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sexta-feira, abril 30, 2004

5 COLHERINHAS DE SOPA

1. pombas I
Uma delas estava ali, na esquina, comendo uma fatia de pizza. Vê se pode: pomba comendo pizza... na esquina.

2. pombas II
A outra - desgraçada - pensou assim quando ela passou: "vou dar uma cagada profissional nessa mina... ela vai ver... lá vou eu... mmmm... Uau! Bem na testa!"
Foi cena horrível, a pomba de rabo levantado no parapeito da janela, de costas pra rua com o fiofó abertíssimo...
A menina virou pra cima, olhou a pomba e disse: "Que senso de inoportunidade, hein?!"
A pomba soltou um peidinho irônico: "pfff"

3. e já que estamos no assunto, me dê um conselho:
O que a gente faz quando, caminhando pela rua, discretamente resolve tirar uma melequinha seca do nariz e ela traz junto uma lesma bem molhadinha que fica pendurada no seu dedo e que mede mais ou menos um palmo?

4. o homem-réptil
Ela :- Contratei o homem-réptil para a festa de aniversário do meu filho.
Eu: - Interessante...
Eu: - ...mas não conheço esse super-herói.
Ela: - Não é um super-herói, é um homem que tem uma criação de cobras e lagartos amestrados...
Eu: - Mmmm... amestrador de cobras...

Imagino a criança, mais grandinha, contando pros amigos da faculdade:
- E neste aniversário minha mãe contratou um amestrador de cobras!
E a galera em coro, naquele tom de deboche:
- Mmmmmm...

5.yogurte
O orkut é como uma grande caixa cheia de fotos 3X4, onde você procura amigos. Mas a caixa é enorme! a pergunta que não cala é: prá que serve isso...?

Louise diz: "Também não descobri, mas cada vez mais acho que serve para o que serve uma mesa de bar: falar do nada e jogar conversa fora..."
Léo diz: "pelo menos no bar a gente escolhe quem senta com a gente... aqui é que nem procurar gente no metro e levar pro bar!"

link pra esse papinho, no orkut, para usuários.

 

Esta sopa ficou pronta às 3:55 PM

 

quinta-feira, abril 29, 2004

ORA BOLAS

Quinta-feira, graças a Deus.

...

Mas ô Senhor...bem que podia já ser sexta né?

...

Ora bolas!

!!!

 

Esta sopa ficou pronta às 5:38 PM

 

INTUIÇÃO

Mulheres, mulheres. Mágicas no olhar, no pensar, no fazer. Vêm as coisas de outro modo, com outros olhos. Sentem outros cheiros, sabem mais. Sabem. Um saber diferente, um saber maior. Bem maior. Me assustam um pouco. Me intrigam a cada momento.
Sabem dosar o que dizer, sabe a hora certa, o local, o tom de voz. Muitas vezes perdem o controle, mas suspeito que mesmo esses momentos de aparente fúria, pânico ou entusiasmo tomam forma controladamente, calmamente, em algum lugar que está sempre em paz.
Quando escrevem... Escrevem como nenhum homem o faz. Escrevem com o coração, usando partes da alma que nós homens sequer conhecemos, ou possuímos.
Quando nos confessam segredos, sabem aonde querem chegar, nos enganam sorrateiramente. Nos fazem sentir superiores, no controle. Pura ilusão.
Mas de todas as características das mulheres, a que mais me surpreende é a intuição. Misteriosa e oportuna. Sorrateira e sagaz. Certeira. Indecifrável. Qual o segredo de vocês mulheres? Com que anjos tem acordos? Em que canais estão sintonizadas?



Menina da Sopa, a resposta do artigo chegou hoje. Conta pra mim: você sabia como?

 

Esta sopa ficou pronta às 12:28 PM

 

quarta-feira, abril 28, 2004

DO SABOR DAS SOPAS

Um dia li por aí que um post tem data de validade, vale até o próximo ser publicado. Pior é que em geral isso é verdade. Um post, mesmo que de cinco minutos atrás, se torna esquecido, obsoleto e passa a ser ignorado no momento em que a gente publica outra coisa, nem que seja uma notinha, um croutonzinho que seja...

Mas às vezes eu fico com coceira nos dedos de vontade de matar um post já escrito. Esse aí de baixo, por exemplo, que eu achei de extremo mau gosto, está na minha lista dos piores: não faz meu estilo, não tem nada a ver comigo e é de uma falta de civismo e de coerência exageradamente desnecessárias.

Mas e daí, escrever sobre o quê? Já que apagar o post não faz muito meu gênero, preciso escrever um outro. A solução parece simples, deixo ele ali, e escrevo outro, pra matar ele, mas escrever sobre o quê? Então escrevo sobre o óbvio, escrevo sobre o escrever. Escrevo sobre as letras que se organizam e anulam o escrito anterior. E eis que aqui está, um post que tem como única utilidade anular o que foi escrito ali em baixo. Pronto, era isso. Missão cumprida.

Mas, é triste saber que isso funciona não? Por exeplo, saber que sopas boas também são esquecidas por sopas mais novas, e nem sempre saborosas. E que agora me dou conta do pior, saber que no caso deste post, o ali de baixo, que eu queria que fosse esquecido, vai ser lido com certeza...
Não era isso que eu queria...

Eu queria fazer um post interessante, uma sopa saborosa. Ah, então eu ia falar do sabor das sopas... o título desse post. Se bem que já falei disso, falei ali, dos posts que tem gosto ruim, e desse, que não tem gosto de nada, mas tem utilidade... Nem sei mais. Precisamos servir essa sopa.

Mas como é que a gente acaba um escrito sem deixar gosto ruim? Olho pra essa tigela de morangos. De repente eu podia falar de morangos. Não dá sopa, mas acho que são um bom assunto pra um fim de texto. Morangos. Morangos. Morangos. Os morangos pelo gosto que deixam na boca.

Só não me venham reclamar das sementinhas.

 

Esta sopa ficou pronta às 1:05 AM

 

terça-feira, abril 27, 2004

SOPA DE DOENTE

"O Brasil já saiu da UTI econômica em que estava quando assumi e hoje já está caminhando pelos corredores do hospital. "Lula, na Época

Só tem que cuidar pra não pegar uma doença nesses passeios, melhor seria ficar na cama até estar bem fortinho. Depois pega uma infecção resistente, uma pereba no dedo do pé, ou pior, cai duma escada, se espeta numa agulha contaminada, bate com a cabeça e perde o resto da memória, aí já viu... Vai ganhar alta achando que é a Argentina... aí é que a gente se ferra.

