Minha sopa. Olá. Quem sou eu? Sou o cara da sopa. Já nem sei mais se sou um cara normal. Sou, com certeza, um cara comum, mais um. Acho que já não posso ser considerado muito novo, não cozinho mais na primeira fervura, mas também não sou muito velho ainda. Pelo menos pensar isso é agradável. As idéias, as de hoje pelo menos, ainda estão na cabeça. As de ontem não sei onde foram parar. Apesar de ser interessante acreditar que escrevo porque me dá prazer, já penso que escrevo quando me sinto sozinho. Apenas mais uma mídia. Estou em algum lugar, que não vem ao caso e neste momento posso estar, ou não, comendo sopa. Prove e me diga o que pensas. Mas vá com calma que a sopa pode estar quente, ou fria, ou não ser do seu agrado. Seja camarada. E lembre-se, é sopa, só sopa, nada mais. Não estrague o seu dia por causa da sopa.
"Quem se vai, ali?
Olha! Sou eu, sob a neve de papel,
que cai de um céu de janelas do ano que foi.
Será que vem alguma carta pra mim?
Mas de quem virá?
O que irá dizer?
Que surpresa encontrar você aqui.
São janelas feitas de ar, todas iguais.
Qual delas se abre por mim?
Que me vou, por ali,
que fiquei, por aqui.
Que me vou, por ali,
que fiquei, por aqui...
Quem ficou, ali?
Olha! Sou eu, sobre a neve de papel, no chão, ao léo,
folhas brancas, contas, jornais.
Onde estará aquela carta pra mim?
Que me vou, por aqui,
que fiquei, por ali.
Que me vou, por aqui,
que fiquei, por ali..."
stupid.ca é um website de uma orgnaização anti-tabagismo. eles estão com uma campanha muito bem bolada na televisão e no cinema por aqui, e se você é tão anti-cigarro como eu, ou gosta de ver trabalhos muito bons, entre ali e dê uma olhada. o melhor comercial, que mostra uma moça segurando um pára-raios durante uma tempestade na beira da praia não está no site ainda (ou eu não achei) mas os outros também são ótimos.
em tempo, quanto ao nome do site: "fumantes não são estúpidos, fumar é".
O dia começou péssimo... O despertador tocou uma hora antes do que devia, ou seja, seis da manhã. Dormir depois disso, nem fudendo... (Ô educação, tche!). Aí gastei a hora a mais (sente o otimismo...) na cama, mas olhei noticiário, li emails e olhei a previsao do tempo: 'tempestade de inverno, com duração de 24 horas'. O nome assusta, mas até agora não passou de uma garoa gelada e um ventinho de leve...
Bom, daí, as sete, levantei, tomei banho, bebi mais um litro de sulfato de bário pra ir pra tomografia. mas antes eu tinha me programado pra passar na casa de uma amiga que está indo pro Brasil hoje pra mandar uns documentos que tinham que chegar lá antes de mim. No meio do caminho, me dou conta que perdi meu celular. Volto, caminhando, procurando. Acho ele onde: na porta de casa. Ou seja, estava de volta ao ponto de início, e agora atrasado, apesar de ter acordado uma hora antes do que devia...
Daí entrego o envelope, corro pro hospital só com aquele litro de contraste no estômago, atrasado, visto o tal aventalzinho-bunda-de-fora e faço a tomografia. Não, antes preciso beber mais um litro da porcaria, mas pelo menos a boa notícia é que não precisei tomar contraste na veia. (já contei a quantidade de contraste que eles injetam na gente em menos de 30 segundos pra fazer essas tomografias? Melhor nem assustar então...)
Vou pra consulta e finalmente consigo sentar um pouco.
Mas a partir daí ficou tudo bem: os exames estavam bons, a consulta foi tranquila e estou bem. O dia começou mal, mas parece que entrou nos trilhos de novo.
Boa tarde, então.
Está tudo ótimo. Fiz jejum desnecessário para coletar sangue para o meu primeiro controle do câncer. Não precisava. Hoje à noite vou jantar meio litro de contraste para a tomografia que eu tenho que fazer amanhã. E aí consultas com o oncologista e com o urologista. Dia cheio de hospital, na veia...
Ontem trabalhei até as duas da manhã. Sem comer... Cheguei em casa verde de fome e azul de sono. Comi quase nada e fui dormir. Mais dez horas de jejum... Já viu né?
Trabalho saindo pelas orelhas, uma tese encantada que não posso defender - nem ver mais, e um saco do tamanho do mundo pra lidar com esse stress todo dia. Esperar por um e-mail que não vem. Saco, saco, saco!!!
Só isso. Mas quinta feira estou no Brasil! E daí tudo melhora... tudo fica bom... nada que festas de final de ano não resolvam.
Meu Deus, como eu mudei! Fazia meses que eu não botava os olhos lá. Fui dar uma lida. Acho que eu tinha momentos melhores lá, diferentes, no mínimo. Acho que eu queria escrever mais, num meio termo entre isso e aquilo. Pô, agora vendo de fora, até que aquilo era legal.
Estou lendo um livro, que eu não vou dizer qual é aqui, pra não correr riscos. Explico. Comecei o livro, o cara escreve bem tem um estilo que eu gosto, joga bem com as palavras, é criativo. Gostei. O enredo parece bom, a história já me pegou, estou entretido e curioso. Captaram a idéia? Pois bem:
Cena 1.
O livro em cima da mesa do escritório, passa um colega na porta, vê o livro, volta e me diz: Só para te avisar...odiei o final desse livro.
Cena 2.
Eu no metrô, quietinho com o meus fones de ouvido, lendo o livro. Alguém abana no banco do outro lado do corredor. Acho que não é pra mim. A moça ao meu lado me cutuca e aponta a senhora na minha frente. Fecho o livro, tiro os fones, e ela me diz: Esse livro é bom quase o tempo todo, mas o final é muito ruim. Prepare-se.
Como diz a Lya Luft, numa dessas Vejas da vida: "precisamos de mais humor"...
Mas não de pontos finais... Só se vierem assim de três em três, que é pra dar um pouco de 'ar' ao texto...
Pois bem, ontem eu tava meio doidinho, mas aí, fui pra casa, sem deixar de passar uns 45 minutos na academia levantando objetos contra a força da gravidade como se isso fosse uma atividade obrigatória, depois passei em casa - vejam bem, passei - tomei um banho, falei com a Cin pelo 'telefone virutal', tomei uma caneca de sopa que eu tinha feito no dia anterior e fui trabalhar, de novo, turno da noite; já viu, que meu espírito de animado, doidinho, feliz, se converteu em algo que se aproxima mais de um mau humor leve, com pitadas de sarcasmo ácido e uma boa dose de intolerância... e eis que hoje de manhã, depois de constatar em frente ao espelho o belo par de olheiras roxas que me acompanham, tomar meu cafá da manhã, meu banho, fazer a barba, vestir-me, colocar a pasta nas costas, os fones na cabeça, e vir pro trabalho tentando ficar feliz ouvindo u2 a todo volume, chego no escritório e encontro a minha colega de sala tendo um leve chilique - porque mulheres tem chilique - que se traduzia pela falta de resposta ao meu bom dia, seguido de uma cara de quem não comeu, não pode dizer que não gostou, mas mesmo assim está armando um plano pra ir executar o cozinheiro com uma série de rituais de tortura chinesa... não sei o que deu na menina, mas a última frase que ouvi, agora há pouco, foi alguma coisa parecida com "se eu não voltar, manda minhas coisas pelo correio"mas como ela deixou a bolsa aqui, e o mp3 player e as chaves de casa, acho que não vou precisar encaixotar nada pra ela... vai saber... eu como estou é doido pra ir pra casa tirar um belo de um ronco, não vou perder as estribeiras - porque homem perde as estribeiras, não dá chilique - e vou continuar aqui quieto no meu canto tentando fingir que estou sem sono, com saco e de bom humor, porque como diz a Lya Luft, a gente precisa é de bom humor, a gente e o mundo, e de vez em quando, de repente, assim de leve, e com muita parcimônia, a gente precisa usar um ponto final.
Hoje a menina da sopa faz aniversário. Ela me mandou um e-mail tão lindo que eu fiquei sem palavras...
Daqui ha pouco elas voltam. E daí eu escrevo.
Por enquanto: Feliz Aniversário meu amor!
Tudo um saco. Ah, e gente burra... tem cada um que me aparece, que até parece dois.
Fiz as compras de natal, quase todas. Fim da função. Mas ainda devem ter uns dois ou três amigos secretos por vir. E isso vai requerer mais uma saída.
No mais, cheio de trabalho, e com previsão de fazer hora extra hoje. Boooom...
Mais uma, só mais uma: Esqueci de ler o horóscopo hoje, mas imagino que ele me avisa do seguinte: 'Não adie mais aquela ida à lavanderia, suas cuecas limpas acabaram.'
Tô aqui ouvindo o belo longes do Vitor Ramil. Um amigo voltou do Brasil, e bem informado pela menina da sopa, me trouxe o CD de presente. Fiquei muito feliz. Estou aqui ouvindo-o pela segunda vez, já. Muito bom, muito bom. E já que estou falando em CD's, o "How to dismantle an atomic bomb" do U2 é bom pacas! Voltando ao trabalho. Com música. Inté.
Notinha: Coisas pra fazer. Trocar a passagem pro Brasil. Arrumar uma reserva de volta. Tudo isso é um saco. E ainda tenho que renovar meu visto. Tenho só mais 16 dias... a correria me aguarda.
(Sem acento, porque a minha barra de linguagem sumiu...)
Os fones de ouvido que anulam sons externos sao a realizacao de uma coisa que me deixou de queixo caido: 'E possivel comprar silencio, e silencio de otima qualidade.
Incrivel! Para voce ter uma ideia, quando se caminha com os fones anulando os sons externos, do transito e das pessoas e etc, pode-se ouvir o som que o impacto dos seus pes com o chao faz: Dentro do seu corpo!!!
'E simplesmente inacreditavel. Inacreditavel.
Agora vendem silencio.
Imagine a seguinte situação: Você cria alguma coisa. Toda a sua criaçõ tem razões e motivos de ser. Tudo foi muito bem pensado e arquitetado pra ser como é e você confia e acredita que, por n razões, e embasado em princípios empíricos, tudo está como deve ser. Você tem uma obra. Mas a obra, na sua casa, não tem valor nenhum, ela precisa ganhar o mundo, chegar ao conhecimento das pessoas, e então você precisa expô-la. Obviamente você escolhe uma boa vitrine, a melhor, e espera que sua obra seja qualificada para ser apresentada ali.
Acontece que pra ser exposta naquela vitrine, você precisa que seu colegas de profissão, gente que cria obras como as suas, aceitem e concordem com a sua obra. E daí começa o baile. As pessoas pensam diferente, tem crenças e interesses diferentes dos seus. As bagagens de conhecimento são diferentes, e elas percebem as coisas de maneiras diversas. E eis que seus colegas dizem que para mostrar a sua obra na vitrine deles, você precisa mudar uma ou duas coisas. A sua obra fica meio diferente do que você tinha imaginado, mas você está todo feliz, porque acha que vai poder usar a vitrine deles e concorda com as mudanças. Eles olham a sua obra modificada e, vendo que você está muito fim da vitrine deles, sugerem mais meia dúzia de mudanças. Você segue as sugestões, com algumas ressalvas, e a essas alturas a sua obra já esta deformada, e você não vê isso com bons olhos. Eis que eles sugerem um bocado de novas mudanças, assim, na terceira parcela, que é pra não espantar o cliente de cara... E daí você visualiza o que vai sobrar do que você fez e pensa. PQP! Porque cargas d'água eu estou fazendo isso com a minha criação? Aí o sangue ferve, você manda os donos da vitrine às favas e vai mostrar o seu trabalho pra outros, que preferencialmente não tenham essa síndrome de Dr. Frankenstein. E é assim que se parece uma parte do processo para a publicação de um trabalho científico. Um verdadeiro saco, bem dizendo. É a arte de saber quais sapos a gente engole, e quais sapos a gente cospe...
