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terça-feira, abril 06, 2004

DAS IDÉIAS PERDIDAS

Devo ser a milionésima pessoa a fazer essa pergunta, mas vou fazer mesmo assim: Para onde, diabos, vão as idéias perdidas? Falo daquelas que a gente tem e perde, esquece, ou seja lá como você queira chamar. Idéias sumidas, que passam pela nossa cabeça e somem no meio do nada. Ou do tudo... da zona que é o dia-a-dia. Já li em algum lugar que as idéias, as grandes idéias, dessas que nem sempre a gente tem, ocorrem simultâneamente nas cabeças de várias pessoas, como se fosse um sopro da musa multiplicado randomicamente ao redor do globo. Deve ser por isso mesmo, porque as idéias se perdem na confusão com tanta frequência que vários precisam recebê-la pra que haja um mínimo de aproveitamento. As idéias são abstratas demais e esse é o erro delas... e são vaidosas. Precisariam ser um pouco mais palpáveis, mas vêm assim, etéreas, sorrateiras e fingindo-se tímidas. Querem ser conquistadas, cortejadas imediatamente, paparicadas. Ficam esgueirando-se pelos cantos, espiando pelas frestas da mente e se escondendo quando andamos em direção à elas. Piscam os olhinhos e sorriem enquanto correm pelo corredor dando gritinhos, fugindo numa brincadeira inconsequênte. E se perdem, por elas mesmas... e quando olham prá trás já estão sozinhas. Mas e daí, o que fazem? Será que pulam para a cabeça de outro e tentam se mostrar um pouco mais, deixando de lado as exigências. E se fazem isso não parecerão fuleiras e indignas? Por isso ficam perdidas, perâmbulando por aí e quem sabe não se desmaterializam por completo num fim de tarde, num engarrafamento, numa poça de água... Ou será que num último esforço para chamar atenção se agarram num jornal velho que voa em círculos num beco qualquer e se revelam. Será isso? Será essa a resposta? Será que os jornais velhos, meio rasgados que revoam nesses redemoinhos metropolitanos na verdade arrecadam essas idéias que numa última tentativa, já sem forças, tomam a forma de textos, e ficam ali, nunca lidas, se passando por notícias velhas, parecendo apenas papel sujo para um varredor de rua desinteressado, uma distração para um cachorro abandonado que as persegue pela rua, ou terminando como combustível para abastecer a fogueira que aquece a família miserável em baixo do viaduto. Idéias materializadas, numa tentativa de chamar a atenção. Enfim úteis, mas para sempre perdidas de sua essência.
Vaidosas demais como tantos de nós.

 

Esta sopa ficou pronta às 12:18 AM

 



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