 

Esta sopa ficou pronta às 7:22 PM

 

SEMPRE MAIS, DO MESMO

Quando o trabalho dá uma folga, ou o cérebro pede uma trégua dou uma paradinha (a paradinha, dinha, dinha, dinha...) e dou uma circulada, sem o Ô do Caetano, pelos blogs do povo. Na maioria a gente (eu, eu mesmo e Irene - a moça do telemarketing que me ensinou a falar assim) acaba lendo variações nem sempre muito variadas sobre o mesmo tópico. Hoje chegou a ser engraçado: A Cora fala do Orkut, do Eduardo e do Cézar Valente, que fala do Orkut, e da Cora, que fala do Eduardo, lá do Pulso Único (onde cliquei nos anúncios, pra dar uma graninha pro Stuart), que linka a Cora, e o Cézar bem no topo da página, e fala deles mais adiante, mas não fala, ainda do Orkut. Via Eduardo, fui lá na Áurea, que fala do Orkut, da Cora, e do César (com esse ou com z), que fala da Gi, que está no Orkut, e que no Noves, não fala do Orkut, da Cora ou do César, mas linka e fecha o ciclo. Acho que podiamos perder (gastar, usar...) horas nessa rede de links em função de um assunto, mas não é o momento. Talvez hoje à noite, ou depois que eu descobrir, como perguntou o Homem Chavão: pra que mesmo que serve o tal orkut...?

UPDATE: Podíamos fundar um clube dos usuários do orkut que estão ainda em dúvida. Engraçado isso de a gente se inscrever num treco que não sabe muito bem que finalidade terá... Uma sub-rede. Será subversiva? Será formação de quadrilha...? Seremos todos presos? Você leu as letras miúdas ou apenas clicou no aceito os termos? Estamos fazendo um acordo com quem afinal? Aceitou que termos? Muitas dúvidas, mas uma coisa é certa: Não ganharemos dinheiro com isso, definitivamente não. Mas de repente dá pra se divertir.

 

Esta sopa ficou pronta às 3:23 PM

 

segunda-feira, abril 26, 2004

DO LADO DE DENTRO

Julgar sem conhecer é simples. Na verdade é simplista, desconsidera as conjunturas, as quadraturas e as amarras, que não rimam, mas são duras, com certeza. Elogiar sem conhecer é igualmente redutor. Não se sabe bem se tudo funciona daquele jeito, se as coisas são realmente como nos contam e se a prática corresponde, mesmo que de longe, à teoria.
*
Sofia foi criada para ser bela, educada, assitir a doze peças de teatro por ano e ler dois romances por mês. Foi ensinada a ler os jornais do dia, três deles, e discutir política social com os amigos. Ela assitiu a palestras sobre igualdade, liberdade, fraternidade. Ganhou uma coleção de livros sobre as filosofias das religiões aos quinze anos. Foi enviada a Paris para aprender sobre música e arte e já está há três anos no Tibet fazendo trabalhos voluntários.
*
Sofia já fez três cirurgias plásticas, removeu culotes, arrumou o nariz e colocou silicone. Está bela. Nunca foi ao teatro, gastava o dinheiro com roupas e nunca leu nada que se encontrasse fora das prateleiras de auto-ajuda ou que tivesse mais de 12 páginas. Era viciada em horóscopo e coluna social desde os oito anos. Lia isso nos três jornais da sua cidade, sim. Discutia a coluna social com as amigas pelo telefone. Isso quando não estava no cabelereiro discutindo a novela das ooito com a manicure. No ciclo de palestras sobre os ideais da revolução francesa ela conheceu uma francesa com quem experimentou o sexo com igualdade pela primeira vez. E cocaína. No segundo dia da palestra ela exerceu sua liberdade dormindo o tempo todo, estava acabada, pobrezinha. No terceiro, ela estava fraternal demais e resolveu ficar abraçada em si mesma, em casa, depois de ter cheirado cinco carreiras de pó. Aos quinze anos ela construiu um pé de mesa auxiliar para a profusão de perfumes e maquiagem que já ocupava todo o toucador com a coleção de livros sobre sei lá o quê que ganhou do pai. Foi viajar. Em Paris ouviu muito rock-n'roll e bebeu todas com a secretária do curso de artes em que ela nunca chegou a se inscrever. Conheceu um australiano maneiro que lhe arrumou uma boca de voluntária no Tibet, onde conheceu o nirvana sob a ação de muitos outros psicotrópicos, mudou de nome, para Shandahara e esqueceu de voltar pra casa.

 

Esta sopa ficou pronta às 8:44 PM

 

domingo, abril 25, 2004

PEQUENAS COISAS

Dia nublado. Telefonemas. Sair da cama. Banho. Barba. Cabelo. Desenhos animados. Armário bagunçado. Um louco na rua. Conversas desconexas. Um bom livro. Muito bom. Chuva. Vento. Guarda-chuva querendo voar. Gente. Almoçar sozinho. Olhares estranhos. Finalmente muita auto-confiança. Mais vento. Olhares desencontrados. Conversa com estranhos. Cada vez mais frequentes. Metrô. Convenção indu. Alguma festa religiosa. Dúvida. Horas de engarrafamento. Sem fome. Cama. Dormir de tarde é bom. TV. Filme já visto. Comercial mal feito. Realityshow. Pizza. Telefone. Mais livro. Estudos. TV. Internet. Alongamento. Bagunça. Papéis. Livros. Revistas. TV. Dessas coisas é feito um domingo de chuva.

 

Esta sopa ficou pronta às 11:48 PM

 

sábado, abril 24, 2004

SOUPE A L'OIGNON GRATINEE

 

ASSIM É SOPA

"A sociedade civil, como aqui no Brasil se convencionou chamar o agrupamento de pessoas vestidas de branco pela paz em praça pública, decidiu diversificar suas atividades. No Rio de Janeiro, por exemplo, tem loura politicamente correta subindo morro para dar colo a favelado. Neguinho gosta, mas fica desconfiado." - Tutty Vasques

Assim fica fácil mesmo. Depois da passeata de preto na praia e no abraço no pobrinho, a madame vai pra casa de alma lavada, achando que fez a sua parte. Fez nada. Como alguém já sugeriu por aqui, assistêncialismo não leva a absolutamente. As únicas passeatas que resolveram alguma coisa no Brasil foram as engajadas com uma idéia concreta, gritando por algo objetivo e factível, meio que dando ordens ao governo, e não almejando idéias tão etéreas quanto o autor de um livro psicografado.

Leia a coluna do Tutty Vasques, de onde foi extraído o texto acima clicando aqui.