Já que eu parei de me esconder, disfarçado de sopa:
Pai: tá lendo mas não comenta? Pode comentar.
Mãe: não tá lendo? Deixa de bobagem... Pode ler. E comentar.
Márcio: lês ou não lês? se lês, te manifesta meu!
E aos tios, tias, primos e etc que por aqui passam, deixem um oi. Estou achando isso divertido.
Abraços a todos.
Eu queria ir ver La Mala Educacion, do Almodovar, por mais mal que falem do filme. Eu queri ir ver, mas aqui só estréia em Janeiro... fica pra 2005.
Eu queria ir no shjow do Vitor Ramil hoje, no Teatro São Pedro, e queria comprar o CD e o livro dele, A Estética do Frio, porque eu gosto muito do trabalho do Vítor. Fica pra 2005. (Aliás, alguém sabe onde anda a Cris Carriconde?)
Eu não queria ir na festa de abertura do verão no Juvenil. Ia me sentir um velho, e isso eu não quero. Sentir-se velho fica pra 2005 e os 29 anos que ele me trás de presente. (Isso me lembrou uma história...).
Tangiversando, ou: vamos a ela...
Como dizia o programinha na TVE: “Senta que lá vem a história”
Eu, cinco da manhã (mais barato...), com meu amigo Daniel no avião da Gol indo de GRU pra POA. O ‘aeromoço’ aproxima-se da minha cadeira e pergunta: “O garotinho vai querer beber o quê?” e eu, do alto dos meus quase trinta anos saio me atravessando: “Eu aceito uma água sem gás.” Educadamente o ‘aeromoço’ me diz: “Eu estava me referindo àquele garotinho", e aponta o menino de 8 anos sentado na poltrona da janela, "mas aqui está a sua água sem gás.”
Não preciso dizer que eu, o aeromoço, e a mãe do garotinho nos matamos de tanto rir com a cena. E eu fui tratado como "o garotinho" durante todo o restante da viagem. O garotinho mesmo, acho que não entendeu nada.
É minha alma jovem que se manifesta espontaneamente.
E o resto do que eu ia dizer... fica pra 2005. Ou quem sabe daqui a pouco mesmo.
Palavrinha sem ritmo nenhum essa... ritmo. Blergh. Mas vamos com ela mesmo. Eu estava num bom ritmo de trabalho. Bom mesmo. Animado, excitado (a lá inglês) e produzindo bem. Mas dai veio a hora da tal vídeo-conferência mensal. Depois de duas horas na frente de uma televisão, falando sobre um assunto morno, qualquer ânimo se esgota, qualquer ritmo se perde nos compassos, qualquer bobagem assume o controle. Pensei em inúmeras coisas. Pensei no texto que quero escrever pra ler no meu casamento. Pensei num cartão que tenho que escrever pro pessoal do trabalho, que foi tão legal comigo enquanto eu estava doente. Como eu não vou estar aqui no dia da festa de Natal da unidade, vou mandar esse cartão para todos no dia. Acho que eles vão gostar. Pensei em algumas outras coisas, como na insustentável leveza do ser , que na eminência dessa defesa de tese se torna ainda mais insustentável... se é que me entendem. E ritmo, pensei em ritmo, que preciso de ritmo, de batida, de adrenalina. Minha vida aqui longe dela fica morna, e só de pensar que depois do Natal tenho que voltar pra cá, sozinho de novo, já me dá ânsias. Porra, já se vão 23 meses nessa função de vai-e-vem, um pé lá outro cá. E nada disso parece divertido, nem de perto, nem de longe.
Ufa...
Estou de novo na fase meio-almoço, fora da hora de almoço. Isso acontece as vezes comigo. Esqueço de comer, e quando como, estou sem fome. Sempre sobra um resto que eu guardo e como mais tarde. Sei lá porque isso, mas no brasil isso nunca me acontecia, Talvez pelo fato de o almoço ser aquela pausa que todo mundo faz, e sempre se arranja companhia pra hora. Aqui nesse ritmo 'mesa de poker' - "ninguém sai, ninguém sai" - fica fácil esquecer de comer. Mais o café... Ah, o café.
Outra coisa.
Fico pensando a essas alturas quantos dos que leêm isso aqui, liam o outro blog. Será que são muitos, será que são poucos. Quantos me acharam aqui, me descobriram por acaso. Faz meses que nem olho pro contador de acessos. Acho que a busca de audiência não me cai bem. Eu ia ser um fracasso na TV. Ia sair do ar em dois dias. E ainda ia dar de ombros. Quem se importa...
Último.
Último parágrafo. Desse post. Fico dias sem escrever e saio vomitando pensamentos assim. Minha psiquiatra de plantão deve estar se escabelando agora e dizendo (eu conheço ela...): "Se expondo e novo, ele não aprende..." Porque que eu faço isso? A idéia toda de fazer a sopa, de ser o cara da sopa não era poder fazer isso sem amarras? E vejam só, cá estou eu, no bom(?) e velho ritmo. Mmmmpf....
O cara passa três meses sem pisar na academia. Decidido a voltar a forma, reinicia seus treinos de forma ordeira. No primeiro dia nao consegue rir, porque dói a barriga, no segundo não consegue caminhar, porque cumpriu toda uma rotina de pliométricos quando devia ter pego leve, e sente dor em partes das pernas que mal sabia existir. Afora estar se locomovendo como uma tartaruga com artrite, nesse dia ele chega no trabalho e dá de cara com notícias bombásticas já nos primeiro três e-mails do dia, coisas que tem grande impacto na sua vida. Depois de 20 minutos quebrando a cuca, parece tudo mais ou menos solucionado, até que ele descobre que tem que mudar um projeto porque as pessoas da equipe não conversam entre si (ou porque são sacanas mesmo... vai saber). A reunião da hora do almoço é no restaurante do hospital onde hordas de nativos saboreiam coxas de galinha com as mãos por toda a volta. Sem poder olhar para os lados o cara se concentra na papelada e manda a sua salada com atum munido, apropriadamente de um bom garfo. Depois disso tem uma segunda reunião com um 'alien-sem-noção' que acha que a lua é queijo, que seu saco é de filó, que seu tempo é farto (como o dele) e que sua paciência é de Jó. O cara vai embora e você agradece a Deus. Não bastasse tudo isso, na hora que acha que tudo está se encaminhando, o cara derrama uma caneca inteira de café no colo.
O cara só pode ficar de cara.
O cara está de cara.
Ninguém merece.
Eis me aqui novamente. Atolado em trabalho e brindado pela primeira neve do ano já no dia da minha chegada. Quando estou no Brasil, não escrevo, já percebi... Tenho só que me convencer disso.
Não cumpri alguns dos compromissos a que havia me prosposto. Deixei um amigo esperando um contato. Mil coisas pra organizar, muitas festas e pouco tempo me fizeram ficar longe do pc.
Mas agora estou de volta. Cheio de trabalho, o que vai me fazer postar menos. Ou mais. Quem sabe?
Com os pés no chão, a alma alegre e um gostinho do delicioso café brasileiro na boca, aqui estou. Acabo de voltar de um longo e delicioso almoço. As pessoas são muito, muito, muito mais do que a rede mostra. E o contato ao vivo é muito mais divertido. Adoro a rede, mas tem coisas que não passam pelo fio. Foram ótimas horas de conversas, com direito a mico e tudo. (É claro, que o mico foi meu... depois que eu me recuperar, e me desculpar bem desculpado eu conto.)
O tempo esta friozinho e cinzento em São Paulo. Meu computador está louco, não quis se conectar. Estou invadindo a propriedade alheia aqui.
Pensamento 'tecnológico' do dia: Wi-fi é tão bom... quando funciona.
Pensamento 'com os meus botões' do dia: Cadê minha ritalina?
Pensamento 'pensamento' do dia: Conecte-se, mas de verdade.
Quando vou almoçar ali na Chinatown me sinto como se eu estivesse numa grande casa de bingo em que o prêmio por escolher o número certo pode ser um bom almoço, ou não...
Entender o cardápio é mais ou menos como compreender a origem do universo ou os motivos para a existência humana. Para os que tem resposta para estas perguntas, incluo uma metáfora alternativa: seria como tentar entender como foi que o americanos elegeram o Bush.
(Aliás presenciei uma velhinha inglesa imitando o cowboy ao vivo. Foi engraçadíssimo)
Voltando ao almoço.
Pra começar, a gente escolhe o prato que vai comer, pelo número. Como no McDonalds, mas sem figuras. As traduções para inglês dos grafismos chineses, thailandeses ou vietnamitas são tão boas quanto os pratos não-premiados (metáfora do bingo... lembra?). Parece que as 10 páginas de cardápio poderiam ser resumidas em cinco ou seis palavras dispostas em forma de análise combinatória: carne (assim genérico mesmo, porque não dá pra identificar o que é frango, porco, gado ou peixe), massa, arroz e vegetais (muito broto aí minha gente, broto de qualquer coisa que pertencer ao reino vegetal... e puder ser colhida antes de criar talinho.).
E é isso. Voce escolhe uma das combinações de ingredientes e torce os dedinhos. O que quer que seja, virá pra mesa sem tempero. E daí começa a segunda parte do bingo. É como aqueles concursos em que não basta ser sorteado, tem que fazer uma continha pra provar que não é leso das idéias.
Eu explico: a mesa comporta uma travessa com cerca de 372 temperos, na forma de molhos não identificáveis, todos, sem excessão, entre tons muito próximos de marrom avermelhado, mas com sabores completamente diferentes, entre a calda de ameixa que faz revirar os olhos e a pimenta assassina que te mata hoje, te ressucita daqui há pouco e te tortura, mais tarde, no banheiro de casa (pardon madams...). Por exemplo hoje, eu coloquei um molho no arroz que se revelou à base de vinagre! Ficou uma delícia, como vocês podem imaginar...
Porque eu volto lá? Porque eu sou teimos, e tem mais de cincoenta restaurantes ali, eu estou tentando achar um que se salve...
Deveria estar na cama, mas não estou.
Acabo de abrir e ouvir pela primeira vez dois cd's que eu ganhei no natal passado... que feio isso não?
Arrumei o quarto, a casa, lavei roupa, sequei, olhei filmes ('13 going on 30' e para equilibrar 'people I know').
Arrumei o armário. Preparei um prévia da mala. Li dois capítulos de um livro. Li os comentários do blog (Obrigado pelas palavras de todos.).
Sono.
Semana curta, cheia de coisas pra fazer. Parece finalmente o marco de uma vida nova. Não sei porque mas é assim que me sinto. Como que de volta aos trilhos, ou algo parecido. A trilha sonora dessa fase, certamente, é crabbuckit, do k-os. ouve lá e me entende.
