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tens algo a dizer? A Minha sopa. Olá. Quem sou eu? Sou o cara da sopa. Já nem sei mais se sou um cara normal. Sou, com certeza, um cara comum, mais um. Acho que já não posso ser considerado muito novo, não cozinho mais na primeira fervura, mas também não sou muito velho ainda. Pelo menos pensar isso é agradável. As idéias, as de hoje pelo menos, ainda estão na cabeça. As de ontem não sei onde foram parar. Apesar de ser interessante acreditar que escrevo porque me dá prazer, já penso que escrevo quando me sinto sozinho. Apenas mais uma mídia. Estou em algum lugar, que não vem ao caso e neste momento posso estar, ou não, comendo sopa. Prove e me diga o que pensas. Mas vá com calma que a sopa pode estar quente, ou fria, ou não ser do seu agrado. Seja camarada. E lembre-se, é sopa, só sopa, nada mais. Não estrague o seu dia por causa da sopa. B Um aviso: A resposta é não. C Outras sopas C2 Estágio probatório de sopas
D Sopas passadas 03.2004 04.2004 05.2004 06.2004 07.2004 08.2004 09.2004 10.2004 11.2004 12.2004 01.2005 02.2005 03.2005 04.2005 05.2005 06.2005 07.2005 08.2005 09.2005 10.2005 12.2005 06.2006 06.2007 10.2008 09.2011
E Livestrong |
segunda-feira, abril 26, 2004DO LADO DE DENTROJulgar sem conhecer é simples. Na verdade é simplista, desconsidera as conjunturas, as quadraturas e as amarras, que não rimam, mas são duras, com certeza. Elogiar sem conhecer é igualmente redutor. Não se sabe bem se tudo funciona daquele jeito, se as coisas são realmente como nos contam e se a prática corresponde, mesmo que de longe, à teoria. * Sofia foi criada para ser bela, educada, assitir a doze peças de teatro por ano e ler dois romances por mês. Foi ensinada a ler os jornais do dia, três deles, e discutir política social com os amigos. Ela assitiu a palestras sobre igualdade, liberdade, fraternidade. Ganhou uma coleção de livros sobre as filosofias das religiões aos quinze anos. Foi enviada a Paris para aprender sobre música e arte e já está há três anos no Tibet fazendo trabalhos voluntários. * Sofia já fez três cirurgias plásticas, removeu culotes, arrumou o nariz e colocou silicone. Está bela. Nunca foi ao teatro, gastava o dinheiro com roupas e nunca leu nada que se encontrasse fora das prateleiras de auto-ajuda ou que tivesse mais de 12 páginas. Era viciada em horóscopo e coluna social desde os oito anos. Lia isso nos três jornais da sua cidade, sim. Discutia a coluna social com as amigas pelo telefone. Isso quando não estava no cabelereiro discutindo a novela das ooito com a manicure. No ciclo de palestras sobre os ideais da revolução francesa ela conheceu uma francesa com quem experimentou o sexo com igualdade pela primeira vez. E cocaína. No segundo dia da palestra ela exerceu sua liberdade dormindo o tempo todo, estava acabada, pobrezinha. No terceiro, ela estava fraternal demais e resolveu ficar abraçada em si mesma, em casa, depois de ter cheirado cinco carreiras de pó. Aos quinze anos ela construiu um pé de mesa auxiliar para a profusão de perfumes e maquiagem que já ocupava todo o toucador com a coleção de livros sobre sei lá o quê que ganhou do pai. Foi viajar. Em Paris ouviu muito rock-n'roll e bebeu todas com a secretária do curso de artes em que ela nunca chegou a se inscrever. Conheceu um australiano maneiro que lhe arrumou uma boca de voluntária no Tibet, onde conheceu o nirvana sob a ação de muitos outros psicotrópicos, mudou de nome, para Shandahara e esqueceu de voltar pra casa.
Esta sopa ficou pronta às 8:44 PM
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