 

Esta sopa ficou pronta às 12:54 PM

 

sexta-feira, abril 23, 2004

O DONO DA SOPA

Pois bem, sempre tem disso, o dia em que a gente acorda com os cornos virados, porque viraram os cornos da gente. Ontem tentaram virar meus cornos, tem gente que realmente sabe ser inoportuna. Fazer o quê. Depois, hoje de tarde, fiz a bobagem de oferecer o telefone pra usarem aqui na minha mesa (aquela coisa de querer ser simpático...) e levei nas fuças! Meia hora de ocupação ilegal da minha cadeira, com direito a se espalhar pela mesa e usar o computador (o meu) enquanto falava no telefone. Tem gente que não se flagra mesmo. Mas isso é o mundo real. A gente é mais cortês, educado. No mundo virtual a gente educadamente corta. Sem cortesia. Bloqueia, ignora, apaga. Fica fácil. Nem tudo precisa ser assim, a atitude é radical, eu sei, mas já foi necessária. Quem sabe, sabe, quem não sabe, é porque não precisa saber. Então sem muito chorinho e chantagenzinha a gente vai levando um relacionamento amigável, cortês, sem precisar fazer uso do direito à velha lata do lixo ou do sistema de cortes. Um blog de paz.
Mas... só pra que fique bem claro: O dono da sopa sou eu, escrevo sobre o que gosto, abro a minha vida o quanto eu achar necessário ou cabível, e ficamos nisso. Não me importo nem um pouco que me perguntem o que quiserem, mas espero que, assim como respeito muitas da anonimidades da rede, me respeitem. Além disso, espero que respeitem meu direito de não responder a algumas perguntas, de brincar, de fazer piada ou ser irônico (um das coisas difíceis de se fazer por escrito).
Eu prefiro assim, tenho meus motivos, e se não for assim não escrevo mais. Ou mudo de blog de novo, e dessa vez não aviso ninguém. Sou vaidoso, mas não muito, nem tanto.
Numa boa, em paz com todos (todos mesmo, até com você que quis me virar os cornos ontem à noite) desejo uma boa noite de sexta-feira. Me fuy.

 

Esta sopa ficou pronta às 7:13 PM

 

SOPA DOS OUTROS

Falou tudo.: "Pobreza não tem cor."

Minha opinião sobre a moda das cotas: simplesmente ridículo.

 

Esta sopa ficou pronta às 4:12 PM

 

quinta-feira, abril 22, 2004

SOPA COLOIDAL

Meus caros amigos, o fim está próximo. Exemplares do sexo masculino, tremei. Elas, em breve não precisarão mais de nós. Temos que nos reunir em assembléia urgent e definir os rumos de nossos pares, o destino de nossa semente e o findar incansável de nossos pintos. Sugiro uma revolução armada, porque as perspectivas são terríveis.

New Scientist: "'Virgin birth' mammal rewrites rules of biology - 18:00 21 April 04

A mammal that is the daughter of two female parents has been created for the first time. "

Organizemo-nos!

 

Esta sopa ficou pronta às 3:22 PM

 

BEBUNS NÃO TOMAM SOPA

Trabalho num centro de pesquisas em saúde mental e adições. Adoro (ou melhor, me divirto) dizendo por aí que trabalho com drogas. As pessoas ficam de olhos esbugalhados com afirmativas desta natureza em meio a uma conversa sobre um porre ou um teto. Rio, já que nunca vi muitas delas de perto ("muitas", repare que não sou tão careta assim, mas tem coisas que ainda não passaram aqui pelo corpinho do papai, e provavelmente não vão passar... viu?).
Bem, como estou na meca, vejo todos os discípulos, com frequência. Hoje no bonde, rumo ao cinema pós-trabalho (fui assitir o final de Kill Bill) chama minha atenção o odor de birita dentro do recinto. Viro minha cabeça molhada pela chuva que caía aos cântaros lá fora e acompanho o seguinte diálogo, levemente fragmentado pelo barulho da rua, entre quatro mendigos, sentados no fundo do vagão, encharcados, com água pingando dos cabelos.

criatura 1: tá chovendo em mim. (era a água pingando do cabelo dele, obviamente não chove dentro do bonde...)
criatura 2: tá nada.(de boné)
criatura 3: tá sim. chove em mim também! (mais um de cabelo molhado)
criatura 4: aqui onde estou nem chove, sou mesmo um perdedor... (cabelo seco)
1: perdedor nada, perdedor sou eu que paguei 2,25 pra entrar nesse bonde e nem ganhei um guarda chuva de plástico na entrada...
(todos concordam, tanto os de cabelo seco/boné, quanto os de cabelo molhado.)
3: eu não sou perdedor, eu sou vencedor. (chove em mim, mas acho que é efeito da cocaína... sim, porque pra se achar um vencedor no estado em que estava, tem que ter dado uma de aspirador de pó na buena)
4: você nem sabe o que é um vencedor, como quer ser um?
2: vencedores dirigem mercedes e fumam charutos! (afirmando cheio de propriedade: o incrível poder da oratória, até eu vizualizei o vencedor e me senti meio perdedor, olhei pela janela para ver se tinha um bacaninha de mercedes fumaceando o estofado novo mas logo o cheiro voltou e recobrei os sentidos.)
1: nunca fumei charuto! (seguido de acordes dos demais companheiros)
4: e eu que não sei nem dirigir!
3: somos todos perdedores... é isso, e assunto encerrado.
2: encerrado uma ova, ele é pior! (referindo-se a 4) ele fede!
3: é, você precisa de um banho, você fede muito!
(nesse momento descobri a fonte do cheiro ruim, embora acredite que todos fediam em iguais doses...)
4: eu não tenho nem casa... sou o mais perdedor de todos. (realmente, ele era no mínimo o mais pessimista...ou realista)
2: é, você está mais longe da mercedes do que nós. podemos te arrumar um charuto, isso te ajudaria.
4: não sei, não... com essa chuva, ia molhar e não ia acender nunca mais!

Depois dessa, achei os diálogos do Tarantino tão normais!

 

Esta sopa ficou pronta às 12:25 AM

 

quarta-feira, abril 21, 2004

MARIA VAI COM AS OUTRAS

Peguei na Fal que pegou na Mel, que pegou na Dani, que pegou no Delfin:

Instruções:
1. Pegue o livro mais próximo de você;
2. Abra o livro na página 23;
3. Ache a quinta frase;
4. Poste o texto em seu blog junto com estas instruções.


Olha o que deu pra mim:



"D. Ana sorriu um riso amplo e alegre, e seus olhinhos miúdos e escuros cintilaram de satisfação."


A Casa das sete mulheres - Letícia Wierzchowski

 

Esta sopa ficou pronta às 4:50 PM

 

3 COLHERINHAS DE SOPA

1. meu precioso...
"mmmelão, eu quero mmmmelão..." (enrolando a língua) lembram? bobagem: ganhei duas fatias de mamão, mamão de verdade, importado da costa rica, mamão com cor, mamão com gosto...de mamão, e não de plástico. tá ali guardadinho, vou comer aos pouquinhos porque mamão de verdade é coisa rara por aqui. triste foi saber, depois de provar a delícia, que vinha de tão longe e que eu não podia comprar a delícia ali na esquina...

2. título honorário
está chegando aí, mesmo sem ter me reproduzido formalmente, meu título de pai honorário. tô de babá de uma criatura aí que, tadinha, não sabe fazer nada sozinha... ela não faz por mal, tenho certeza, só está perdida, e eu, perdendo meu tempo pra resolver os pepinos dela. agora parece que acabou a confusão. no telefone me avisam que meu título de pai está sendo encaminhado...