Depois coloco a letra ali do lado, mas estou falando mais da música do que da letra. whatever. entra no site e clica no olho pra assitir o video-clip. aproveita e conhece um pouco de toronto. (repara na nelly furtado tocando violão com ele na calçada.)
conversei muito, com muita gente. ouvi gente conversando. vi coisas. pensei. pensar demais nem sempre é bom. 'keep your naivness' disse al pacino numa das cenas do estranho 'people I know'. ele pode estar certo.
buenas. semana de ir ao brasil. bom isso. estou indo sem poder estar indo. mil coisas no trabalho. mas se tem uma coisa que essa doença me ensinou, foi a priorizar. e agora, ir é mais importante. e vai me fazer feliz.
Acabo de voltar da minha última sessão de radioterapia. A felicidade por ter terminado isso é indescritível. Eu sei, eu sei... não terminou, ainda tenho 5 anos de controle pela frente, mas pelo menos o tratamento em si chegou ao fim.
Mais ou menos como um presente pra mim mesmo, vou viajar no feriado e agradecer a colheita (Thanksgiving) na beira da praia. Vai estar frio, mas ver o mar depois dessa guerra toda vai ser bom. Vou pra Halifax com dois amigos, e passear um pouco pela Nova Scotia, a província mais atlântica aqui do Canadá. Saio daqui hoje, e volto sexta que vem. Isso porque vou pra uma conferência em Montreal direto depois do feriado, na terça.
Com um enjoô chato, mas com um sorriso no rosto deixo aqui um até logo. Se der escrevo de Montreal, se não der, mando notícias no final da semana que vem.
O filme do Walter Salles, que eu já vi num desses aviões da vida (o Walter, não o filme, que eu vi no cinema), é um espetáculo. O Gaél Garcia Bernal é um puta ator, e me deixa sempre de boca aberta (Crime do Padre Amaro, E tu mamá tambien, só para citar alguns) e mais uma vez não decepcionou. Grande filme sobre uma grande figura que tomou a bandeira nas mãos e tentou mudar o mundo. Talvez a estratégia não fosse a melhor, mas os ideais sempre serão nobres.
Além disso a visão dos temas de saúde pública daqueles tempos se refletem no meu trabalho até hoje. Me fez pensar muito e me emocionou profundamente. Grande filme.
Mas só uma coisa: como que o Salles conseguiu que um Yankee como o Robert Redford produzisse um filme exaltando as qualidades morais, a honestidade e o grande coração de um aliado, se não o maior aliado, de Fidel?
Campanha da Chanel, o filme mais caro da história da propaganda, com Nicole Kidman. Rodrigo Santoro está muito bem na foto. Agora acho que ele ganhou a mídia internacional de vez.
Naqueles tempos idos, lá distantes e amarelados, vivia-se uma vida um pouco menos corrida e o imaginário infantil parecia mais rico, ou pelo menos tinha mais tempo pra ser bordado nos tecidos da cabeça da gente, e por isso as histórias das crianças daquela época permanecem até hoje. Às vezes penso se as crianças dos dias corridos e tecnológicos de hoje terão, no futuro, histórias tão ricas para contar. Tomara que possam falar de coisas mais vívidas do que chats de internet e joguinhos eletrônicos. Tomara.
Pois bem, Mariazinha era a segunda de seis filhos. Uma família grande, de pai médico e mãe jovem, muito jovem. A Mariazinha vivia feliz, brincava muito, ajudava o pai e sempre, sempre, desde pequena gostou de acreditar. Acreditar em fantasmas, acreditar em discos voadores, imagino até que naquela época acreditava piamente em saci e bicho-papão. Ela acreditava e pronto. Ou melhor, acreditava e agia.
Pois a Mariazinha tinha irmãos e primos um pouco maiores que ela, seus ídolos, e eles sempre ajudavam a menina a acreditar, acreditar era bom e, para os mais velhos, era divertido, já que a pequena menina tomava as próprias providências depois de acreditar nas histórias deles. Pois um dia, o pai anunciou que iam todos a uma festa. Iam todos a um baile, como se fazia muito naqueles tempos, com crianças, inclusive. A festa era numa fazenda vizinha, e o irmão mais velho, Sílvio, vendo naquilo uma grande oportunidade, disse à pequena Mariazinha que aquila notícia era um problema. Dos grandes. Um problemão sim, porque teriam que dormir lá, e o Chico Napa, e sua casa, segundo Sílvio contou pra Mariazinha, tinha um grande problema.
A pobre criança, apavorada com a história que o irmão tinha lhe contado, e sabendo que não poderia evitar a ida à festa, tratou de providenciar rapidamente uma estratégia. Pegou um banquinho de três pés e carregou-o, sob os protestos da mãe e do pai, e sob as risadas disfarçadas dos irmãos, até a festa, decidida que não iria, de modo algum, sentar em nenhum dos sofás da casa, nem tocar nas cortinas, nem pisar nos tapetes. Quanto a dormir nas camas da casa de Chico Napa. Isso é que ela não faria mesmo, nem sob chuva de sapos. Sem chances.
Na festa, Maria se comportou como uma pequena atração à parte. Carregando seu banquinho de um lado para o outro, e sem tocar em nada, nem encostar em cortinas acreditando que assim sairia ilesa daquela tortura.
Mas chegou a hora em que as crianças começaram a ser recolhidas para serem colocadas para dormir num grande quarto, e Maria, apavorada, insistiu que iria dormir sentada, no seu banquinho. Mas não ia ser tão fácil quanto ela pensava. Depois de colocarem todas as crianças na cama, cataram a pequena e resistente Maria, e tentaram colocá-la, aos gritos, na cama. A cena foi muito feia. Mariazinha, uma pequena e magricela meninota de seis anos de idade, esperneando e gritano histéricamente que não iria dormir, que não queria deitar, que não queria largar o banquinho.
Quando finalmente a colocaram a Mariazinha na cama, a situação era a seguinte: a criança, chorando, deitada de costas com os dois braços e as duas pernas levantadas, tentando evitar que o lençol com o qual tentavam cobrí-la tocasse nela. Em meio a soluços de pânico, Maria revelou o segredo que lhe fora confidenciado a todos incluindo os anfitriõesm numa frase inteira que saiu entre muitas lágrimas da pobre menina estaqueada na cama lutando contra o lençol:
ps.:A Maria é a minha avó, que agora está doente, mas que até pouco tempo contava grandes histórias sobre a sua vida e que escreveu diários de quase uma vida toda e da vida de muitos outros, que valem ouro pra mim.
Externas:
Fazem 3 semanas que eu não arrumo meu quarto.
Fazem 3 semanas que eu não lavo roupa.
Fazem 3 semanas que eu não abro toda a correspodência.
Fazem 3 semanas que eu não limpo os papéis que cumulei na minha pasta, e isso significa quase um quilo de papel, com certeza...
Internas:
Fazem 3 semanas que eu tenho ânsias de vômito.
Fazem 3 semanas que eu vou ao hospital todos os dias e falo com as mesmas pessoas sobre os meus enjôos.
Minha cabeça está uma zona. Hoje eu perdi 60 voluntários de um estudo. Perdi as referências, não achava de onde os caras vinham, não sabia quem eram. Revisei 20 arquivos e nada dos caras aparecerem. Depois achei, claro, mas foram minutos de pânico.
Queria ter nascido no tempo das governantas... Será que elas ainda existem?
The Forgotten é a piada do dia! Quase me mijei de tanto rir com aqueles efeitos. Tudo muito demais. Das caras da Julianne Moore ao resto todo. Só pra não estragar o filme pra quem quiser ver, vou repetir o comentário que ouvi esses dias: acho que trocaram os finais do The Forgotten com o The Village. E olha que eu adoro as estorias do Mulder e da Scully, mas o roteirista do The Forgotten chutou o balde. Looonge...
Ontem comprei 3 dvds. Era uma promoção, três títulos ficavam baratinhos, sete mangos cada. mas tinha que levar três. Comprei a primeira temporada do Simple Life pra rir de novo. Comprei Jogos, trapaças e dois canos fumegantes. Filmão. E comprei uma bomba chamada monte pyton e o sentido da vida. Argh... não sei como aguentei olhar até o fim. Achei que estava levando algo no estilo do clássico o cálice sagrado, mas nada... é uma bomba de tão ruim. A sequência final então, no restaurante me fez ficar mais enjoado do que já estou. Estou passando adiante...
E agora, senhoras e senhores, me preparo pra mais raio! Lá vou eu...
Sou meio criança quase o tempo todo. Disfarço um pouco, sempre que necessário, mas em geral não escondo muito isso não. Acho que por isso acabo enfrentando algumas coisas na vida como criança, ignorando o perigo, achando que não é nada muito sério, mas isso já outro assunto. (Que tem a ver com o modo como as crianças pequenas lidam com o câncer por exemplo, imunes ao medo que nos é ensinado com o passar dos anos.)
Não era disso que eu queria falar.
Ontem fui no circo. Um dos meus sonhos era esse, ir assitir ao vivo a um espetáculo do Cirque du Soleil. Por incrível que pareça, mesmo sendo um circo canadense, não existem espetáculos fixos aqui, apenas em Las Vegas e Orlando, então a gente tem que esperar o circo chegar na cidade.
Pois o Circo chegou com o espetáculo Alegría. Não sei se tenho palavras pra descrever o que se desenrolou em frente aos meus olhos. Por fora é apenas um circo, com lona e picadeiro. Por dentro é um espetáculo dos mais lindos que eu já assisti. Tínhamos ingressos ótimos, na primeira fila, e podíamos ver cada detalhe com perfeição. E posso dizer que tudo é incrivelmente bem feito, perfeito. Das expressões dos artistas à música, ao vivo, com uma cantora com um vozeirão daqueles que chega a te fazer parar de olhar para o picadeiro para vê-la cantar.
O espetáculo te deixa boquiaberto, faz e rir e faz chorar com o palhaço triste, que perde seu amor e chora sob neve ao ler o bilhete de despedida. Sim, cai neve e sopra uma ventania impressionista dentro da lona do Cirque du Soleil. E a platéia de boca aberta. Extasiada.
É um circo de grandes artistas, altamente teatral, lindo e muito técnico sem ser tecnológico demais. É um circo feito por gente e que faz a gente ter orgulho de ser gente e acreditar que o mundo tem solução. Perfeito. Quando puder, não perca a oportunidade de vê-los.
Conversavamos qualquer dia desses sobre como é melhor ser burro mesmo, não saber das coisas, porque isso evita um monte de sofrimento. Tem gente que passa pela vida assim, sem sofrimento, sem envolvimento, sem comprometimento, por pura ignorância.
A pergunta é: é melhor ser assim mesmo, ou é melhor saber das coisas, mesmo que com isso venha todo aquele sentimento de impotência que permeia as mentes de todos os que entendem e consequentemente sabem das suas limitações?
Como seria viver como uma carpa num lago congelado, adaptada ao ambiente frio, sem ver nem ouvir nada do que se passa na superfície, vendo apenas resquícios da luz do dia ou do brilho da noite através da espessa camada de gelo que recobre o seu mundo?
O que acontece, pelo menos como eu vejo, é que a gente quer tudo que tem de bom na vida, e querendo saber mais sobre o que tem de melhor na vida, luta contra o filtro de ignorância que poderíamos ter escolhido manter em algum momento da nossa vida, caso soubessemos como era viver entendendo.
Complicado?
É disso que eu estou falando...
