga toda costurada. A decisão de passar a noite por lá vem ao natural.


A noite é uma sucessão de idas e vindas, da salinha de espera com um sofá minúsculo de 2 lugares e guardas de madeira estrategicamente colocadas para que não se consiga deitar ao CTI propriamente dito, e vice-versa.


No começo toco bastante nele, converso e me comovo com a mais insignificante expressão facial, mas ao longo da noite me dou conta que isso o deixa mais agitado, então procuro me conter. Ele está num berço, embaixo de uma estufa, com soro e com a cabeça dentro de uma campânula transparente, que oferece uma concentração maior de oxigênio, 40%, do que a que normalmente respiramos, 21%. Parece um astronautinha.


Nas paredes do corredor do CTI, quadrinhos emoldurados, presente de pais agradecidos, contam a história de crianças que ficaram vários meses naquele lugar. Geralmente são compostos de uma foto do recém-nascido todo erradinho, magro e cheio de tubos e de outra, com o bebê em casa, sadio e sorridente. Os textos são escritos pelos pais, muitas vezes simulando a narração da própria criança: "Oi, meu nome é Tomás, nasci com 1600g, tive tal e tal complicação, passei 6 meses aqui, mas agora estou bem, em casa, com 4200g, graças ao empenho das enfermeiras etc etc etc". Leio todos eles, e uns dois ou três conseguem me atingir como uma voadora na pleura. Um deles começa com uma citação do Churchill: "Nunca, nunca, nunca se renda."


Quando me dou conta, o bar do hospital já fechou e tudo o que eu tenho para comer são duas trufas de chocolate. Tento dormir, não consigo, volto mais algumas vezes para o CTI e lá pelas três da manhã o cansaço me vence. São quatro e meia quando me acordo, depois disso não durmo mais.


Durante a noite, seguro a mãozinha dele várias vezes, sentindo o apertão instantâneo dos dedinhos que se fecham ao redor do meu dedo. Sei que é um espasmo natural dos bebês, sei que não é consciente, sei que ele seguraria com a mesma urgência o dedo de qualquer pessoa nestas condições, do pior criminoso do mundo até, mas não é ele que está aqui, sou eu.


De manhã Santiago tem uma ligeira piora, eles colocam um respiradorzinho direto no nariz, e eu sou aconselhado a ir para casa, dar uma descansada. Corcoveio um pouco mas acabo indo, e ao sair do hospital percebo outro fenômeno interessante: depois de uma noite em claro no CTI, ouvindo o choro e os gemidos do meu filho e de vários outros bebês, começo a ouvi-los por toda a parte. Abro uma torneira e o rangido se assemelha a bebê resmungando. Um carro freia ao longe e o som se assemelha muito a um começo de choro. Uma porta rangendo lembra um gemido. É como se os choros e ruídos de bebê já estivessem embutidos em todos os sons do dia-a-dia, mas só agora, com os ouvidos devidamente afinados, eu os percebesse.


Durmo.

Muito.


No fim da tarde volto ao hospital e Giselle finalmente consegue sentar numa cadeira de rodas. Tudo o que ela quer é visitar o filho. Desde o nascimento, no dia anterior, ela não passou mais do que dois minutos junto dele, e é tocante vê-los agora. Ele já está numa incubadora, ela abre a portinha, acarinha a sua cabeça e fala coisas simples e cheias de carinho. Ela repete várias vezes, olhos cheios d´água, a frase "Como ele é querido!", mas na verdade é como se dissesse "como ele é forte, como ele é corajoso, como ele luta pra respirar, pra ficar com a gente, pra ir pra nossa casa". Comovo.


Os dias vão passando, Santiago vai melhorando, a concentração de oxigênio fornecida para ele vai se aproximando dos 21%. Ele fica mais ativo, resmunga mais, arranca o soro da mão, tenta puxar a sonda da boca. Meu guri.


Cerca de uma semana depois do parto ele ganha alta e aí começa uma nova história, fraldas, mamadas no meio da noite, colos para arrotar, eventuais engasgos, preocupações-de-pais-de-primeira-viagem-que-um-dia-vão-ser-motivo-de-boas-risadas-mas-certamente-não agora e pequenas alegrias.