3. a que fica
sei, sei, dizem que é a primeira impressão... e daí, quando te dizem que você, aquele cara simpático, camarada (não dá nada, nem de graça, não me venham com piadinhas!) que não faz mal a ninguém, causou uma primeira má impressão numa criatura você faz o que? vai lá e diz que ela está errada? chora e se escabela? sorri e ignora? finge que não sabe de nada? passa horas se perguntando porque? porque? porque meu Deus? Ai ai...

 

Esta sopa ficou pronta às 1:47 PM

 

terça-feira, abril 20, 2004

SOPA DE CUCA

Estou numa cruzada de estudos que há muitos eu não via. E olha que eu gosto de estudar (afinal, tenho feito isso nos últimos... deixe-me ver... 22 anos!) Mas agora eu juro, é a última virada radical na minha carreira (tenho até medo de jurar...), porque esta está dando um trabalho do cão. Nunca li tanto na minha vida e acabo de começar a fazer esquemas pra pendurar no painel aqui na minha frente (o que me lembra vagamente desses meus últimos 22 anos...). Como sei que logo, logo pego no tranco e deslancho nessa área, estou mais ou menos tranquilo. Mas, o propósito deste escrito é falar sobre a capacidade de adptação do cérebro humano. Fico impressionado, muitas vezes, com essa adaptabilidade. Demora um pouco, mas com certo esforço podemos nos acostumar com o que até há pouco era desconhecido, aceitar novos paradigmas e incorporar teorias que fariam pouco sentido horas atrás. Certa feita (ainda nos tempos em que eu lia qualquer coisa que me colocassem nas mãos, sem muito critério) li um livro muito doido, ou melhor, de um cara muito doido (um desses gênios da epistemologia, na verdade), chamado Paul Feyerabend, aluno de Karl Popper (sentiu o drama?), que dizia o seguinte, num palavreado um pouco mais culto do que eu vou usar aqui...: métodos e teorias substanciadas nao servem de nada e apenas atravancam o progresso da ciência, o melhor instrumento para a formulação de novos conhecimentos é uma cabeça aberta, sem muros ou fronteiras, sem muito apego a qualquer regra.
O cara era claramente um anarquista da ciência - no mínimo, já que não vale a pena entrar em outros contextos.
As idéias desse cara fizeram a minha vida mais simples, menos cartesiana (acho que se Feyerabend e Decartes fossem contemporâneos, já teriam se esbofeteado seriamente numa esquina qualquer...) e neste momento facilitam a minha trajetória prá um lado bem menos objetivo da ciência.
Resumo da ópera, pra quem acha que eu estou viajando na maionese: tudo na vida tem motivo e razão de ser, nada parece ser por acaso, e mesmo aparentes inutilidades (como a leitura de um livro doido de um cara de nome estranho com teorias anarquistas aplicadas) acabam sendo extremamente úteis na trajetória de cada um.
Conselho prático: quando o trem passar na estação, não fique sentado no banco esperando, suba no trem, ele provavelmente vai te levar a algum lugar, onde você vai aprender alguma coisa que vai ser útil mais cedo ou mais tarde.

Ou, nas complicadas palavras de Feyerabend: "(...)Quis libertar as pessoas da tirania dos obscurentistas filosóficos e dos conceitos abstratos de "verdade", "realidade" ou "objetividade" que estreitam a visão das pessoas e seus modos de vida. Formulando o que me pareciam ser minhas próprias atitudes e convicções acabei, infelizmente, introduzindo conceitos de semlhante rigidez como "democracia", "tradição"e "verdades relativas". Agora que tenho consciencia disso, me pergunto como isso foi acontecer. A necessidade de explicar minhas próprias idéias, sem simplicidade, sem utilizar uma história, mas através de relatos sistematicos, é verdadeiramente poderosa."

E eu não sou doido, só estou no meio de um brainstorm... pardon moi.

 

Esta sopa ficou pronta às 2:27 PM

 

domingo, abril 18, 2004

OBA!

Eu rezava todas as noites. Eu fiz uma macumba, enrolei uma imagem dela com barbante e amarrei numa tela de computador com um contrato do blogger brasil e um livro de ressucitamento de blogueiro atachados. Enterrei tudo no quintal do prédio da Cora Rónai sem deixar de regar tudo com muito mel de abelha (aqueles que tem PURO escrito no rótulo...) antes de jogar terra por cima. Fiz a dancinha conforme recomendado. Coloquei o Santo Antonio de cabeça pra baixo e enforcado por um fio de mouse dentro de uma cumbuca cheia de água sanitária que era pra ela fazer as pazes com a gente. Mandei rezar uma novena via bate-papo pela única irmandade internética da face da terra. Fiz corrente de e-mails, daquelas que ameaça a família de quem não passar adiante com uma coleção de pragas pra Moisés nenhum botar defeito. Meditava noite e dia, pensando nela e enfim, ela voltou! nem acredito meu Jesus Cristinho, que dia feliz!

 

Esta sopa ficou pronta às 9:48 PM

 

sexta-feira, abril 16, 2004

BABEL


Nessa cidade em que vivo, mais de 160 idiomas são falados. Acho o idioma daqui prático e eficiente. Conciso. Uma linguagem de negócios, sem firulas, e sem praticamente nenhuma poética. Alterno minhas leituras entre o português e o inglês - falo dos livros categoria lazer - e hoje, depois de acabar de ler um livro ótimo na língua gringa, comecei a ler um livro que eu já tinha começado mas não sei porque abandonei nas primeiras páginas. Depois de reler as primeiras páginas, do pequeno capítulo entitulado Cadernos de Manuela fechei o livro de Letícia Wierzchowski extasiado e pensei que não existe nada mais belo que a língua portuguesa escrita, bem escrita. A poética das palavras que se aglomeram em harmonia e formam descrições vivas de tempos idos é inigualável. Letícia escreveu o Casa das Sete Mulheres enquanto estava grávida, e isto pode ter aumentado a sensiblidade dela. Independente disso ou de qualquer coisa é uma leitura que enche o coração.
Mas agora o livro está ali fechado, a vida segue nos moldes mais práticos, sem casas de estância, sem romance no céu noturno, sem flores nos pampas tão distantes. Mas é bom saber que tudo isso continua lá, a apenas algumas horas de Porto Alegre, esperando para o dia em que voltaremos cansados da guerra que de alguma forma persiste mesmo séculos depois da heróica aventura de Bento. Voltaremos para sentar na varanda da estância e constataremos que guerra, paixão e tristeza em língua portuguesa tem outro sabor, muito mais acentuado e muito melhor. Aqui até a poesia é blasè.

 

Esta sopa ficou pronta às 12:17 PM

 

quinta-feira, abril 15, 2004

UM DIA...

Dia inteiro dedicado a um treinamento sobre diversidade no ambiente de trabalho. Discriminação, preconceito e assemelhados. Triste saber que ainda se precisa treinar as pessoas para lidar com esses aspectos. Muito triste.

Até depois, vou almoçar correndo e voltar pra lá. Quem sabe um dia isso tudo seja desnecessário.

 

Esta sopa ficou pronta às 1:50 PM

 

COMO?

Como é que eu nunca tinha lido o taxitramas? Me explica!