"(...) a koi in a frozen pond."
rem - imitation of life
Acabei de achar minha bola de gude de estimação. Andava perdida há dias e achei ela no fundo de uma gaveta. Metáforas da vida...
Tô com dor de barriga, mais um sintoma dos raios que me partem. Os raios que se partam... Hoje o oncologista me disse que a dose de radiação que eu estou levando é bem baixinha. Aha...
Pegou fogo no prédio onde trabalho. Evacuamos (e eu com dor barriga) o andar. O fogo não queimou quase nada, só um pedacinho do porão. E eu com dor de barriga.
Minha bola de gude está aqui agora, me olhando. Pequenas felicidades do dia-a-dia.
Pergunta: vocês já viram o tamanho da língua do Pug?
Acabo de ver que as estimativas de produção ilegal de pinga no Brasil, segundo o ministério da Agricultura, lá nos idos de 1996, era de cerca de 1 bilhão de litros por ano. Isso dá cerca de 3 litros de álcool puro (100% mesmo) por cabeça, por ano (isso contando só os viventes em idade "i"legal pra beber) . Ou seja... o povo se acaba mesmo. Essa contagem se soma aos cerca de 5 litros por cabeça calculados a partir da produção legal de bebidas alcóolicas no Brasil e não conta a imensa produção de "vino"ali de "Cassias", "Bento" e arredores e de "malzbier" ali dos "alemon" mas de baixo da serra...
Isso me lembrou Ary Barroso e a memorável composição Na Batucada da Vida, lá nos anos trinta... que diz muito do que acaba sendo mostrado pelos dados epidemiológicos... é a arte retratando a vida.
Um país que tem Luana não precisa de circo. A mulher é uma atração mutante e infinita. E o Duek ainda acha que ela é uma boa garota propaganda pra sua marca. Ele devia estar bêbado quando disse sim. Ou quer cometer harakiri mesmo. Vai acabar se enforcando com um jeans de 280 reais.
Das coisas que me fazem feliz, esta é uma das primeiras da lista. Estou falando de coisas, não de pessoas, ok? Então entre isso e qualquer outra coisa, vou preferir isso. Se me pedirem pra escolher entre nunca mais comer uma pizza e isso, vai-se a pizza. Entre convites ilimitados para festerês animados e descolados, cheios de gente bacana e música legal e ter que abrir mão disso para todo o sempre, vou passar os convites. Obviamente. Entre um livro bem escrito e isso, apesar de eu adorar livros bem escritos, vou escolher isso. Um chef cozinhando na minha casa três vezes por semana e isso? Fico com isso. Entre todos os livros de fotografia já feitos e isso, vão-se os livros. Com uma dor no coração, mas vão-se. Brinquedinhos eletrônicos, maquininhas, computadores... Penso mesmo, pondero, e passo a bola. Não vivo sem isso. Sou viciado nisso. Isso faz meu dia feliz, limpa minha mente, me leva pra longe da realidade (que muitas vezes é tão boa, não entenda isso como uma reclamação). Isso é a minha droga e acho que em poucos momentos me sinto tão absorto. Isso me fascina e eu agradeço infinitamente a genialidade de Auguste e Louis Lumiere. Merci monsieurs!
Eu sou um inconstante irremediável. Um planejador inconstante. Triste sina. Uma hora quero mudar o mundo, faço planos, me armo e vou a luta. Na primeira esquina já me distraio e esqueço o que estava indo fazer. Me perco na primeira conversa animada, na vitrine colorida, na banca de revistas. Compro alguma coisa que não preciso, esqueço minhas armas no jardim da senhora simpática que me ofereceu um chá de marcela pra curar meu enjôo e quando dou por mim, estou fazendo uma lista de compras pra um jantar que acabei e organizar depois de receber um telefonema de um amigo. Mudar o mundo? Isso! Era isso que eu ia fazer!
Sou um empolgado de plantão. Acho que essa é a melhor definição. A incostância é uma mera interpretação despretenciosa dessa empolgação ligeiramente impulsiva. Eu faço uma coisa, estou feliz ali, vem alguém e me convida pra fazer outra, me diz meia dúzia de palavras sedutoras e eu vou. Achando que aquilo é a melhor coisa que poderia ter me acontecido. Até finalmente a realidade me chamar num canto e me dizer entre dentes: ''Ei amigo... lembra dos seus planos?"
Com os anos tenho aprendido a me domar, a me controlar ou a me podar, como preferirem. Aprendi a conviver comigo mesmo e a voltar atrás, o que é muito importante pra um cara cabeça dura como eu. Acho que viver faz a gente aprender a se entender. E quem se entende funciona melhor.
Coisinhas:
Ando desconfiado do orkut
Tô achando comida indiana muito boa.
Acabei cercado de gente muito legal, e isso me deixa muito feliz.
Os enjoôs estão bem menores.
Ainda sim, tive um verão de planos, sustos e mudanças. Terei um outono de enjôos, mas espero que o inverno venha de mansinho e não me prepare mais nenhuma. Acho que 2004 já está de bom tamanho, não?
sobre o título: sou eu, de novo quebrando a promessa de não escrever mais sobre mim.
Entre uma idéia e outra, me parecia que aquela doença era meio que uma piada, uma brincadeira. Nada mais do que isso. Até o dia em que os malditos raios começaram... O que parecia ser inofensivo, invisível, incolor e inodoro, em verdade não tinha nada a ver com água ou ar. Era uma coisa ruim, que apesar de estar ali por um propósito bom me fez pensar, pela segunda vez, que eu estava realmente doente. Depois das boas semanas quase sem pensar em câncer no Brasil, agora me sinto um caco velho. Um caco velho fraco nauseado, tonto e com ânsias de vômito que não me deixam nem pensar em comida. Malditos - benditos - raios!
"Naquela tarde ela prometera a si mesma chegar ao escritório mais cedo. Apesar do porre da noite anterior, e também por causa dele, ela queria passar no salão de beleza para fazer as unhas e dar um trato no visual. Não era o estilo dela, mas ela achava que a ocasião merecia. Naquela tarde o coordenador da nova campanha de marketing da famosa grife de jóias seria finalmente nominado e ela estava ansiosa. Ela queria aquela conta, apesar de não gostar do estilo pesado do produto que o cliente vendia. Ela dizia que isso não vinha ao caso, como quem tentasse convencer a si mesma, de que aquilo era um mero detalhe, e que por mais que eles estivessem acabando com materias nobres e transformando-os em horrendos ornamentos, eles ainda eram nobres. (O que significava: passíveis de serem derretidos e transformados em coisas mais belas.) As peças eram todas enormes e não era a toa que custavam uma fortuna, apesar do exremo mau gosto, fruto dos exageros que viraram marca registrada da estilista da grife. Ela queria aquela conta, afinal, ia rolar uma grana considerável e os anúncios da nova campanha já estavam planejados para os melhores outdoors de Nova York, Paris e Tókio e páginas e páginas nas melhores revistas do mundo. Ela estava segura de que a vez dela chegara e de que o sucesso estava lhe chamando para dançar. Do alto de suas botas altíssimas, vestindo um terno preto discreto e com o cabelo preso ela se sentia saída de um comercial de refrigerante diet, daqueles onde mulheres precisam provar que podem e que sabem. Não era essa a intenção, mas entre as opções que ela tinha, essa lhe pareceu a melhor.
A reunião prometia ser breve e o coordenador seria anunciado pelo diretor da agência, que mostraria o projeto de abertura da nova campanha, desenvolvido pelo candidato escolhido. A peça que ela havia desenvolvido, com uma cena que ela mesma tinha produzido e fotografado, mostrava um enorme colar de diamantes, de valor inconcebível, sendo admirado de forma semi-proibida, por um pequeno quinteto de freiras, às escondidas, numa sala escura de um convento distante. Era uma foto bonita e contrastante, com uma iluminação impressionista e com o ar controverso que tinha tudo para conquistar o cliente, o público e levar a conta. Quando olhava o seu anúncio ela imaginava as cinco freiras orgulhosas do seu talento, orando por ela.
A reunião deveria começar as cinco horas em ponto. A sala estava clara e os representantes das quatro equipes de criação estavam presentes, assim como o cliente e a direção da agência. O clima era de festa, e para ela mais ainda, já que estava confiante de sua capacidade. No momento em que o anúncio vencedor foi apresentado ela precisou manter a compostura e a pose por muito mais tempo do que imaginava. O seu senso crítico era aguçado demais e aquilo estava lhe colocando no limite. A montagem do anel de diamantes sobre uma nuvem de algodão num céu matinal lembrava mais um anúncio de cream-cheese do que qualquer outra coisa. Era horrendo como as jóias que o cliente queria vender para meia dúzia de bilhardários e ela não sabe de onde tirou a cara de pau para sorrir com simpatia ao ver aquela obscenidade. O protocolo necessitava que todos aplaudissem, e que, sorrindo discretamente, concluíssem que a autoria do anúncio era do único colega que não fizesse o mesmo. Quer dizer, que não aplaudisse e que sorrisse desbragaladamente. O mistério logo foi revelado, e ela precisou de mais fibra do que imaginava ter para continuar aplaudindo a jovem, recém-formada, e já podre de rica, filha do diretor da agência. Ela só conseguia pensar nos 15 minutos que a menina de 21 anos devia ter perdido na frente de um editor de imagens fazendo aquela montagem tosca inspirada num comercial de fraldas descartáveis. A raiva tomou conta dela. Mas ela continuou sorrindo, cumprimentou a herdeira da agência com um aceno e uma gentil flexão com a cabeça. E aguardou ansiosa o fim daquela tortura. Ela queria mostrar a todos o seu anúncio, ela sabia que era o melhor, ela estava possuída por um sentimento de injustiça e naquele instante parecia que todo o seu trajeto profissional não levara a nada. Enquanto olhava aquele anúncio, ela imaginou as cinco freiras do seu anúncio chorando, sapateando e se auto-flagelando de tanta raiva, por ela. Ela imaginou a colega de trabalho de fraldas, presa numa solitária de um convento distante, incomunicável, de castigo por toda a eternidade, sem poder ver nuvens ou comer cream-cheese. Ela se sentiu mal por estar imaginando tudo isso e resolveu fazer o que sabia fazer melhor. Na primeira oportunidade levantou-se educadamente, pediu licença com toda a graça e educação que os anos lhe deram, e retirou-se ornamentalmente, como quem não se importa e já esqueceu o que se passou e tem mil outras coisas a fazer.
Sentada no seu escritório, chorando de raiva, ela imaginou as cinco freiras rindo da cara dela com um ar malévolo, e resolveu tomar uma atitude."
Tudo Bem. Tudo Bom. Porto Alegre é sempre assim. O inverno parece que já se foi e essa semana vai ser curta. Entre outras coisas percebi que nada muda por aqui enquanto a gente está fora. Não que nada mude, mas nada significante, nada muito muito importante. Em geral, a gente consegue se manter informado e não volta parecendo um alien. Mas isso já é informação em excesso.
Concluí que prefiro escrever ficção, então isso aqui vai ser menos um diário e mais um livro aberto mesmo. Mas não o livro da minha vida. Lembram daqueles dois primeiros textos de uma história que eu escrevi e publiquei aqui há algumas semanas atrás, dos dias 16 e 18 de julho? Acho que vou continuar essa história logo. E de repente surgem outras. Conclui que a realidade é legal mas não precisa ser pública. E quem não gostar... azar.
