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tens algo a dizer? A Minha sopa. Olá. Quem sou eu? Sou o cara da sopa. Já nem sei mais se sou um cara normal. Sou, com certeza, um cara comum, mais um. Acho que já não posso ser considerado muito novo, não cozinho mais na primeira fervura, mas também não sou muito velho ainda. Pelo menos pensar isso é agradável. As idéias, as de hoje pelo menos, ainda estão na cabeça. As de ontem não sei onde foram parar. Apesar de ser interessante acreditar que escrevo porque me dá prazer, já penso que escrevo quando me sinto sozinho. Apenas mais uma mídia. Estou em algum lugar, que não vem ao caso e neste momento posso estar, ou não, comendo sopa. Prove e me diga o que pensas. Mas vá com calma que a sopa pode estar quente, ou fria, ou não ser do seu agrado. Seja camarada. E lembre-se, é sopa, só sopa, nada mais. Não estrague o seu dia por causa da sopa. B Um aviso: A resposta é não. C Outras sopas C2 Estágio probatório de sopas
D Sopas passadas 03.2004 04.2004 05.2004 06.2004 07.2004 08.2004 09.2004 10.2004 11.2004 12.2004 01.2005 02.2005 03.2005 04.2005 05.2005 06.2005 07.2005 08.2005 09.2005 10.2005 12.2005 06.2006 06.2007 10.2008 09.2011
E Livestrong |
quinta-feira, abril 22, 2004BEBUNS NÃO TOMAM SOPATrabalho num centro de pesquisas em saúde mental e adições. Adoro (ou melhor, me divirto) dizendo por aí que trabalho com drogas. As pessoas ficam de olhos esbugalhados com afirmativas desta natureza em meio a uma conversa sobre um porre ou um teto. Rio, já que nunca vi muitas delas de perto ("muitas", repare que não sou tão careta assim, mas tem coisas que ainda não passaram aqui pelo corpinho do papai, e provavelmente não vão passar... viu?). Bem, como estou na meca, vejo todos os discípulos, com frequência. Hoje no bonde, rumo ao cinema pós-trabalho (fui assitir o final de Kill Bill) chama minha atenção o odor de birita dentro do recinto. Viro minha cabeça molhada pela chuva que caía aos cântaros lá fora e acompanho o seguinte diálogo, levemente fragmentado pelo barulho da rua, entre quatro mendigos, sentados no fundo do vagão, encharcados, com água pingando dos cabelos. criatura 1: tá chovendo em mim. (era a água pingando do cabelo dele, obviamente não chove dentro do bonde...) criatura 2: tá nada.(de boné) criatura 3: tá sim. chove em mim também! (mais um de cabelo molhado) criatura 4: aqui onde estou nem chove, sou mesmo um perdedor... (cabelo seco) 1: perdedor nada, perdedor sou eu que paguei 2,25 pra entrar nesse bonde e nem ganhei um guarda chuva de plástico na entrada... (todos concordam, tanto os de cabelo seco/boné, quanto os de cabelo molhado.) 3: eu não sou perdedor, eu sou vencedor. (chove em mim, mas acho que é efeito da cocaína... sim, porque pra se achar um vencedor no estado em que estava, tem que ter dado uma de aspirador de pó na buena) 4: você nem sabe o que é um vencedor, como quer ser um? 2: vencedores dirigem mercedes e fumam charutos! (afirmando cheio de propriedade: o incrível poder da oratória, até eu vizualizei o vencedor e me senti meio perdedor, olhei pela janela para ver se tinha um bacaninha de mercedes fumaceando o estofado novo mas logo o cheiro voltou e recobrei os sentidos.) 1: nunca fumei charuto! (seguido de acordes dos demais companheiros) 4: e eu que não sei nem dirigir! 3: somos todos perdedores... é isso, e assunto encerrado. 2: encerrado uma ova, ele é pior! (referindo-se a 4) ele fede! 3: é, você precisa de um banho, você fede muito! (nesse momento descobri a fonte do cheiro ruim, embora acredite que todos fediam em iguais doses...) 4: eu não tenho nem casa... sou o mais perdedor de todos. (realmente, ele era no mínimo o mais pessimista...ou realista) 2: é, você está mais longe da mercedes do que nós. podemos te arrumar um charuto, isso te ajudaria. 4: não sei, não... com essa chuva, ia molhar e não ia acender nunca mais! Depois dessa, achei os diálogos do Tarantino tão normais!
Esta sopa ficou pronta às 12:25 AM
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