 

Esta sopa ficou pronta às 12:23 AM

 

quarta-feira, abril 14, 2004

MAZELAS DA VIDA

Show do Los Hermanos hoje em Porto Alegre... e com abertura do Frank Jorge.

BUÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!

 

Esta sopa ficou pronta às 6:26 PM

 

MALVADOS

Malvados - quadrinhos de humor - cada tirinha é um tapa na cara.

Realmente, me rendeu boas risadas ontem à noite. Além disso, o André Dahmer, que desenha as pestes tem blog (está reativando), tem site pessoal onde expõe seus outros trabalhos e é muito inspirado. Dá uma lidinha nesse diálogo aqui, entre os dois personagens sem braços, os malvados, o de cabeça pequena (o) e o de cabeça grande (O):

OS MALVADOS EM CUBA

o:Vim para realizar minha fantasia de ser um honrado e humilde cortador de cana.
o:Meu único medo é perder as duas coisas que mais amo nesta vida: McFish e a Barbie Loira, que estão proibidas aqui.
O:Você é o cara mais fútil que já conheci em toda a minha vida.
o: Aqui não tem nem bingo...
(...)
O: Aqui trabalhamos de sol a sol mas pelo menos escutamos música cubana...
o: Que saudades de Sandy e Júnior...


 

Esta sopa ficou pronta às 2:54 PM

 

terça-feira, abril 13, 2004

ANAÏS NIN


Daqui:"Eu escrevo álgebra emocional."

 

Esta sopa ficou pronta às 6:01 PM

 

N-A-O-TIL


Da fase dos porquês já passei. Tá certo que mais de metade deles permanece não respondido, mas... acho que a gente se conforma. E a fase passa. Mas e essa fase sem fim, a fase do sim, sim senhor, sim senhora, claro, sem problemas, certamente, em um minuto, já estou chegando, vou sim, quero sim, aceito sim, gosto sim, prefiro sim, quando acaba?
Acho que quando estava na fila da minha cota de nãos a serem utilizados pela vida afora eu me distraí com alguma coisa e esqueci de pegar o meu saquinho. Me ralei. Coisa mais difícil dizer não meu Deus...
Só consigo dizer não pras pessoas pra quem eu deveria ser mais econômico com negativas, com os outros, digo que sim, sim, claro, e etc. Depois fico arrependido, agoniado, correndo atrás da máquina, me escabelando e abrindo mão do meu tempo pra fazer coisas pros outros.
Alguém conhece alguma técnica pra incorporar de vez o n-a-o-til ao vocabulário?

 

Esta sopa ficou pronta às 4:17 PM

 

segunda-feira, abril 12, 2004

CELEBRIDADE

Esqueci de contar, ontem eu vi esse cara no bonde. Descobri depois, via google, que ele nasceu aqui. Por isso a naturalidade de andar assim no mais pela rua.
P.S.: Ele está com o braço quebrado.

 

Esta sopa ficou pronta às 10:34 PM

 

CINDERELA

A fada madrinha bem que tentou, mas anda muito desatualizada, os tempos são outros. A carruagem virou abóbora há tempos. Disso todo mundo sabe. Virou abóbora e Cinderela caiu de bunda no chão. Agradeceu por ainda não ter conseguido juntar dinheiro para colocar silicone ali, poderia ter perdido as próteses com o tombo. O príncipe não viu nada, estava explicando pro porteiro quem ele era, seu sobrenome, dizendo que o pai era político, lhe passou uma nota de 50 "pilas" discretamente para facilitar a sua saída antes de pagar a conta. Jurou que voltava em seguida. Depois foi puxado para um canto por uma loira muito a fim de sexo casual. Não resistiu. Foda-se a Cinderela.
E isso foi há muito tempo. Desde então Cinderela trabalha duro prá esquecer o que poderia ter sido e não foi. Na verdade já esqueceu. Se preocupa tanto com as contas no final do mês que nem lembra mais como foi o baile.
O sapatinho de cristal foi perdido um dia desses na subida da escadaria da favela enquanto Cinderela fugia apressada dos tiros. Foi roubado por uma quadrilha especializada antes que o príncipe o visse. Também, ele já tinha passado pelo sapato sem notá-lo. Ele também subia as escadas apressado, não pensava na Cinderela mais. Precisava de bagulho pro seu barato de Sábado. O sapato foi vendido no mercado negro, derretido e transformado num cachimbo pra crack. O dono do cachimbo não mora no morro, isso todo mundo sabe. Ele poderia até ser o pai do príncipe.
Cinderela está esquecida e na miséria. Daria tudo para ter uma madastra malvada e um par de irmãs postiças que lhe oferecessem casa e comida em troca de um regime de escravidão. Perde horas no metrô até chegar ao trabalho do outro lado da cidade. Não tem carteira assinada e não ganha vale transporte, mas não se sente no direito de reclamar. É uma escrava de uma família que vive num apartamento de três quartos no Leblon. Aos Sábados eles recebem os amigos e servem lagosta e champagne. Cinderela trabalha até mais tarde. Não reclama. Todas as suas vizinhas estão desempregadas e acabaram trabalhando no tráfico ou se prostituindo para segurar as pontas. Ela dá duro na casa da patroa. Volta pra casa tarde e com medo. Muito medo. O príncipe foi para Nova York fazer um curso de teatro e nunca mais voltou. A cidade ainda era maravilhosa mas andava muito violenta para ele. O reino agora é governado por um sapo. O príncipe, apesar de formado em ciências políticas era uma figura muito frágil e estava muito distraído com as coisas que considerava "boas da vida" pra pensar em assumir qualquer responsabilidade. Que venha um sapo e coache bem alto, pedia o povo. Diziam que já estavam cansados de príncipes covardes. Talvez Cinderela ainda pudesse ser salva pelo sapo. Quem sabe?
A abóbora apodreceu e não servia nem pra fazer doce. E mesmo se não tivesse apodrecido, quem teria tempo pra isso nesses dias. Além do mais a receita ficou no livro da vovó que foi pro lixo depois que ela foi internada num asilo público. Cinderela engravidou do padastro e espera na fila da Santa Casa para fazer sua primeira consulta de pré-natal. Ela está no sétimo mês. Tudo errado. A fada madrinha não anda mais com sua varinha de condão porque tem medo dos assaltos. Um dia ela encontrou a Cinderela numa parada de ônibus mas não pôde fazer nada. Estava sem a varinha e tão desconfiada do sujeito mal encarado à sua esquerda que não conseguia prestar atenção em mais nada. Na verdade mal reconheceu Cinderela daquele jeito, grávida, triste e sem esperanças. Se bem que o que poderia ter feito: o príncipe nem mora mais lá...