Sabe aquelas pessoas boas de quem eu falei ali embaixo, no post em que eu contei que tinha recebido o diagnóstico de câncer? Pois é, hoje faleceu, vítima de uma leucemia linfocítica aguda, uma amiga da menina da sopa.
Ela foi uma grande pessoa, médica de sucesso, que ajudou muitos casais que não poderiam ter filhos a realizar seu sonho, através de técnicas de fertilização.
Nos poucos contatos que tive com ela pude perceber que ela era uma daquelas pessoas essencialmente do bem, que irradiam bondade por onde passam. A menina da sopa gostava muito dela, e eu sei que ela deve estar muito triste.
So you got here through the new blogger toolbar?
I really like how it looks, but unfortunately I am not very kin of the fact that people will drop by the blog by chance... I am too shy for that kind of encounter with strangers.
And besides, although I could, I do not write in english (except for now).
Half the people will be guessing what language is this, the other half will not even bother.
Nevertheless, may I ask you something? What was your first thought when you got here, by chance?
Ganhei um mes de folga até iniciar a segunda parte do tratamento. Segundo os médicos é prudente esperar e não há necessidade de correr. No meio tempo repito alguns exames e me preparo para o que vem por aí, ou seja, vinte sessões de radioterapia. O oncologista me deu a opção de fazer dois ciclos de quimioterapia, mas eu e o urologista achamos que é exagero... sei lá. Mas se dá pra matar as células malvadas e meia dúzia de inocentes com um raiozinho, de longe, pra que jogar uma bomba nuclear no continente todo e deixar todo mundo meio capengo... né?
A notícia boa é que vou conseguir ir ao Brasil conforme planejado. E isso é bom. Muito bom.
Seguimos na luta. Com aquele medinho me mordendo os calcanhares, mas com uma cara de doido-alegre, que quando diz por aí que está com câncer, ninguém acredita. Este sou eu.
ps.: as pessoas ficam tão boazinhas quando acham que a gente vai morrer. it's a kind of magic... vindo de certas pessoas chega a ser engraçado, com todo o respeito.
Entre outras coisas, o sentimento que mais me atormenta nesses dias 'e a ansiedade. Aqui, caberia um palavrao dos bem cabeludos, mas vou me conter... 'E uma ansiedade gerada por cada simples detalhe do dia da gente. Um misto de medo e nervosismo, que quando reduzido se revela como a mais pura ansiedade. Por exemplo: depois de 15 dias tomando narcoticos para controlar a dor, cansado de andar feito um zumbi, resolvo suspender a medicacao. No dia seguinte retorno ao trabalho, sob uma enxurrada de tarefas atrasadas e demanda de pessoas que ficaram esperando por mim. Resultado, no fim do dia estava morrendo de dor de cabeca. O pensamento instantaneo foi o seguinte: eu tenho cancer, eu nao fiz tomografia da cabeca, se eu tenho dor de cabeca isso quer dizer que eu tenho uma metastase cerebral! Grande ajuda que eu me fiz com essa logica imbecil e fatalista... so criei mais ansiedade.
A cada barulho que a minha barriga faz eu penso que deve ser meu intestino se rompendo ou meus rins dando a ultima filtrada da vida... uma M... ficar pensando demais. Pelo menos sob o efeito dos narcoticos eu passava meio adormecido o tempo todo.
Hoje subi na balanca e vi que estava perdendo peso. momento de panico em que eu penso: deve ser o tumor, que ainda esta em algum lugar, competindo com meu organismo por nutrientes... eu lembro bem, os tumores fazem isso. 'e uma das primeiras perguntas que eu oncologista te faz quando comeca a investigar metastases. Demorou um pouco para me dar conta que eu nao estou comendo direito e que ontem por exemplo, meu dia nao passou de shake pela manha e uma salada as 4 e meia da tarde... porque sera que eu perdi peso? Daaaa... regula essa ansiedade meu velho!
Acho que um ansiolitico ia bem... pra qual dos vinte psiquiatras que eu conheco eu vou pedir arrego? Brincadeirinha.
Vamos em frente. Amanha, dez e quinze, tenho consulta de novo. Radioterapia, aqui vou eu.
A Menina da Sopa teve que ir embora. Muito trabalho no hospital, gente esperando por ela, pessoas cobrindo turnos e atendendo pacientes por ela. Foi melhor ela voltar e reassumir essas coisas todas, porque a vida não pode parar. As notícias de sexta-feira não foram ruins, mas também não foram as melhores do mundo. Eu já sabia que precisava estar preparado para isso e então vamos em frente. Preciso repetir alguns exames, fazer outros novos e iniciar a radioterapia. Amanhã acordo cedo e volto pro hospital. Agora, com o estadiamento do tumor e a tipagem chega a hora de tomar as decisões, escolher os tratamentos, ponderar, pensar, considerar e acreditar. Acreditar na equipe médica, em mim, e em Deus, que nunca nos deixa na mão.
Pretendo voltar ao trabalho amanhã também, já que estou mais ágil e móvel depois de alguns dias me arrastando por aí achando que os tais pontos na minha barriga iam se abrir se eu respirasse muito alto. Preciso voltar ao trabalho para parar de pensar nisso todo dia, o tempo todo. Preciso também porque tenho muitas coisas a fazer, trabalho me esperando e pessoas que dependem do meu trabalho para seguir os seus próprios afazeres.
Boa semana a todos, e por aqui eu sigo em frente nessa luta. Sempre. Obrigado pela companhia.
Estou melhor, bem melhor. Sentado como índio, até nem sinto muita dor. Mas caminhar ainda faz com que eu me sinta como um velho de oitenta e cinco anos, com artrite reumatóide em estágio avançado. Mas não é isso. Sou só um cara de 28 anos que encarou (está encarando) um câncer, armado até os dentes.
Todo mundo acha que a cirurgia é feita ali mesmo, naquele lugar, lá onde o tumor está, mas isso não é o protocolo já que a cadeia linfática testicular fica localizada no abdômen e a cadeia linfática da bolsa é outra, que deve ser preservada de incisões que podem espalhar células tumorais por outras áreas. Então, saibam que eu tenho um corte na barriga, lá bem na área infra-abdominal, de cerca de 8-10 centímetros, e é por ali que o cirurgião urológico acessa a área, biopsia o tecido e remove o tumor. O tal corte, de pequeno tem só as medidas, já que dói um bocado quando eu faço qualquer coisa que não seja permanecer em inércia absoluta.
Prometo, assim que melhorar, e assim que tirar esse elefante das minhas costas (notícias sobre metástases, radioterapias, quimioterapias) na sexta-feira, que eu volto a escrever com um pouco mais de ânimo.
Por enquanto, agradeço as visitas, os abraços, o carinho de todos. Agradeço profundamente a torcida, que eu sei que foi forte e que tem grande mérito em tudo de positivo que se sucedeu até agora. Beijos e abraços a todos e até logo.
Bom, começando pelo começo...
Essa foi uma semana que, sem nenhuma dúvida mudou a minha vida.
Às vezes a gente acha que a vida é boa, que as pessoas são felizes e boas, que algumas pessoas são más, mas e que as pessoas más acabam levando a pior, no fim das contas.
É conveniente a gente achar isso. Muitas destas coisas são verdade, a verdade mais pura. A vida é realmente maravilhosa, o maior presente de Deus para cada um de nós. Os amigos, o amor.
Achar que o mau-caratismo não leva ninguém adiante, achar que tudo na vida tem uma consequência e acreditar piamente que a vida é um eco é bom. E a vida é um eco, mas é eco de vida, eco de energias, eco de coisas boas, não é eco de coisas ruins. Mas consequências ruin, coisas desagradáveis, acontecem para pessoas ruins e para pessoas boas, você já deve ter observado isso.
Tudo na vida, tudo mesmo tem um lado bom, sempre. A diferença está em como a gente encara os probelmas. Acreditem nisso. Eu constumo viver a vida assim, vendo o lado bom, fazendo piada com as atribulações, rindo da desgraça. É o meu jeito, sou assim. Sei que muitas pessoas gostam de mim, sei que outras não gostam, mas isso não estraga mais o meu dia como estragava antigamente. E agora, eu não estrago meus dias mesmo. Quem me conhece - ao vivo, ou um pouco melhor pela internet sabe disso. Sabem que minhas crises de mau humor são passageiras - se dissolvem em minutos - sabem que eu tenho essa mania irremediável de achar graça nas coisas mais bestas e de rir o tempo todo, como um bobo.
Certamente a minha característica mais marcante é o sorriso sempre pronto, gratuíto e às vezes até inoportuno. Meus amigos hão de concordar comigo nessa.
E é isso que eu sou, um cara positivo demais, que sempre acha que tudo vai dar certo e que mesmo nas crises consegue se centrar e ver uma oportunidade, ou, quando isso não é possível, um cara que consegue acreditar que vai passar, e que com toda crise vem, pelo menos um ensinamento.
Claro que eu sou assim agora, mas antes eu já sofri, já me escabelei, já me deseperei. Mas com cada crise eu aprendi um pouquinho, e de pouco em pouco fui formando o cara que eu sou hoje. Acredito que quando a gente aprende algo, sejá lá como for, qualquer sofrimento vale a pena. E vale mesmo.
Nos últimos dias eu tentei várias maneiras diferentes de dizer isso que eu tenho pra contar para vocês hoje, para diversas pessoas diferentes, de diversas maneiras diferentes, mas sinceramente, ainda não encontrei um jeito fácil, simples, conciso e tranqüilo. Simplesmente não dá. Acho que não tem jeito bom. E não dá por um motivo simples: pelo estigma que essa doença tem. Sim, uma doença. Vocês devem estar pensando o que será e eu não vou fazer mais rodeios pra dizer que eu, aos vinte e oito anos de idade, estou com câncer.
Eu sei, eu mesmo, que já sei da notícia há exatos seis dias, quando reli o parágrafo acima me assustei... mas respirem fundo que o susto passa.
E eu estou me sentindo bem, e saibam, desde agora, que eu não vou morrer. Eu sei disso e Deus sabe disso. Essa doença me escolheu, e me chamou para a briga, e como não sou covarde, eu vou encará-la. Tanta gente já encarou, tanta gente continua lutando, tanta gente ainda vai lutar contra ela. E assim é a vida. A vida, ouviram?
Sempre que se fala a frase "eu tenho câncer", as pessoas ficam chocadas, mudas e atônitas. É inevitável. Mas eu não quero reagir assim, e não vou pensar em câncer como alguma derivação da palavra morte. Eu quero sim, que cada um de vocês entenda, assim como eu entendo, desde agora, que câncer não é sentença nenhuma. É uma luta, isso sim, é uma barra, isso sim, mas não é morte. E não vai ser dessa vez. Vocês vão ver.
Lance Armstrong, o ciclista que hoje mesmo venceu o Tour de France pela sexta vez, de forma inédita, é um sobrevivente de câncer assim como eu. Sim, um sobrevivente. Lance acredita que a partir do momento em que você é diagnosticado você passa a ser um sobrevivente, e é assim que se ganha essa guerra. Com certezas, certeza de que você vai sobreviver, com confiança e com uma coisa que eu tenho de sobra: otimismo. (E claro, uma ótima equipe médica.)
Me inspiro também numa amiga que há anos luta contra isso e tem vencido, a cada dia essa batalha. A força, a perseverança e o otimismo dela agora fazem mais sentido para mim e eu me orgulho dela ainda mais do que me orgulhava antes. O nome dela é Paula e quem a conhece, sabe como ela é uma vencedora. A Paulinha também é uma sobrevivente. E é um grande exemplo prá mim, hoje, ainda mais.
