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sexta-feira, abril 16, 2004

BABEL


Nessa cidade em que vivo, mais de 160 idiomas são falados. Acho o idioma daqui prático e eficiente. Conciso. Uma linguagem de negócios, sem firulas, e sem praticamente nenhuma poética. Alterno minhas leituras entre o português e o inglês - falo dos livros categoria lazer - e hoje, depois de acabar de ler um livro ótimo na língua gringa, comecei a ler um livro que eu já tinha começado mas não sei porque abandonei nas primeiras páginas. Depois de reler as primeiras páginas, do pequeno capítulo entitulado Cadernos de Manuela fechei o livro de Letícia Wierzchowski extasiado e pensei que não existe nada mais belo que a língua portuguesa escrita, bem escrita. A poética das palavras que se aglomeram em harmonia e formam descrições vivas de tempos idos é inigualável. Letícia escreveu o Casa das Sete Mulheres enquanto estava grávida, e isto pode ter aumentado a sensiblidade dela. Independente disso ou de qualquer coisa é uma leitura que enche o coração.
Mas agora o livro está ali fechado, a vida segue nos moldes mais práticos, sem casas de estância, sem romance no céu noturno, sem flores nos pampas tão distantes. Mas é bom saber que tudo isso continua lá, a apenas algumas horas de Porto Alegre, esperando para o dia em que voltaremos cansados da guerra que de alguma forma persiste mesmo séculos depois da heróica aventura de Bento. Voltaremos para sentar na varanda da estância e constataremos que guerra, paixão e tristeza em língua portuguesa tem outro sabor, muito mais acentuado e muito melhor. Aqui até a poesia é blasè.

 

Esta sopa ficou pronta às 12:17 PM

 



SOPA






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