 

Esta sopa ficou pronta às 7:46 PM

 

sexta-feira, abril 09, 2004

BODAS DE CERÂMICA

Ontem ouvi mais uma das bizarrices que me perseguem. Uma colega do trabalho tinha que sair mais cedo para buscar o presente de aniversário de casamento dos pais dela. Eles estavam fazendo 45 anos de casados e o pai deu de presente para a mãe uma reforma da casa, com direito a um banheiro renovado, todo branco. Entretanto ele não quis trocar as louças do banheiro e apesar de tudo ser branco, o vaso era o antigo vaso azul... A idéia dele de manter o vaso azul que já fazia parte da família perturbava a mulher e desencadeou uma crise privada... justamente por causa da privada. A filha resolveu dar de presente para a mãe, então, um vaso sanitário branco e comprou um vaso australiano. Aí vem a parte bizarra (como se dar uma privada de presente de aniversário de casamento fosse normal)... Ela comprou o tal vaso com sistema de dupla descarga ecologicamente correta e me contou sobre toda a tecnologia que precede o ato de despachar os dejetos... Os vasos são testados com cocôs falsos, feitos de farinha de trigo e aveia, imagino que em vários tamanhos, consistências e formas. Algo do tipo bolinhas, geléia, torpedos e a famosa versão anaconda pegajosa. O tal vaso dual economiza um bocado de água, e tem a descarga "xixizinho" ou "xixizinho mais bolinhas" que usa apenas três litros de água para despachar cargas leves. E a descarga semi-power, que usa seis litros para despachar produções mais respeitosas... Comparados com os 13 litros de uma descarga normal, fico a imaginar que a versão anaconda pegajosa, criada a feijoada com farofa e torresmo, e que só vai embora com uma novena rápida rezada ali no WC, seguida de 3 cargas de 13 litros nas fuças, deve rir da cara do vivente que aperta o botãozinho dos seis litros...
Será que os australianos fazem cocô como ovelhas?

 

Esta sopa ficou pronta às 5:09 PM

 

quinta-feira, abril 08, 2004

PERDIDO E MEIO


Todo mundo se perde às vezes. Garanto que você já se perdeu, ou perdeu as perspectivas, as estribeiras, a cabeça. Não digo que não me perderei mais, mas acho que aqueles desvios de rota (se é que existe alguma rota mesmo) graves, longos e penosos são uma coisa que ficou num passado distante... ma non troppo. Até porque não sou tão velho assim.
Das lições que a vida ensinou, muitas, muitas mesmo, talvez as mais importantes, foram aprendidas fora da estrada, longe da rota, em descampados ermos, em rios turbulentos, em meio a queda de um abismo (daqueles com h...). Acho, na minha insignificância, que a vida é assim mesmo, que as lições vem de leve, numa boa, mas se você não aprende e perde o rumo apesar dos conselhos nem sempre sutis, muitas vezes diretos, a vida vem te buscar e te puxa violentamente pelo braço, te olha na cara furiosa e grita muito. Grita te olhando no fundo da alma. Te sacode. Te trata como o filho desobediente, te xinga, te diz na lata que você é muito burro mesmo. Te dá de novo a opção de voltar pro caminho, te mostra o mapa. Mas nessa hora você já está longe, mas agora acordado. Olha pra todos os lados e, se já tiver aprendido a lição sobre a mãe das virtudes, seja por bem seja por mal, vai saber que nada vai ser muito rápido ou simples. Você está longe, e isso é bom. No caminho você vai ter tempo de organizar as idéias, de pensar nos seus novos valores, de planejar como seguirá a viagem. Já fui muito impulsivo, muito mesmo. Já caí no abismo, já estive no meio do deserto e consegui achar a estrada de novo. Já fui outras coisas, piores. Já fiz pessoas que me amam sofrerem. Mas a vida me sacudiu me olhando na cara. Eu entendi o recado. Sigamos. Pé na estrada.

 

Esta sopa ficou pronta às 4:57 PM

 

DO DESTINO E OUTRAS COISAS

Eu achava minha primeira chefe muito boa. E ela era. E é até hoje. Um anjo de pessoa. Competente, inteligente, gente, gente mesmo. Eu acreditava em mim, ela acreditava mais do que eu. Meu segundo chefe tinha um sub chefe. Faziam o estilo "good cop, bad cop". O sub chefe se fingia de bonzinho mas era um sacana f.d.p.. O chefe mesmo era o presidente da associação interplanetária dos f.d.p.. Nem se dava ao trabalho de fingir. Péssimos 5 anos. Eu acreditava em mim. Eles acreditavam na minha utilidade e dedicação incondicional. O foda é que só me dei conta de tudo isso, assim conscientemente, depois que sai do convívio deles. Se bem que se fosse foda era bom. Foi uma merda, em verdade. Passou. Meu terceiro chefe, ela, é um anjo também. Meio distante, me deixa bem à vontade mas controla a produtividade. Como não deixo a desejar fico sempre numa boa com ela. Me deixou conhecer outros chefes. Acreditava em mim numa fase em que eu quase não acreditava mais em nada ou ninguém. Me fez caminhar de novo. A quarta era outra santa criatura, chefe que sabe ser dura quando precisa, que aperta os lerdos, faz eles correrem e valoriza os rápidos de raciocínio. Odeia injustiças e não deixa que seus supervisionados sejam explorados. Briga por eles. É uma chefe cão-de-guarda. Fiel e eficiente. Eu já acreditava em mim de novo, ela me dava confiança e fortalecia minha auto-estima. Meu atual chefe parece de brincadeira. Acho que como paguei os pecados naqueles cinco anos, acabei tendo o direito a isso, uma trinca de reis. Brinca, planeja a longo prazo, organiza e supervisiona sem ser uma mala. Uma beleza. Com o primeiro chefe eu trabalhava numa área, com o segundo em outra, parecida, mas outra. Com o terceiro consegui me livrar de amarras que tinha no passado, no segundo chefe. Resolvi mudar de carreira, estava no bagaço, psicológicamente falando. Ela apoiou. Foi decisiva. Deu o empurrão que me faltava. Mais uma injeção de auto-confiança e ligou de novo o botão turbo da minha iniciativa. Me mandou pra fora do país. Explorei novas possibilidades, conheci pessoas novas, conheci outro mundo. Conheci meu atual chefe. Fui contratado e fiquei aqui. Hoje trabalho numa área em que sinceramente, não imaginei trabalhar. O passado, deixou memórias e um bocado de aprendizado. Nenhuma mágoa. O presente, faz-me rir, porque é muito irônico estar onde estou, fazendo o que estou fazendo. E o futuro, só prá plagiar a música, é tão brilhante que preciso de óculos escuros. Pelo menos até a próxima curva. Não me invejem. Acreditem em vocês como eu acredito em mim, mesmo depois de serem atropelados por um rolo compressor! Ou dois.

 

Esta sopa ficou pronta às 1:58 AM

 

quarta-feira, abril 07, 2004

UNBREAKABLE

Já repararam que esse blog é inquebrável? Não tem arquivos com links externos. Não tem figuras. Não tem nada que quebre... Porque texto, felizmente, não quebra. Só tem quebra de linha. Mas isso nem dói. Dói nada.