A segunda coisa que veio de aprendizado, já agora, é consequência direta do resumo que a gente faz da vida da gente quando sabe que tem câncer. Porque inevitavelmente, depois do choque e de alguns questionamentos que se faz movido ainda pelo medo, a gente acaba olhando para trás, buscando as pessoas, pensando na família, nos amigos, nos amores. E daí a gente aprende a fazer a pergunta certa e única.
"E se eu sobreviver, qual é a minha finalidade na vida?"
E desta pergunta advém todas as novas posturas, e surge um novo cara que sabe que tem muito a aprender com cada uma das pessoas que passam pelo seu caminho. Aprender e ensinar. Mas muito a aprender. E eu vou aprender com o câncer, eu sei. Depois do momento em que eu recebi aquele diagnóstico nasceu um outro cara, e esse cara é o guerreiro que vai enfrentar tudo isso.
Eu tenho um bocado de coisas a encarar a partir de agora, e não sei dizer se estarei mais ou menos presente aqui no blog. Mas eu, como já disse, estou pronto pra essa guerra e já me considero vitorioso: por estar fazendo as coisas certas, confiando num desfecho bom e tentando tirar o melhor aprendizado de tudo isso.
E eu vou acabar o post com mais um trecho traduzido (versão livre) da biografia do Lance Armstrong, que está sendo uma grande inspiração pra mim nesse momento, principalmente porque ele teve, há oito anos atrás, o mesmo tipo de tumor que eu tenho:
"Quando ela ouviu a sirene do alarme de incêndio e abriu os olhos, o arrependimento lhe bateu. Ela tinha ouvido um estrondo algum tempo atrás e percebera que o calor lhe fazia suar em bicas em meio aos lençóis que ainda teimavam em cobri-la, mas ela não imaginou que o estrondo fosse ali, na casa dela. E também não se ocupou de questionar o calor excessivo que fazia naquele dia de Janeiro, em que a neve se acumulava lentamente na pequena janela que trazia o pálido sol da tarde atá a sua cama.
Ou não deu atenção o suficiente.
Sem coragem de olhar para o relógio ela levantou da cama e saiu recolhendo as roupas espalhadas que formavam uma trilha até a porta de entrada da casa. Durante o trajeto ela começou a pensar - com os poucos neurônios que agora acordavam - que aquele calor todo não podia ser normal. No hall de entrada ela olhou o mostrador da calefação e reparou que a alça do seu sutiã estava pendurada ali, e mostrava que mais uma vez ela tinha chego em casa com frio e mudado a regulagem da temperatura, transformando a casa numa sauna seca.
A campainha tocou em instantes e quando ela espiou pela fresta da porta e deu de cara com o superintendente, o arrependimento pelos excessos da noite anterior - os que ela recordava, agora, em flashes - se travestiu de vergonha da mais pura. Ele olhou para ela como se já soubesse do que se tratava e solicitou, sem muita paciência, que ela desligasse o sistema de aquecimento que mais uma vez havia causado uma explosão na caldeira do prédio. Ele avisou que infelizmente aquele conserto seria incluído no próximo aluguel dela, conforme combinado, e que esperava que dessa forma ela se tornasse mais atenta. Ficara óbvio, pela cara amassada, os cabelos desgrenhados e a pilha de roupas amassadas na qual ela estava abraçada, que a causa da desatenção era o 'barril' de álcool que ela havia ingerido na noite anterior. E isso que o superintendente não ouvia a performance particular que o Olodum fazia dentro da cabeça da menina, apesar de ele ter reparado que que ela comprimia os olhos numa expressão de dor a cada palavra que ele dizia.
Esta foi, segundo ela mesma, a pior enxaqueca pós-porre em uma sexta-feira. Em Janeiro.
Mas mesmo assim, parecendo uma doida seminua em dia de faxina ela estava linda. Desde pequena ela sempre teve e um charme, uma pose e uma delicadeza que faziam com que mesmo nas situações mais absurdas ela causasse admiração por sua simples presença. Talvez por isso, sempre lutara para mostrar que era profissionalmente competente, e que não dependia do seu visual para conquistar o mundo. Fora para Nova York a fim de mostrar isso,, segundo ela numa terra estranha e cheia de mulheres maravilhosas.
Depois de fechar a porta e desligar a calefação ela reparou no bilhete que ela mesma tinha escrito e colado com fita adesiva vermelha acima do botão da temperatura, no último dia em que a sauna funcionou durante dez horas, vitimando o seu pequeno vaso com trevos que ficava na janela da sala, ao lado da saída de ar, e transformando-o em materia prima para pout-pourri. O bilhete dizia: NÃO AUMENTAR A TEMPERATURA, MESMO QUE VOCÊ ESTEJA BÊBADA DE NOVO! Aquilo já tinha acontecido várias vezes, durante vários invernos. E algumas vezes, nos poucos meses que durara aquele inverno de 2004. Ela chegava em casa bêbada, morrendo de frio depois de ter perambulado sem rumo pelas ruas de Nova York durante horas, nas suas noitadas intermináveis e ao entrar em casa, descordenadamente, girava o botão até a temperatura máxima enquanto tirava o sutiã e pendurava ali no botãozinho. Era como se fosse um ritual. E ela achava a cena sensual, mesmo que estivesse chegando em casa sozinha - como fazia há meses. Ela se imaginava muito independente por poder deixar tudo atirado pela casa,controlar sua própria calefação e pendurar sua lingerie onde bem entendesse. Quando bebia, ela perdia o senso, o bom e o ruim...
Depois de tomar um banho, dois comprimidos para enxaqueca e de organizar a bagunça, ela aproveitou que ainda tinha alguns minutos antes de sair para o trabalho, serviu uma xícara de chá verde e foi colocar a correspondência em dia. Parecia até outra pessoa.
Lembrou que fazia quase um mês que Sam não escrevia e ela estava curiosa pelas novidades de São Paulo. Por algum motivo, mesmo depois de já ter passado dez anos fora, longe dos amigos, ela sentia uma necessidade imensa de manter-se informada sobre a vida de cada um deles. Os amigos simbolizavam tudo que ela tinha de melhor e faziam com que aquela independência conquistada a tanto custo e que ela valorizava com tanta energia se tornasse um pouco mais concreta, um pouco menos solitária e ligeiramente sensata. Sam era a correspondente oficial, e fazia seus relatórios com muito bom humor e sempre gabando-se de não estar fazendo fofoca, apenas relatando fatos.
Enquanto tomava o chá e separava as contas das propagandas, lembrou que estava com trinta e dois anos e esse pensamento fez com que ela parasse de remexer a correspondência e olhasse perdidamente, com um olhar parado e meio fora de foco, para seus cabelos que tocavam de leve a conta do telefone. Lembrou de Sam, dos velhos amigos de quem ela sabia tudo mas que raramente escreviam, lembrou dos novos amigos de Nova York, alucinados, apressados e distantes, lembrou do pequeno hamster, seu companheiro nos primeiros meses na grande maçã, e que ela dera de presente ao menino sueco, filho do vizinho de cima, que lembrava o filho de Sam, que ela nunca vira ao vivo.
Por alguns segundos ela se sentiu melancólica mas quando focou o olhar e percebeu uma ponta dupla num dos fios do seu cabelo, deu um pulo e um pequeno grito histérico com sua voz rouca, e correu desabaladamente para o banheiro para pegar uma tesoura, a solução de silicone e consertar aquele desastre antes que fosse tarde."
"O sinal estava vermelho, o carro parado ali na sua frente parecia que ia derreter-se e sumir, escorrendo pelo bueiro na forma de uma geléia prateada, sob o sol escaldante que se multiplicava nos vidros espelhados dos prédios ao redor. O telefone caiu no chão quando aquela onda lhe atingiu e seus braços perderam a força. A multidão ao seu redor, ansiosa, respirava em uníssono e protestava contra o calor sem dizer uma única palavra. Até falar estava difícil naquele dia. O ar pesava e a visão dos pés tocando o asfalto amolecido era torturante. A madame dentro do veículo parecia alheia ao sofrimento dos pedestres enquanto esperava pacientemente pela abertura do sinal. O tempo parecia parado naquela sexta-feira às três da tarde. A luz verde encheu de alívio a pequena multidão que se aglomerara na esquina aguardando o tempo, que para ele não mais passava, passar. A madame acelerou e desapareceu numa esquina qualquer. Ele ficou ali, parado, sem se dar conta de que o sinal já estava fechado novamente. O olhar fixo no chão deixava transparecer um nada tão grande, um vazio tão avassalador que chegou a lhe fazer estremecer. As pequenas formigas que lutavam para carregar um framento de batata frita em direção a uma fresta na calçada seguiam seu percurso arriscado, entre os pés das pessoas, em seu passo lento. O trabalho dos diminutos insetos negros passou desapercebido em frente aos olhos dele, assim como passou o segundo grupo de pessoas que atravessou a avenida assim que o sinal abriu pela segunda vez. Nem o esbarrão que o executivo apressado lhe deu por acidente, seguido de um automático e desinteressado pedido de desculpas lhe tiraram do transe. Era claro que ele não estava ali, mas ninguém percebia isso. Ninguém percebia ninguém. Ninguém percebia. Cada qual seguia seu passo apressado, seu ritmo frenético de final de maratona. O único objetivo de cada um daqueles seres era terminar a semana e só. O fragmento de batata frita desapareceu na fresta entre as pedras amarelas do cordão da calçada. Ninguém viu, muito menos ele. A dor era grande demais e ele estava fechado para o mundo que seguia. Ficou ali sentindo tudo sozinho, impassível e alheio a qualquer estímulo externo. O reflexo do sol na pintura branca sobre o asfalto iluminava seu rosto inexpressivo. A brisa morna fez com que os cabelos finos que lhe cobriam os olhos revoassem e apontassem o céu, como que num aceno, um inútil pedido de ajuda. O telefone no chão tocou novamente. Não houve reação. A primeira lágrima verteu e desprendeu-se da ponta do seu nariz bem desenhado percorrendo lentamente o ar denso daquela tarde indefinida. A lágrima tocou o solo, evaporando-se no ar em segundos como se a dor de um homem pudesse também ser ignorada pelo somatório de fatores que transformam o cotidiano em algo mosntruosamente arrebatador.
O dia mais triste de sua vida havia chegado e ele não sabia como conseguia manter-se, ainda, de pé."
...muito bem essa tendência (argh) de rua, que mistura um pouco de cultura hip-hop 'over the top' e mais um bocado de exageros e forma uma criatura modelo 'carro alegórico'. A definição apareceu agora (pelo menos para mim) e chama-se 'chav'. Nasceu na Inglaterra pra definir o estilo da classe-média-baixa-branca que é obcecada por marcas, ouro, brilhantes e celebridades... O siteChavScum dá uma idéia da coisa, com fotos das celebridades que ispiram a onda e dos acessórios indispensáveis, como o horrendo boné da Burberry, os agasalhos de plush da Jennifer Lopez e as correntes de ouro. Eu continuo não entendendo, mas pelo menos agora o 'estilo' tem nome...
No site voce pode criar os nomes de seus filhos (?) na cultura chav. Ou seja, se meu sobrenome fosse Smith, minha filha chav se chamaria Melanie Candice Smith, ou Janine lara Smith... dependende quantos click voce da ele te sugere novos nomes. Se fosse menino seria Kevin Keanu ou Lee Keanu Smith. Quem le isso, pensa que eu não tenho o que fazer...