Quando ele sorri, por exemplo, eu me desmonto, mesmo sabendo que este ainda não é um sorriso consciente, social, que é mais um espasmo, que tem a mesma natureza de um peido ou de um arroto. Talvez seja justamente isso, a aleatoriedade da coisa toda, o pequeno milagre do teu filho sorrir, não necessariamente para ti, mas ao alcance dos teus olhos, que seja o mais bonito de tudo. A vida é caótica. Um ano atrás a última coisa que eu queria era ser pai; hoje me sinto de certa forma agraciado, quase salvo, por esta oportunidade.


Uma última lembrança, ainda da época em que mãe e filho estavam no hospital e eu me acordava de madrugada para ir vê-los: são cinco horas da manhã, dirijo pela 24 e ouço a Ipanema. O refrão de um rap pergunta: "what´s love?"


Por alguns instantes eu acho que consigo responder.

Marcelo Firpo - publicitário, DJ e papai"

 

Esta sopa ficou pronta às 10:34 AM

 

NEM SEI PORQUE ESTOU DIZENDO ISSO...

Mas tá muito frio, muito mesmo. A temperatura, no termômetro é -23C e a sensação térmica neste momente é de -35C. Frio mesmo! Bom dia!

 

Esta sopa ficou pronta às 10:25 AM

 

segunda-feira, janeiro 17, 2005

ESQUECI O QUE EU IA DIZER

Abri o blogger. E fui fazer outra coisa e agora esqueci o que eu queria dizer. Aliás, esqueci que a página estava aberta enquanto trabalhava numa tabela de um artigo. Dai enquanto ouvia a música que eu postei aí embaixo, coincidentemente, quando chegou na parte que diz "Hey, I have nothing to do today but smile!" lembrei do blog... deve ser alguma associação livre com coisas boas... sei lá.


Bezerra da Silva morreu... pena. Faixa amarela é meu sambão de raiz favorito. E olha que eu não sou muito de samba. (Meus amigos que já me viram num momento "gafieria" - já apelidado, certa feita, de 'separa que é briga' - desencadeado por muita euforia e algum álcool devem estar rindo da minha cara agora...)


O frio está demais, demais mesmo.

O John, cientista aqui da unidade, teve seu primeiro filho hoje. Sempre fico quando nascem crianças. Estou feliz.

Isso me lembrou de um dos textos mais bonitos que eu já li, escrito pelo Marcelo Firpo, sobre esse momento da vida. Não achei ele no google (buáááá... depois eu conto). Mas escrevi pro Firpo, que eu não conheço ao vivo, mas conheço daqui, como tantos de vocês, e pedi pra ele me mandar o texto.

O google. Meu google, aqui no trabalho não funciona por si só (já explico) há uma semana. Fiz funcionar através de um ghost site desses, que bloqueiam o IP da gente e permitem navegação anônima. Já escrevi pro google pra dizer que estou deprimido, que meu mundo acabou e que me sinto um rejeitado... o google é mesmo imprescindível. O altavista é uma grande piada (porque isso é um blog de respeito) e eu odeio aquele yahoo...

Eu quero o meu google de volta, e sem precisar fingir que não sou eu pra ele me atender!!!

Até!

 

Esta sopa ficou pronta às 5:24 PM

 

A CIGARRA SÓ CANTAVA...

Essa coisa de países frios = países ricos, deve ter alguma coisa a ver com um tipo de seleção natural. As cigarras cantam, e no inverno morrem de pneumonia, ou congeladas mesmo. Simples assim. Afinal, quem sobrevive sem ter pago a conta da luz numa noite em que os termometros marcarão -22 graus...? Só sendo muito formiga o ano todo!

 

Esta sopa ficou pronta às 12:31 PM

 

sexta-feira, janeiro 14, 2005

"TEM COCA QUE É FANTA"

Aproveitando a genial frase acima do meu amigo, grande paxá, Dr. Michel, eu digo:

TEM QUINTA QUE É SEXTA!

Eu jurava que hoje era quinta. Vi a programação de cinema no jornal e achei que era novidade de 2005, anunciar os lançamentos de sexta-feira, na quinta, pra todo mundo se organizar.

Daí um amigo me liga e pergunta se eu tenho planos pra amanhã à tarde, e eu digo, num tom meio 'não entendi nada', que sim, que tenho trabalho...

Dai olho pro relógio e vejo: dia 14 de janeiro, sexta-feira.

Nove e meia da manhã e eu descubro que tem quinta que é sexta! Oba!!!

 

Esta sopa ficou pronta às 1:33 PM

 

NÃO!? NÃO!!

