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tens algo a dizer? A Minha sopa. Olá. Quem sou eu? Sou o cara da sopa. Já nem sei mais se sou um cara normal. Sou, com certeza, um cara comum, mais um. Acho que já não posso ser considerado muito novo, não cozinho mais na primeira fervura, mas também não sou muito velho ainda. Pelo menos pensar isso é agradável. As idéias, as de hoje pelo menos, ainda estão na cabeça. As de ontem não sei onde foram parar. Apesar de ser interessante acreditar que escrevo porque me dá prazer, já penso que escrevo quando me sinto sozinho. Apenas mais uma mídia. Estou em algum lugar, que não vem ao caso e neste momento posso estar, ou não, comendo sopa. Prove e me diga o que pensas. Mas vá com calma que a sopa pode estar quente, ou fria, ou não ser do seu agrado. Seja camarada. E lembre-se, é sopa, só sopa, nada mais. Não estrague o seu dia por causa da sopa. B Um aviso: A resposta é não. C Outras sopas C2 Estágio probatório de sopas
D Sopas passadas 03.2004 04.2004 05.2004 06.2004 07.2004 08.2004 09.2004 10.2004 11.2004 12.2004 01.2005 02.2005 03.2005 04.2005 05.2005 06.2005 07.2005 08.2005 09.2005 10.2005 12.2005 06.2006 06.2007 10.2008 09.2011
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terça-feira, maio 11, 2004ESTRANHEZASSe conheceram há anos. Sabem cada pedacinho do outro de cor. Conhecem o cheiro, sabem que gosto tem, que gostos tem, que sons aprazem, que sabores satisfazem. Sabem como chamar de manhã cedo, mesmo que seja muito cedo, o tom de voz exato. Como dizer que 'não' sem magoar, como convencer o outro da mais estranha das teorias sem muitos rodeios. Sabem fazer rir como ninguém. A dose ideal de humor, o timing perfeito. Conhecem os barulhos, interpretam suspiros com exatidão e mais que isso tudo, sabem entender a língua do silêncio, os olhares e os significados por trás das ações um do outro como ninguém mais. Ninguém mais, nem nunca. Se conhecem há anos e se conhecem muito bem. Se conhecem como poucos um dia chegarão a conhecê-los. Isso é fato. Mas o que explica então as estranhezas? Duram pouco, duram minutos, mas existem, estão ali, concretas como nada mais. Eles se vêem depois de meses vividos longe um do outro, a uma distância desumana. Meses de conversas pelo telefone, de e-mails diários e de muitas, muitas saudades. Se vêem e percebem, antes de qualquer coisa, aquela sensação perturbadora, levemente desagradável e muito, muito familiar depois de um ano e meio de idas e vindas: a estranheza. Uma estranheza passageira, travestida de uma inseguraça sabidamente idiota e infudamentada mas mesmo assim perturbadora. A lógica perde o sentido, afinal eles estão ali porque se amam, porque querem se ver, porque apesar de estarem cheios de amor próprio e felizes, falta sempre aquele pedaço, aquela pessoa com quem compartilhar as coisinhas do dia-a-dia, aquele abraço apertado, aquele colo aconchegante e mesmo o silêncio que basta por si só. É ilógico, já disse, mas é concreto. Está ali, entre os dois: a estranheza. Como um fantasma ela toca ambos e materializa a ansiedade e aquele nó na garganta em si própria. Mas do mesmo modo como ela chega, sorrateira e veloz, ela é aplacada ao mais breve toque dos corpos. O encontro real daqueles que se amam e devem permanecer juntos enquanto o amor durar, enquanto a mágica existir e enquanto a estranheza, que afinal não é de todo ruim, fizer voar borboletas no estômago de cada um dos dois.
Esta sopa ficou pronta às 9:00 PM
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