Sonho: sonhei que jogava golfe e quando 'tacava' (?) a bola em direção ao buraco (muito longe) percebi que a bola foi cair numa casa onde caiam todas as bolas de golfe perdidas do mundo... Voces nao imaginam a quantidade, tinha de todas as cores e tamanhos (?) e inclusive bolas que não eram bolas. Eram pequenas estátuas e esculturas.
E um amigo, vivia do aluguel da St. Paul's Cathedral em NYC que uma irmã dele administrava... Isso no mesmo sonho, porque você sabe que golfe é um jogo que permite muitas conversas. Assim como baseball. Detalhe: No meu sonho chovia muito. E eu jogando golf, e aquelas bolas todas... Tinham bolas tao antigas nesse lugar que a dona da casa (onde as bolas caiam) tinha colocados plaquinhas com o ano em que elas cairam ali para as pessoas identificarem as suas. Nonsense total.
Eu estava na casa da praia. Cheguei do trabalho num fim de tarde e `a primeira vista nao encontrei meu cavalo. Depois vi que meu irmao vinha com uma noticia ruim, fiquei nervoso. Meu cavalo estava dormindo e fora acordado abruptamente por algum desavisado. Em consequencia, sofrera um espasmo e estava muito mal. Meu proprio cavalo estava `a beira da morte por causa de uma situacao absurda, algum desinformado que nao sabia que nao se pode acordar cavalos adormecidos. Embaixo da mesa pude ver o pobre animal sofrendo, como se estivesse tendo uma caibra horrivel. Deitado e encolhido ele me observava como quem pedia ajuda desesperadamente mas silenciosamente. O restante da noite foi em busca de ajuda, de um veterinario que entendesse do assunto, de uma solucao para a dor do bichinho ja que a hipotese de sacrifica-lo estava fora de cogitacao. A angustia tomava conta de mim e a responsabilidade por tomar uma decisao definitiva me assolava. A cada nova opiniao, mais claro ficava que a melhor solucao era sacrificar o pobre.
Aos poucos comecei a me dar conta de que eu na verdade nunca tinha dado um nome ao cavalo. Ele era branco, com cascos pretos e postura imponente. Mas nao tinha nome. Depois vi que o fato de o cavalo estar deitado embaixo da mesa, por mais doente que estivesse, era estranho. Adormeci entre esses pensamentos.
Fui acordado pela luz do sol na janela e percebi que estava atrasado para a largada da maratona. Desisti de minhas divagacoes, calcei meus tenis e sai em direcao a largada. Corri os primeiros cinco kilometros sem pensar em nada alem do cavalo e talvez por isso tenha me distraido e saido da rota, tendo chegado na linha de chegada antes do primeiro colocado. Quis disfarcar e fingir que nao estava participando, mas a camiseta com o numero na frente e o logotipo da maratona nas costas me denunciava. Estranhamente eu tinha as duas maos ocupadas. Eu queria largar aqueles objetos mas nao tinha uma mesa sequer ao meu alcance. Comeco a achar tudo muito estranho. Nao consigo identificar o que sao aqueles objetos, talvez pela estranheza que me causem. Alem disso eu nunca tinha corrido uma maratona e acabara de correr minha primeira (ou parte dela) sem dar muita importancia ao evento. Continuava absorto na ideia de sacrificar o cavalo. Olhei para as minhas maos e vi que empunhava um prato de louca branca quadrado e um garfo de aco inox escovado muito bonitos.
Era o que eu precisava. Abri os olhos e consegui entender quase tudo desse sonho cheio de vestigios do dia anterior: Minha corrida diaria, as funcoes do casamento (incluindo as ideias de loucas e talheres...), as decisoes dificeis. O sol que entra pela minha janela e quase me tira do sonho as cinco e meia da manha. So nao achei explicacao para esse cavalo branco que eu nunca tive.
Dia que me deixou cansado, apesar de eu ter feito tudo que devia, incluindo uma excursão noturna - depois de ter ido à academia, lavado roupa e corrido na pista do lago - até a FedEx pra buscar uma encomenda que ia ser despachada de volta para o remetente se eu não pegasse. Mas enfim deu tudo certo e cá estou. Cansado e só colando um texto que eu sempre achei muito verdadeiro e que cruzou o meu caminho hoje novamente. Compartilho:
Você lembra do filme de 95, com os jovens Ethan Hawke e Julie Delpy, sobre o casal que se conhece no trem que vai de Budapeste a Viena? Quem viu lembra dos diálogos fascinantes, da história em tempo real e do compromisso de se encontrarem de novo em Vienna seis meses depois.
Pois bem, saiba que Jesse e Celine se encontram de novo, nove anos depois, em Paris, e agora, mais maduros, nos presenteiam com uma sequência cheia de lirismo, e de variados diálogos pela ruas de Paris. Entre explosões de sentimentos, dúvidas, angústias, idéias partilhadas e memórias eles compartilham com a platéia um bocado de coisas boas, de sentimentos, muitos sorrisos, nós na garganta e até mesmo lágrimas. A história gira em torno das dúvidas e idealizações que cada um fez sobre o outro e que depois de nove anos parecem ter se perdido nas curvas da vida.
Mas será que existem mesmo curvas que nos tiram do rumo? Será que as pedras no caminho nos desviam do nosso destino? Prepare sua caixinha de lenços e e vá ao cinema assitir Antes do Pôr-do-Sol (Before Sunset). Só isso.
TOTALMENTE BAIRRISTA (LEIA COM SOTAQUE DE PORTO ALEGRENSE)
Bah, essa fez o meu dia. Quando o Rib's fechou eu fiquei muito de cara, tri-indignado. Mas agora, via orkut, acabo de descobrir que tem uma comunidade que se chama 'Tributo ao milk shake do Rib´s' e lá na comunidade, meu velho, descobri o ouro do besouro: o milkshake do Rib's ainda existe sim, a máquina da Hamilton Beach, as receitas originais e os mesmos funcionários da loja da 24 de outubro estão lá na zona norte, meio mão de ir, mas o milkshake de chocolate do Rib's vale qualquer distância. Em agosto, quando for a Poa, já tenho uma parada certa. E aos interessados, aí vai:
The Best Food
Strip Center Assis Brasil
Av Assis Brasil 4320 loja 5
Fone: 3340-4055
Horário tele-entrega: 12h às 22h
Tem coisas na vida que não acrescentam nada para a nossa capacidade intelectual, como quase tudo na televisão, mas que muitas dessas coisas nos divertem um bocado, isso é inegável. O seriado The Simple Life 2 com a Paris Hilton & a Nicole Richie é hilário, tô dando barrigadas de tanto rir aqui com as moças. Imperdível. Tô pensando seriamente em comprar o DVD quando sair. Só duas fúteis e vivas no meio da caipirada pra coroar com gargalhadas o meu dia pesadinho. E fico por aqui. Boa noite pra vocês.
Nao e esse o som que a gente ouve quando o telefone ta ocupado? Pois 'e eu to ocupado demais e por isso o blog fica pra depois. Agora dei uma escapadinha e vim aqui pro lado de fora da prisao (sim, estou trabalhando num lugar que parece uma prisao de tao seguro. Nem internet tem ali dentro) pra dar uma olhada na vida, nas noticias e checar os e-mails... E agora, voltando pro carcere auto-infringido.
Fui, finalmente, ao cinema assistir ao documentário. Aliás , esses foram os dias dos documentários com o "tem que ver" Farenheit 9/11 e o imperdível e de utilidade púbica Super Size Me. Talvez porque trata de uma epidemia, tenha me atraido muito, inclusive na forma como foi editado e montado. Mas além do interesse profissional, a película trata de uma coisa que faz parte, infelizmente, do dia-a-dia de muitas pessoas. O cara que se alimentou do lixo pausteurizado que o McDonald's vende ficou doente, engordou quase 15 quilos em 30 dias e entrou em um quadro de esteatose hepática que surpreendeu os médicos que fizeram seu acompanhamento. As análises e opiniões de especialistas em diversas áreas mostram que até o nem tão malvado McNugget está longe de ser algo aconselhável. Aliás, até as saladas (e seus inocentes molhos) estão ajudando a engordar a população. Ele não fala disso, mas depois de assistir ao filme acho que nem as sopas se salvam. Várias informações são muito valiosas e o abrir de olhos sobre o poder da mídia e do marketing (lobby) na decisão que o público faz sobre o que come. Não sei se o documentário já estreiou por aí, mas aconselho seriamente que quem puder assista. A única ressalva é pela técnica que ele brinca que vai usar com seus filhos quando passar em frente a um McDo (versão francesa): ele diz que vai apontar os arcos dourados e dar um soco na cara das crianças para que eles criem um reflexo condicionado de ódio ao restaurante. Interessante e bizarro... no mínimo.
ps.: Morgan Spurlock é o diretor e realizador da experiência reportada no documentário.
Estou de babá de dois gatos. As recomendações eram simples. Tire a areia da caixa, coloque areia nova. Troque a água e dê comida. Não dê comida da lata se não quiser que eles façam cocôs muito moles e fedidos... Obviamente a babá anterior não ouviu as recomendações e não deixou as coisas limpas e ontem quando cheguei na casa eles tinham feito uma competição de luta livre dentro da caixa de areia... e pelo fedor e sujeira ao redor eles passaram os últimos três meses comendo comida da lata...
Quando eu entrei na casa já senti o fedor. Os dois (são irmãos, A Juice Girl e o Jimmy Blue) são bebês ainda e tentaram de cara sair da casa quando eu abri a porta distraído enquanto falava ao telefone. Desliga o telefone, cata os gatos e coloca todo mundo pra dentro de novo. Respira e profere em voz alta um "PQP... que fedor". Os gatinhos estavam com os motorzinhos ligados e ronronavam aos meus pés deseperadamente até o momento em que me encaminhei para a caixa de areia onde a tragédia me esperava. Os dois espertinhos me olharam e se retiraram. Impressionante como os bichanos sabem quando fizeram bagunça e passaram dos limites. De meus melhores amigos passaram a me ignorar durante os 20 minutos que se seguiram, enquanto eu limpava a baderna.
Voltaram bem mais tarde, quando tudo já estava limpo, para brincar mais um pouco e ronronar como nunca antes eu tinha visto. Umas gracinhas. Mas rapidamente se interessaram pela vista da janela e me deixaram ir embora. São gatos, e mesmo quando bebês se comportam como gatos. Hoje à tardinha vou lá de novo. Espero que a bagunça não esteja tão grande. Bom sábado à todos.
Simpática, inteligente, simples. Jogou um jogão de tênis inacreditável e colocou Serena Williams de joelhos, literalmente. Têm só dezessete anos e pediu desculpas à Serena por ter ganho. Ganhou a platéia com as palavras que proferiu com muito bom humor no final do jogo. Grande menina. Campeã de Wimbledon. Número oito no mundo. E só dezessete anos. Quem viu o jogo sabe o que é uma partida saudável, criativa e muito boa de assitir. Bom para uma manhã de sábado. Numa Wimbledon sem Guga, vamos de Sharapova, a pequena Russa-prodígio.
A pergunta tem muitas facetas. Vai de opressora a mágica em instantes. Depende só da gente, de quem ouve. E depende de quando, quando se ouve. Mas depende de mais uma coisa, talvez importante, uma coisa meio indefinida que creio se convencionou chamar de estado de espírito ou ânimo. Mas ânimo tem a ver com alma, 'ânima', e isso não muda. Ou muda?
