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tens algo a dizer? A Minha sopa. Olá. Quem sou eu? Sou o cara da sopa. Já nem sei mais se sou um cara normal. Sou, com certeza, um cara comum, mais um. Acho que já não posso ser considerado muito novo, não cozinho mais na primeira fervura, mas também não sou muito velho ainda. Pelo menos pensar isso é agradável. As idéias, as de hoje pelo menos, ainda estão na cabeça. As de ontem não sei onde foram parar. Apesar de ser interessante acreditar que escrevo porque me dá prazer, já penso que escrevo quando me sinto sozinho. Apenas mais uma mídia. Estou em algum lugar, que não vem ao caso e neste momento posso estar, ou não, comendo sopa. Prove e me diga o que pensas. Mas vá com calma que a sopa pode estar quente, ou fria, ou não ser do seu agrado. Seja camarada. E lembre-se, é sopa, só sopa, nada mais. Não estrague o seu dia por causa da sopa. B Um aviso: A resposta é não. C Outras sopas C2 Estágio probatório de sopas
D Sopas passadas 03.2004 04.2004 05.2004 06.2004 07.2004 08.2004 09.2004 10.2004 11.2004 12.2004 01.2005 02.2005 03.2005 04.2005 05.2005 06.2005 07.2005 08.2005 09.2005 10.2005 12.2005 06.2006 06.2007 10.2008 09.2011
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segunda-feira, março 07, 2005DONA LUCYPreciso de um vidro para uma moldura. A Dona Lucy trabalha na vidraçaria. Atende o telefone gritando e me explica como chegar lá. Pegamos o carro e seguimos para o encontro. A Dona Lucy está nos seus 50 e poucos, talvez sessenta. Aproveitou bem a vida. Enquanto checa as medidas do vidro, conta que quando jovem, só "não pegava sapo porque não sabia se era macho"... nas palavras dela mesma. Dona Lucy grita ao telefone porque a serra da vidracaria está ligada, e o barulho é muito alto. Berra, mas pede desculpas ao interlocutor. Dona Lucy explica que trabalha na rua Biranugú, 98 e mas que não está querendo ofender ninguém... Conta que sonhou com uma criança, pede desculpas pela descrição que vai fazer, e diz que a criança cheirava a cocô, estava toda "cagada e ranhenta, tinha merda até na cara"... Conta que jogou no bicho em função do sonho e ganhou. Dona Lucy flerta com Seu Oscar, que vem vender o jogo do bicho, e este diz, em meio aos cinco dentes que lhe sobraram, com toda a malícia que lhe resta, que ela "está velha, mas gostosa" e que ela não é "assanhada, é apenas faceira". Ela ri, arruma o decote da blusa para mostrar mais o corpo. Entre risos e flertes com o homem desdentado, de oitenta anos, com uma camisa de rayon cor de laranja, rouba o carbono do bloco de jogo do bicho do pobre. Ele vai embora e ela conta sobre a vida da filha... O senhor do jogo do bicho volta, pra pedir o carbono de volta, ela diz que não pegou, e eu aponto onde ela escondeu o carbono. Ela grita, devolve, todos riem, ela então me passa um cartão de visitas e me convida pra aparecer pra tomar um chimarrão. Entrega meu vidro e vamos embora. Dez minutos em que achávamos que estávamos numa pegadinha. Protagonizada pela Dona Lucy e Seu Oscar.
Esta sopa ficou pronta às 11:22 AM
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