 

Esta sopa ficou pronta às 7:14 PM

 

CORTES E MAIS CORTES

Marco hora pra cortar o cabelo. Estou meio nervoso, afinal é num novo lugar, mais perto do trabalho - porque eu costumava atravessar a cidade para cortar o cabelo - e certas mudanças podem ser traumáticas. Cheguei lá e a simpática nicole me comprimentou, e pude observar a quantidade de band-aids nas suas mãos. muitos... depois de lavar meu cabelo - uma das coisas que eu podia fazer todos os dias, ter alguem que lavasse o meu cabelo naquelas pias de deitar, tão bom! - e trocar os band-aids que molharam ela me comentou que tinha se cortado. Eu, já levemente assustado perguntei: mas foi aqui, com a tesoura ou cozinhando. Rezei para que a resposta fosse cozinhando, mas não, ela disse sorridente que vivia se cortando com as tesouras. Sorri, amarelo, e recomendei que cuidasse com minhas orelhas então, já que eu só tinha essas duas, pequenas, e que se ela diminuísse elas mais ainda eu ia parecer um alien. Ela me disse que nunca tinha cortado um cliente, só os dedos dela mesma. Eu agradeci, pelos outros... Completamente cagado fechei os olhos e esperei ela terminar o corte... de preferencia sem cortes. De vez em quando espiava pra ver se nao escorria sangue de mim, mas felizmente tudo acabou bem. O corte ficou legal, melhor que das outras vezes e virarei cliente da casa. De preferencia um pouco mais calmo.

 

Esta sopa ficou pronta às 4:01 PM

 

SAPATOS

Conversa de corredor sobre os sapatos masculinos. Depois de um elogio que uma colega fez aos meus sapatos perguntei o que ha muito tempo queria saber: o que é ou, melhor, de onde vem essa obsessão das mulheres pelos sapatos masculinos?
Ela disse que não sabe explicar, mas que sempre, sempre repara nos sapatos dos caras. Aliás nos sapatos de qualquer pessoa, segundo ela, mas principalmente nos caras. Continuei na dúvida. O que há de tão charmoso em ser lacônica? Eu não vejo charme nenhum.
Voltando aos sapatos. Eu mesmo tenho um par de velhos e confortáveis hush puppies, comprados nos idos de 1997 e que me acompanham até hoje. Eu gosto deles. São velhos, eu sei, mas eu gosto. Já visitaram o sapateiro por duas vezes, foram recosturados e colados. O forro está se indo, mas eles são tão confortáveis e eu gosto tanto deles... Não consigo jogá-los fora. Apesar dos protestos da menina da sopa e eventualmente da minha mãe...
Concordo que sapatos furados ficam realmente mal... e tenho aquela velha restrição às havainas. Mas no mais, acho que sapatos não me chamam muita atenção, a não ser que sejam muito feios. Se bem que acho que... peraí... de repente eu presto atenção a sapatos muito feios ou muito bonitos, e deixo os meio-termos na classe dos ignorados, ou seja, informação que não vai chegar a ocupar espaço no meu HD. Mas as mulheres, essas sim, não deixam um par de sapatos passar desapercebido. Alguém me explica?

 

Esta sopa ficou pronta às 3:10 PM

 

terça-feira, abril 06, 2004

DAS IDÉIAS PERDIDAS

Devo ser a milionésima pessoa a fazer essa pergunta, mas vou fazer mesmo assim: Para onde, diabos, vão as idéias perdidas? Falo daquelas que a gente tem e perde, esquece, ou seja lá como você queira chamar. Idéias sumidas, que passam pela nossa cabeça e somem no meio do nada. Ou do tudo... da zona que é o dia-a-dia. Já li em algum lugar que as idéias, as grandes idéias, dessas que nem sempre a gente tem, ocorrem simultâneamente nas cabeças de várias pessoas, como se fosse um sopro da musa multiplicado randomicamente ao redor do globo. Deve ser por isso mesmo, porque as idéias se perdem na confusão com tanta frequência que vários precisam recebê-la pra que haja um mínimo de aproveitamento. As idéias são abstratas demais e esse é o erro delas... e são vaidosas. Precisariam ser um pouco mais palpáveis, mas vêm assim, etéreas, sorrateiras e fingindo-se tímidas. Querem ser conquistadas, cortejadas imediatamente, paparicadas. Ficam esgueirando-se pelos cantos, espiando pelas frestas da mente e se escondendo quando andamos em direção à elas. Piscam os olhinhos e sorriem enquanto correm pelo corredor dando gritinhos, fugindo numa brincadeira inconsequênte. E se perdem, por elas mesmas... e quando olham prá trás já estão sozinhas. Mas e daí, o que fazem? Será que pulam para a cabeça de outro e tentam se mostrar um pouco mais, deixando de lado as exigências. E se fazem isso não parecerão fuleiras e indignas? Por isso ficam perdidas, perâmbulando por aí e quem sabe não se desmaterializam por completo num fim de tarde, num engarrafamento, numa poça de água... Ou será que num último esforço para chamar atenção se agarram num jornal velho que voa em círculos num beco qualquer e se revelam. Será isso? Será essa a resposta? Será que os jornais velhos, meio rasgados que revoam nesses redemoinhos metropolitanos na verdade arrecadam essas idéias que numa última tentativa, já sem forças, tomam a forma de textos, e ficam ali, nunca lidas, se passando por notícias velhas, parecendo apenas papel sujo para um varredor de rua desinteressado, uma distração para um cachorro abandonado que as persegue pela rua, ou terminando como combustível para abastecer a fogueira que aquece a família miserável em baixo do viaduto. Idéias materializadas, numa tentativa de chamar a atenção. Enfim úteis, mas para sempre perdidas de sua essência.
Vaidosas demais como tantos de nós.

 

Esta sopa ficou pronta às 12:18 AM

 

segunda-feira, abril 05, 2004

MENINA DA LUA

"Leve na lembrança a singela melodia que eu fiz pra ti, ó bem amada, princesa, olhos d'água, menina da lua. Quero te ver clara, clareando a noite densa deste amor. O céu é teu sorriso, no branco do teu rosto a irradiar ternura. Quero que desprendas de qualquer temor que sintas. Tens o teu escudo, o teu tear. Tens na mão, querida, a semente de uma flor que inspira um beijo ardente, um convite para amar. Leve na lembrança a singela melodia que eu fiz pra ti, ó bem amada, princesa, olhos d'água, menina linda."
Renato Mota

 

Esta sopa ficou pronta às 2:46 PM

 

SANTA BIZARRICE, BATMAN


E eu que achei a notícia dos morcegos assassinos do Pará estranha na notinha da CNN na minha televisão sábado (e depois de ler a notícia descobri que era um pouco menos assustadora do que parecia) dou de cara com isso e fico achando que tá todo mundo louco mesmo...