Quando a gente é pequeno - pequeno em idade, em responsabilidades e expecativas - a pergunta é mágica e a gente nem pensa muito racionalmente antes de inspirar-se e alçar voô a pretensões altamente desconcertantes para o contexto em que vivemos (ou vivíamos) como por exemplo um pequerrucho em Macaé nos anos 50 querendo ser astronauta. E ir morar numa base espacial em Júpiter.
Em outras fases - como por exemplo quando já estamos mais pra lá do que pra cá na direção de um diploma - a simples alusão à idéia de questionar a escolha pode causar em alguns crises de pânico e ansiedade galopante. Mais tarde, no meio da carreira então, quem ousaria, entre uma reunião e outra, ou meia hora antes do final do prazo de entrega de um projeto questionar seus objetivos de vida. Isso é coisa para as férias. Coisas que muitos de nós não vêem ha anos.
Uma vez li - sim, eu estive nas prateleiras de auto-ajuda e sobrevivi para contar - A essencial arte de parar, que fala mais ou menos disso, da necessidade de se traçar objetivos, renovar planos e avaliar percursos. Cogitar a idéia de uma mudança, à primeira vista, pode parecer improvável ou demasiado complicado. Pode até dar medo, mas depois que você deu o primeiro passo as coisas engrenam e as próximas mudanças de percurso serão mais simples e práticas. É como andar de montanha russa: na primeira experiência o frio na barriga e a incerteza assolam a alma e nos demonstram com todos os sinais físicos possíveis que estamos arriscando demais rumo ao desconnhecido. Nas próximas, o frio na barriga continua lá, mas sabemos que vamos sobreviver e que, na boa, o medinho até que é bom.
A pergunta lá de cima até pode ser salgada à primeira vista, mas pode ser facilemte adoçada com um pouco de coragem, um olhar nas nuvens e com aquela parte da gente que nunca deveria se perder por aí: a criança que se permite sonhar, brincar e achar graça na vida.
Cabe aqui dizer uma coisa: eu não sei para onde estou indo e portanto o melhor título para este post, além do que eu escolhi, poderia ser algo do tipo sem rumo, ou vagando, ou perdido e meio... Sei que escolhi o menos direto, o mais neutro, até porque acho, aqui com meus botões que isso não vai dar em nada. Mas pelo menos exercito meu poder criativo e me solto um pouco. Aos interessados no fator gripe de ontem, só para ser um pouquinho objetivo e informativo, melhorei, troquei o medicamento e dormi, enfim, bem. E respirando pelo nariz! A segunda parte do dilema gripe é que não consigo achar um médico de família para mim. As coisas aqui são fáceis e gratuítas mas ainda não consegui achar um médico de família aberto a novos pacientes. Hoje vou tentar mais alguns telefonemas, veremos no que dá.
Vim pro trabalho pensando em duas coisas: na baderna que está o meu quarto (o que requer medidas imediatas) e na ansiedade que tem me consumido nos últimos meses. Ando entre a cruz e a espada e não sei muito bem como decidir e como agir. Aí armo minha estratégia de guerrilha, que mais se parece com um recolhimento eremita. Fico quieto, durmo mais do que o normal e perambulo sozinho por aí pensando na vida. Mas já resovi umas coisas e semana que vem entro em ação.
Mudando de tópico e de humor. (Ah, estou até sentindo uma onda de bom humor com doses de sátira me invadir.) Essa é novidade pra muita gente, inclusive para os que me conhecem ao vivo. Estou de casamento marcado, vejam só. Enfim, depois de anos (muitos) vamos enfir realizar o sonho. Entre as funções todas (convites, listas, músicas, traje (?), flores, igreja, apartamento, etc, etc, etc) minha cabeça anda a mil e mais uma pequena dose de ansiedade se instala, mas essa ansiedade é boa.
Mas pelo menos já estamos com data, igreja e local da festa marcados, convite praticamente escolhido e o mais importante - um bom DJ - já contratado. Em abril do ano que vem troco essa aliança de mão e me torno (se é que isso é possível) um homem ainda mais responsável e respeitável!
E aqui vai a minha coleção de frases de auto-promoção, que se faz necessária para que ela não desista de mim:
Primeiro um aviso: Estarei definitivamente e indefinidamente fora do mercado, uma sortuda que me fisgou há quase oito anos está levando o trofeuzinho (eu) pra casa e encerraremos por aqui o período de test-drive que se prolongou além do esperado.
Após o longo e extenso test-drive ela finalmente aprovou meus dotes culinários (que vai das melhores entradas, pratos principais, a melhor cheesecake da face da terra, e da direito a sandubinhas maneiros e batida de mamão em ocasiões menos requintadas), minha ampla gama de capacidades manuais (desde aquelas importantes, até coisas mais simples como pregar botões, passar roupa, consertar chuveiro, torneira que vaza, vaso sanitário entupido, lavar carro, carregar caixas pesadas, trocar lâmpadas e pendurar quadros em paredes), meus dotes artísticos (escrever lindos cartões em datas especiais e supreendentes bilhetinhos em dias normais, fazer desenhinhos em miniatura nos livros dela, cantar baixinho no ouvido e fazer piada até em velório) e o tudo mais (que é muito importante e de ótima qualidade, aliás).
Essa moça que tem a cabeça no lugar e sabe muito bem ver uma oportunidade quando ela está passando pela sua frente, estará levando para casa um exemplar raro do gênero com todos os itens de série mais os opcionais sinceridade, simpatia, segurança, bom humor e adaptabilidade, isso sem mencionar os atributos físicos (que não vêm ao caso aqui) e a vontade ferrenha de aprender, qualquer dia desses, a deixar a tampa do vaso abaixada.
Além de tudo isso, ela está levando, por mérito próprio, o ítem felicidade eterna, com garantia vitalícia e um estoque de amor infinito.
É isso, e o resto é resto.
PS.: Para os que estão lendo isso e pensando que eu sou um idealista e otimista irremediável tenho só uma coisa a dizer: esse tipo de amor que eu tenho é raro e apenas lamento que vocês não saibam do que eu estou falando, e desejo, do fundo do coração, que um dia vocês experimentem isso.
Voltei, mas meu nariz ficou em algum lugar no caminho. Pelo menos a funcionalidade dele ficou perdida entre uma coisa e outra.
A viagem foi boa, muito produtiva, mas estava muito quente na capital da terra do tio sam. Os procedimentos no aeroporto para quem quer ir a Washington são exagerados e aterrorizantes. Desde a revista de todas (todas mesmo) as malas até a exagerada e desnecessária abertura da bagagem de mão em três oportunidades diferentes.
Washington, continua linda, quem sabe até mais linda do que antes. Deve ser a aura de segurança que se instalou na capital nacional.
Mas depois, já em casa fui assitir ao Farenheit 9/11 e fiquei a fim de ter mesmo afogado o Jorge Moita... e fiquei com raiva do mundo, dos canais de tv e do povinho manipulado que defende o seu a qualquer custo.
No mais, só muito trabalho pela frente, mu8itas saudades da menina da sopa e um nariz entupido que está a ponto de me matar...
"Deadlines meetings and contracts all breached
D-days and structure responsibility
Have-to's and need-to's and get-to's by three
Eleventh hours and upset employees
I want to be naked running through the streets
I want to invite this so called chaos that you'd think I dare not be
I want to be weightless flying through the air
I want to drop all these limitations and return to who I was meant to be
Heartburn and headaches and soon-to-be ulcers
Compulsive yearnings non-stop to please others
I want to be naked running through the streets
I want to invite this so called chaos that you'd think I dare not be
I want to be weightless flying through the air
I want to drop all these limitations at the shoes upon my feet
All wont be lost if I'm governed by my own uniqueness
Stop lights won't work I'll get home sound and safe regardless
Won't deem me had if I'm led by my own rulelessness
My fire wont quell and I'll be harm-free and distressless
Trust me
Line towing and helping expectations up to living
Inside box obeying inside line cutting
I want to be naked running through the streets
I want to invite this so called chaos that you'd think I dare not be
I want to be weightless flying through the air
I want to drop all these limitations at the shoes upon my feet
(...)
I want to drop all these limitations and return to who I was meant to be"
So-called Chaos - Alanis Morissette
* 4 horas de reunião à tarde
* as malas não estão prontas
* se der eu posto de lá (prometo me inspirar: quartos de hotel sempre me inspiram)
O dia mais longo do ano. Céu azul. Duas ou três nuvens sobrevoam calmamente , levadas pela brisa fresca que vem do lago. Meu coração tá apertado e dessa vez eu sei exatamente o motivo. As folhas na árvora aqui em frente sacodem, mas tudo que ouço são os sons secos que vem do escritório, o digitar no teclado e o ventilador incansável e impassível que resfria a cpu. São máquinas, não sabem o que se passa aqui do lado de dentro. O telefone nem toca, esse pelo menos está me poupando nessas primeiras horas. E o sol brilha, como se quisesse me dizer que está tudo bem, que isso passa, que nada mudou, mas acho que hoje que queria mesmo é uma chuvinha, prá combinar mais com minhas águas internas, não derramadas mas transbordando pela garganta naquele nó que aqui se instalou fazem dois dias. O dia vai ser longo, tecnicamente o mais longo do ano, emocionalmente o primeiro de mais uma sequência de arrastados dias seguidos de angustiantes noites. Sim, eu estou soturno e apagado. Coisas que o amor faz com a gente. Mas vai passar. Prá piorar, Dinho Ouro-Preto canta aqui no iPod:"Será que existe alguma razão prá viver assim, se não estamos de verdade juntos.". Vou trabalhar por que a semana, de dias longos, é curta. Quarta pela manhã eu viajo e volto só no sábado. Vou a Washington e se der tempo esgano o Jorge Moita e afogo ele no espelho d'água do Capitólio prá felicidade de todos nós. Quem sabe assim o tempo passa. E como diz a menina da sopa: "daí tu vais aparecer no fantástico!" Porque segundo ela, brasileiro que faz coisas doidas no exterior sempre aparece no fantástico. Ela não é um amor, e ainda por cima espirituosa?
Tem um e-mail em espanhol para escrever, que só saiu com a ajuda da Deise polivalente. Tinha um seminário que foi cancelado. Tem uma análise atrasada e uma correção empacada na mão de uma editora. Tem um sol entre nuvens e um friozinho de leve. Tem um gosto de café na boca e um pouco de fome. Tem um telefonema na espera e uma nova amizade (por pura comodidade) com o responsável pela correspondência que perdeu meus documentos. Tem uma prova do novo cartão de visitas para aprovar e devolver por fax para a gráfica. Tem doze páginas de formulários para preencher aqui e mais umas vinte em casa. Tem um artigo para ler e comentar. Tem um treinamento para agendar e uma mesa hiper-bagunçada para organizar. Tem presente de dia dos namorados (depois de três anos sem passar o dia 12 de junho juntos) pra comprar e cartão para escrever. Tem um pouco de sono e uma xícara de café que ficou gelada porque eu esqueci dela aqui na minha frente. Tem garrafas de água espalhadas pela sala toda, parece que a menina de Sinais esteve aqui. Ah! Por falar nisso tem filme novo do M. Shalalamalayayanlalalayakult saindo. Chama NãoseioqueVille e parece ser daqueles...