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quinta-feira, maio 06, 2004

COISAS A FAZER

Recadinhos para mim mesmo (isso até parece um colunista da zero hora que coloca a propria 'agenda' no jornal, com coisas do tipo 'abraçar fulana de almeida pinto prado e souza, que faz anos', 'mandar flores para ciclaninha de albuquerque rezende, que inaugura nova loja', 'lavar o capacho de beltrana da costa leite e silva, que vai servir ostras com champagne em conquetel só para poucos e bons, sábado à noite e ainda não me convidou'...)

Buenas, vamos aos recados meus:

- lembrar que sem carro, num dia em que se está com um desarranjo intestinal terrível, não se vai à uma loja - mesmo que seja a ikea - que fica a duzentos quilômetros de casa, comprar um par de prateleiras de dois metros de comprimento.
fazer força carregando tralhas no metrô nessas condições pode ser desatroso. isso é um recado para a vida. é favor não esquecer.

- aproveitar que os dias estão mais quentes, enfim, e acordar mais cedo pra ir correr na beira do lago. fazer pelo menos uma atividade de gente fina, elegante e sincera já no início do dia deve dar uma boa impressão à alma. e enxuga uns quilos, e dá mais disposição e evita que se tenha que correr na hora do rush numa esteira de academia olhando para o treino da equipe de salto com vara... acabar o dia olhando vara é dose.

- pensar que se não deu pra correr de manhã - porque não acordou, não tava a fim ou não foi mesmo porque não costumas ser muito ativo pela manhã - corre-se de tarde, depois da academia, na beira do lago. terminar o dia fazendo uma atividade de gente fina, elegante e sincera deve dar uma boa impressão ao que sobrou da alma, depois de um dia de trabalho. e evita as varas, aquelas.

- lembrar que aquelas duas horas assistindo um coitado falar sobre aquele trabalho mais do que bobalhão que colocaram na minha mesa com um convite não recusável - dizia: 'favor comparecer para dar uma mão ao menino, assinado, seu chefe' - vão servir como uma luva para eu exercitar meus novos exercícios de controle de raiva específica e respiração purificadora, além de permitir que eu aprimore minha nova técnica de contenção de ímpetos assassinos agudos e minhas tendências ao esquartejamento mental de antas acerebradas.

- não esquecer, nos momentos críticos, que depois de quinta vem sexta e que daí a uma semana não serei mais este homem solitário dos últimos 4 meses, celibatário por 4 meses, sexualmente carente por 4 meses, escabeladamente irritadiço por 4 meses e mentalmente perturbado por imagens impuras durante as 24 horas do dia dos últimos 4 meses. enfim!

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

Fernando Pessoa, 2-8-1933.

 

Esta sopa ficou pronta às 1:33 AM

 



SOPA






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