Enquanto eu aqui, com um curso superior, especialização, dois mestrados, um doutorado digo sim pra tudo que me pedem, o cara ali do lado, que fez uma faculdade e trabalha de auxiliar responde pro chefe que não vai fazer determinado trabalho de checagem de dados porque isto está muito abaixo de suas qualificações...

Um dia eu aprendo com ele...

ps1.:não, eu não vou fazer o que ele se negou a fazer. mas não precisei dizer não pro chefe. pra minha sorte.

ps2.:não, o cara não vai ser demitido... afinal aqui todo mundo respeita muito os planos de vida dos outros.

ps3.:só rindo mesmo.

 

Esta sopa ficou pronta às 1:29 PM

 

quinta-feira, janeiro 13, 2005

TENTATIVAS

1. Na mídia: A separação de Brad Pitt e Jenniffer Aniston tem uma importância marcante no mundo da genética. Significa que a média de beleza da espécie será mantida, sem 'outliers'. A menos que ele realmente esteja 'nananana' (porque isso é um blog de respeito) a Angelina Jolie...

2. No dicionário: Tsunami é a palavra de vez. Em Porto Alegre, em frente ao shopping Moinhos, tem um restaurante japonês chamado Tsunami. Tudo isso muito antes da onda. Agora me diz se isso é bom ou ruim pro negócio? Uma coisa é certa. O nome do lugar, que já existe há algum tempo, não tinha chamado a minha atenção até agora. Pergunta 2: tem no Aurélio?

3. Regional: As tais camisinhas pra bomba de chimarrão são o maior invento velho que eu só conheci agora. Um espetáculo. Somado ao método de fabricação de chimarrão pra preguiçoso que o meu sogro me ensinou, fazer chimarrão virou uma tarefa de menos de 1 minuto. É vapt-vupt. Ou como se diz em Poa, tri-rápido.

4. Meteorológica: Está quente aqui, doze graus, positivos. Leio no Jornal que as mudanças climáticas podem fazer com que as aves parem de migrar para o sul. Daqui a 50 ou 80 anos... As pombas, que me encomodam, não migram mesmo... então estou pouco me lixando (porque isso é um blog de respeito).

5. Dieta: viajar de avião engorda!!! Mesmo que você não coma a comida que eles servem. Minha ignorância a respeito dos efeitos barométricos no corpo humano não me permitem explicar o fenômeno. Mas quando saio do avião depois de 10 horas de voô, sempre estou 2 ou até 3 quilos mais pesado... pode? E levo três dias pra voltar ao normal. Será líquido retido? Nas duas últimas viagens eu não comi a comida salgada e engordurada do avião, só bebi muita água como de costume e mesmo assim estava mais pesado na saída...

6. Agradecimentos e Desculpas: Fal, brigado pelo elogio. CB... estive desconectado, mas tu sabe que eu lembrei sim! MSN qualquer dia desses???

7. Ouvindo: da trilha sonora de um dos melhores filmes, e com a melhor trilha sonora, do ano que passou, o espetacular Garden State.

Simon & Garfunkel - The only living boy in New York.

Tom, get your plane right on time
I know your part’ll go fine
Fly down to Mexico
Da-n-da-da-n-da-n-da-da and here I am,
The only living boy in New York
I get the news I need on the weather report
I can gather all the news I need on the weather report
Hey, I’ve got nothing to do today but smile
Da-n-do-da-n-do-da-n-do here I am
The only living boy in New York
Half of the time we’re gone but we don’t know where
And we don’t know where
Tom, get your plane right on time
I know that you’ve been eager to fly now
Hey let your honesty shine, shine, shine
Da-n-da-da-n-da-n-da-da
Like it shines on me
The only living boy in New York
The only living boy in New York

 

Esta sopa ficou pronta às 1:50 PM

 

quarta-feira, janeiro 12, 2005

VENDO AS ESTRELAS

Vendo essas estrelas aí, lembro que o natal passou, que o ano velho passou, que o verão - prá mim - passou e que agora é hora de acelerar mais que o sapateiro (shoe-maker... automobilismo...) e vencer esses menos de dois meses que me restam por esses lados.

 

Esta sopa ficou pronta às 12:00 PM

 

terça-feira, janeiro 11, 2005

PAUSTEURIZADO


Da agradável temperatura de 43 graus para singelos -3... tá bom. E muito trabalho pela frente. Feliz 2005, o ano D!

 

Esta sopa ficou pronta às 4:25 PM

 



SOPA






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