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terça-feira, abril 20, 2004

SOPA DE CUCA

Estou numa cruzada de estudos que há muitos eu não via. E olha que eu gosto de estudar (afinal, tenho feito isso nos últimos... deixe-me ver... 22 anos!) Mas agora eu juro, é a última virada radical na minha carreira (tenho até medo de jurar...), porque esta está dando um trabalho do cão. Nunca li tanto na minha vida e acabo de começar a fazer esquemas pra pendurar no painel aqui na minha frente (o que me lembra vagamente desses meus últimos 22 anos...). Como sei que logo, logo pego no tranco e deslancho nessa área, estou mais ou menos tranquilo. Mas, o propósito deste escrito é falar sobre a capacidade de adptação do cérebro humano. Fico impressionado, muitas vezes, com essa adaptabilidade. Demora um pouco, mas com certo esforço podemos nos acostumar com o que até há pouco era desconhecido, aceitar novos paradigmas e incorporar teorias que fariam pouco sentido horas atrás. Certa feita (ainda nos tempos em que eu lia qualquer coisa que me colocassem nas mãos, sem muito critério) li um livro muito doido, ou melhor, de um cara muito doido (um desses gênios da epistemologia, na verdade), chamado Paul Feyerabend, aluno de Karl Popper (sentiu o drama?), que dizia o seguinte, num palavreado um pouco mais culto do que eu vou usar aqui...: métodos e teorias substanciadas nao servem de nada e apenas atravancam o progresso da ciência, o melhor instrumento para a formulação de novos conhecimentos é uma cabeça aberta, sem muros ou fronteiras, sem muito apego a qualquer regra.
O cara era claramente um anarquista da ciência - no mínimo, já que não vale a pena entrar em outros contextos.
As idéias desse cara fizeram a minha vida mais simples, menos cartesiana (acho que se Feyerabend e Decartes fossem contemporâneos, já teriam se esbofeteado seriamente numa esquina qualquer...) e neste momento facilitam a minha trajetória prá um lado bem menos objetivo da ciência.
Resumo da ópera, pra quem acha que eu estou viajando na maionese: tudo na vida tem motivo e razão de ser, nada parece ser por acaso, e mesmo aparentes inutilidades (como a leitura de um livro doido de um cara de nome estranho com teorias anarquistas aplicadas) acabam sendo extremamente úteis na trajetória de cada um.
Conselho prático: quando o trem passar na estação, não fique sentado no banco esperando, suba no trem, ele provavelmente vai te levar a algum lugar, onde você vai aprender alguma coisa que vai ser útil mais cedo ou mais tarde.

Ou, nas complicadas palavras de Feyerabend: "(...)Quis libertar as pessoas da tirania dos obscurentistas filosóficos e dos conceitos abstratos de "verdade", "realidade" ou "objetividade" que estreitam a visão das pessoas e seus modos de vida. Formulando o que me pareciam ser minhas próprias atitudes e convicções acabei, infelizmente, introduzindo conceitos de semlhante rigidez como "democracia", "tradição"e "verdades relativas". Agora que tenho consciencia disso, me pergunto como isso foi acontecer. A necessidade de explicar minhas próprias idéias, sem simplicidade, sem utilizar uma história, mas através de relatos sistematicos, é verdadeiramente poderosa."

E eu não sou doido, só estou no meio de um brainstorm... pardon moi.

 

Esta sopa ficou pronta às 2:27 PM

 



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