A gente devia vir ao mundo com alguns acessórios de fábrica, uns pequenos gadgets tecnológicos que fariam nossa vida mais simples e evitariam muitas das atribulações a que somos submetidos. Por exemplo: um pequeno projetor que escrevesse no ar, acima das nossas cabeças a frase 'por favor, não perturbe' com letras coloridas brilhantes e giratórias, para poderem ser vistas por todos os lados. Dessa forma, quando estivermos ocupados, ou com o espírito 'por-favor-não-me-venha-com-xurumelas-que-eu-estou-sem-paciência' o projetor entraria automaticamente em funcionamento, movido à queima de de gordura corporal, trazendo inúmeros benefícios, espantando os chatos e com eles o fim das importunações oportunizando, de quebra, uma silhueta mais delgada ao fim de um dia ruim.
O segundo acessório de fábrica que deveria ser incorporado à raça humana é a 'voz megafônica'. Assim quando você tem que chamar os seus bacurizinhos que estão lá na pracinha ou correndo em direção ao mar com a ansia de quem vai atravessar o aguaredo a nado, bastaria abrir a boca e ao invés de um grito sairia uma voz megafônica plenamente audível num raio de dois quilômetros. No melhor estilo 'voz de aeroporto' você informaria aos seus rebentos, educadamente: 'Senhor carinha da sopa júnior, sua presença é solicitada, imediatamente, no guarda-sol da trópico número 368 à direita de quem sai do mar'.
A acessório 'voz megafônica' seria igualmente útil no trânsito, bastaria abrir a janela e usá-la para ofender a mãe e a tia do idiota que dormiu no cruzamento ou para amaldiçoar todos os motoristas de lotação e motoboys que cruzarem o seu caminho com uma praga antiga que faz caírem os cabelos e os pintos de todos os descendentes e ascendentes durante sete gerações.
Outro acessório prático seria o 'ânus auto-limpante'. Na verdade esse é meu sonho de consumo. Têm coisa mais chata do que limpar as partes depois de passar um fax? E pra quem tem filhos e estremece cada vez que ouve o 'mãe:tô pronto!' que significa nada mais nada menos do que 'acabei de borrar todo o banheiro e grande parte de mim mesmo e quero que você venha me limpar'. O lançamento desse acessório seria comemorado com grandes honras e com o fim da função acabou-o-papel-higiênico que pode ser agravada quando você está na casa do sogra, barreando o lavabo em dia de festa, ou o famigerado lixinho do banheiro com suas tampas penta-contaminadas, seguidos da não menos desagradável sequência borrança-mortal-requerendo-chuveiro que é sob todos os seus aspectos nada fina e nada prática. Aliás, falando nesse assunto, ontem fiquei imaginando que aquelas pessoas que quebram as clavículas e tem que ficar com os dois braços engessados em posição de garça do karatê-kid durante meses iam pagar o que pudessem pelos 'ânus auto-limpantes'. Sem falar nos pobres infelizes que precisam fazer o serviço literalmente 'sujo' nessas pobres criaturas convalescentes.
Na proxima versão eu quero vir mais completinho, com tudo isso aí.
Esta sopa ficou pronta às
3:09 PM