 

Esta sopa ficou pronta às 2:37 PM

 

domingo, abril 04, 2004

SON COSE DE LA VITA

E o italiano ó...
Acabo de voltar de um churrasco, coisa rara por aqui, principalmente desses feitos com espetos e carvão, como manda o figurino... mesmo assim, domingos são ruins, já disse antes. Vou me fechar no mundinho do livro que estou lendo pra ver se me engano um pouco mais.
Ontem fiz uma coisa muito divertida. Uma guy's night in: video-game, chimarrão, música e papo furado. Faziam no mínimo dez anos que eu não jogava vídeo game e fiquei abobado com o tal de X BOX. Ducaralho!!! Jogamos até dar sono. Lutinhas de mulher, massacres num jogo de estratégia e corrida de carrinhos. Os nomes eu não sei, mas foi engraçadíssimo, até porque eu não era o único que não pegava num joystick há tempos. Mas domingo é dose...

 

Esta sopa ficou pronta às 7:58 PM

 

sábado, abril 03, 2004

AMOR À PRIMEIRA VISTA

Menina da sopa, não se preocupe, não é nada disso que você está pensando. Mas é bom!
Ontem fui numa festa muito boa e finalmente, depois de muito tempo (muito mesmo...) por aqui, chegando à conclusão que já estou velho pra vazer amigos, conheci três pessoas muito divertidas e que tem tudo a ver comigo. Grande potencial pra uma grande amizade. Interesses em comum, simpatia, bom humor fora do parâmetro e, o detalhe final: de Porto Alegre! Ganhei a noite mesmo. Incrível foi que quando vi X, primeiro achei com cara de camarada, depois achei que já conhecia ele e logo engatamos um papo muito animado descobrindo que temos muita coisa em comum, inclusive amores no Brasil. Na mesma cidade! Já combinamos de apresentá-las logo. Menina da sopa, tens que conhecer a cara-metade de X. Em seguida, e por intermédio de X, fui apresentado a A e B. Casal do bem, animado, sorridente, tudo que se precisa nesta terra de sorrisos em tons pastéis e amizades mornas. Ele está estudando na mesma universidade em que eu trabalho, mas em outra área. Ela é inteligente e engraçada. Super crítica e com um humor afiadíssimo. Nos divertimos muito! Ganhei a noite, três novos telefones na listinha e um alívio grande por saber que essa terra tem mais potencial do que eu esperava. Gente divertida, finalmente, parecida comigo e tri a fim de tomar um chima nos finais de semana. E olha que isso é raro. Dá pra contar nos dedos as pessoas com que me afinei nesse tempo todo que estou aqui. Tô feliz! Bom sábado.

 

Esta sopa ficou pronta às 12:32 PM

 

sexta-feira, abril 02, 2004

O FILHO


Eu fui daqueles filhos que requerem uma dose elevada de energia dos pais. Eu não dormia de noite, eu não dormia de dia. Eu não chorava, mas não dormia. Eu não parava. Já maiorzinho, quando não estava inventando estradas de rali no jardim lá de casa, munido de pá e carregando pedrinhas da rua para fazer as canchas de cascalho das curvas, estava montando robôs com caixas de sapato e a sirene da ambulância a pilha que eu desmanchei pra colocar no peito do dito... Obviamente a ambulância nunca mais foi a mesma, mas do robô até foto temos. As pedrinhas ficaram lá no gramado e lembro de uns dias depois ouvir os primeiros palavrões feios da minha vida, quando o jardineiro foi consertar o meu estrago no jardim e cortar a grama e foi metralhado pelas pedrinhas que saiam de baixo da máquina... Foi algo do tipo: P.Q.P. quem foi o F.D.P. de encheu o gramado dessas P. pedras do C.! Fiquei sem entender e fui perguntar pra mãe o que queria dizer aquilo tudo. Não lembro da resposta. Talvez porque ela não tenha respondido... sabiamente.
Eu também brincava de esconde-esconde dentro de casa nos dias de chuva. Alguma coisa relativa à minha paixão por televisão me fazia esconder o meu irmão dentro de um armário vermelho e deixá-lo lá, fingindo que procurava-o nos intervalos da sessão da tarde (ou seja lá o que eu assistia...) sem nunca, nunca encontrá-lo. Hoje tenho a impressão de que ele passava horas no tal armário, mas sei que o tempo prás crianças tem uma outra dimensão, então pode ser que ele ficava lá só alguns minutos. Sei lá... Era o suficiente pra eu me achar muito esperto, e ver TV sozinho.
Ele também foi vítima de muitas das minhas maldades - estou achando que eu era uma criança ruim... - como provar aguá sanitária, pular da sacada (eu prometi que pulava depois, mas na verdade só queria saber se ele sobreviveria e nunca pulei, mas ele viveu.) e finalmente, num golpe de mestre, fiz o favor de ajudá-lo a descobrir que seria doado para a "sociedade de caridade para famílias sem filhos". Nesse dia, após contar-lhe a triste notícia, eu ajudei-o a arrumar sua malinha planejamos sua fuga de casa, a fim de livrá-lo da possibilidade de ser doado a outra família. Quando minha mãe chegou em casa estavamos nos despedindo na porta. Ele de mochilinha nas costas, chorando, com uma mapa da casa da vó na mão. Eu me lembro que estava eufórico: pai e mão só pra mim, tv só pra mim, todos os playmobils só pra mim.... Eu não me lembro das sequências seguintes, mas me lembro de ser obrigado a pedir desculpas pra ele depois de passar três semanas trancado no banheiro fazendo massinha de papel higiênico com a água da pia. Essa dimensão de tempo para crianças deveria ser melhor explorada... O momento culminante foi o da dissolução eterna da "sociedade de caridade para famílias sem filhos". Eu, como diretor fundador tive que comunicar a ele que a sociedade não existia mais. Vejam só, mais uma instituição benemerente riscada do mapa por interesses alheios. O que essas pessoas tem contra o socialismo?
Se eu tivesse um filho como eu, eu iria rir muito, entre uma crise de dor de cabeça e outra. Ou quando ele (eu) estivesse trancado na jaulinha.

 

Esta sopa ficou pronta às 1:56 PM

 

quinta-feira, abril 01, 2004

SOPA (de mim)


Prá dormir com os anjos. Deito na cama e penso no dia que passou. Nem foi tão ruim. Penso no que fiz, cada momento. Até que as coisas funcionaram. Penso nas pessoas legais que convivem comigo, penso nas caras desconhecidas que vi pela rua. Povo simpático, colegas prestativos. Penso nos amigos que estão longe, na família. Aposto que eles também pensam em mim. Penso nela. Sintonia. O pensamento recorre. E de novo. Ouço a voz. Será que ela me ouve? Sinto o cheiro. Abraço o travesseiro, companheiro dessas horas tristes. Companheiro silêncioso. Confidente. Penso que é só mais um pouquinho. Que já vai passar. Conto as batidas de coração que nos separam. Um, dois, três... Adormeço em algum lugar dessa estrada.

 

Esta sopa ficou pronta às 2:09 AM

 

DA ARTE DA PALAVRA

Alguém me confessou isso dia desses e vou ter que concordar, mais uma vez, e publicamente: "Quando leio certos blogs fico com vergonha do meu."

 

Esta sopa ficou pronta às 12:51 AM

 



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